28Holly Ackerman, que aspiravam condições melhores de vi<strong>da</strong>. Elas fugiam <strong>em</strong> pequenosgrupos de familiares e amigos s<strong>em</strong> vínculos com organização política, apenas queriam suprirsuas carências <strong>em</strong> uma outra forma de <strong>sob</strong>revivência fora do país. Esse enfrentamento, queaparent<strong>em</strong>ente se apresentava como s<strong>em</strong> grandes pretensões políticas, gerou um fato históricoimportante conhecido como a “crise dos balseiros”, configurando uma ação social de alcanceinternacional, e com repercussões políticas para o governo <strong>cuba</strong>no, porque teve quesuspender, posteriormente à crise, a repressão <strong>da</strong> saí<strong>da</strong> dos balseiros para os Estados Unidos.A proibição anterior de saí<strong>da</strong> do país levou à morte de vários balseiros, resultando <strong>em</strong> umacordo entre Cuba e EUA diante <strong>da</strong> crise migratória. Este pacto previa a devolução dosbalseiros a Cuba, com a permissão aos EUA de fazer<strong>em</strong> inspeção <strong>em</strong> território <strong>cuba</strong>no paraaveriguar denúncias <strong>da</strong> existência ou não de violação dos direitos humanos. Após o acordo,entre agosto e set<strong>em</strong>bro de 1994, 32.385 pessoas se aceleraram na <strong>em</strong>igração <strong>sob</strong> a proteção<strong>da</strong> guar<strong>da</strong> costeira americana. 25 A crise dos balseiros resultou na conquista política por parte<strong>da</strong> população junto ao governo <strong>cuba</strong>no <strong>em</strong> que teve que recuar <strong>em</strong> sua política de <strong>em</strong>igração.Juntamente a esse episódio que acabou por configurar um conflito político entre apopulação <strong>em</strong>igra<strong>da</strong> e o governo <strong>cuba</strong>no somam-se os de ord<strong>em</strong> econômica que afetamdiretamente a planeja<strong>da</strong> economia socialista, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que o Estado se beneficiadela. Na déca<strong>da</strong> de 1990, o intenso movimento de <strong>em</strong>igrantes desencadeou o fenômeno <strong>da</strong>sr<strong>em</strong>essas familiares, que decorre do envio de dinheiro por parte de um contingente humano detrabalho, qualificado e fora do país, a seus familiares <strong>em</strong> Cuba. A dimensão <strong>da</strong> transferênciade recursos privados externos para as famílias <strong>em</strong> Cuba t<strong>em</strong> ganhado relevância, viabilizandoa inserção do país na economia internacional e possibilitando a modernização de ativi<strong>da</strong>des deiniciativa própria, lidera<strong>da</strong> por setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na que estão recebendo aju<strong>da</strong> de fora.A economia <strong>da</strong>s r<strong>em</strong>essas familiares é um fenômeno ain<strong>da</strong> pouco estu<strong>da</strong>do, com<strong>da</strong>dos oficiais de difícil alcance, porém é visível sua contribuição para amenizar o<strong>em</strong>pobrecimento de boa parte <strong>da</strong> população, pois proporciona a entra<strong>da</strong> de divisas para aeconomia, gera investimentos <strong>em</strong> ativi<strong>da</strong>des produtivas que abastec<strong>em</strong> o mercado interno <strong>em</strong>ovimenta um setor economicamente independente do Estado. Como afirma Pedro Monreal,economista <strong>cuba</strong>no residente <strong>em</strong> Havana:La activi<strong>da</strong>d de r<strong>em</strong>esas es por tanto uno de los más importantes sectores dela economía <strong>cuba</strong>na cont<strong>em</strong>poránea en términos de inserción internacional,25 ACKERMAN, Holly. Protesta social en la Cuba actual: los balseros de 1994. Revista Encuentro de laCultura Cubana. Madrid. Invierno de 1996/1997 Vol.3. p.126.
29solamente supera<strong>da</strong> por el turismo y el azúcar, en cuanto al volumen deingresos brutos en divisas aunque en términos de aporte neto de divisas a laeconomía, la activi<strong>da</strong>d de r<strong>em</strong>esas es el sector líder. 26Atraindo setores significativos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na, a economia <strong>da</strong>s r<strong>em</strong>essascoloca <strong>em</strong> evidência a fragili<strong>da</strong>de do governo para deter seu avanço, obrigando-o a buscarformas alternativas de interação com estes canais de ativi<strong>da</strong>de econômica proporcionadospela população <strong>em</strong>igra<strong>da</strong>. Reais protagonistas <strong>da</strong> economia do país, atualmente estes setorestêm revelado sua capaci<strong>da</strong>de de inserção na estrutura de poder do sist<strong>em</strong>a planificado deprodução e distribuição dos bens dentro de Cuba. Segundo Monreal, a família t<strong>em</strong> seconstituído na uni<strong>da</strong>de econômica decisiva no sist<strong>em</strong>a de r<strong>em</strong>essas, cabendo aos <strong>em</strong>igrantes opoder de decisão <strong>sob</strong>re o processo de criação de fundos disponíveis, de fazer ou não fazerr<strong>em</strong>essas, <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de a ser r<strong>em</strong>eti<strong>da</strong> e <strong>sob</strong>re seu uso, onde aplicar ou investir. 27Isto significa que o exílio e a <strong>em</strong>igração, ou diáspora, segundo Rojas, juntamentecom o seu significado político-<strong>cultura</strong>l, representam uma condição econômica a ser resolvi<strong>da</strong>nos países de acolhi<strong>da</strong>, como também é preciso observar a atuação desta população <strong>em</strong>igra<strong>da</strong>,no papel de sujeito de uma relação econômica importante que mantêm com o Estado e asocie<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na. A fragmentação política t<strong>em</strong> se tornado obsoleta diante <strong>da</strong> relevânciaeconômica <strong>da</strong>s r<strong>em</strong>essas familiares, que impõe a necessi<strong>da</strong>de de uma negociação entre Cuba eo exílio. O governo <strong>cuba</strong>no, de uma maneira ou de outra, v<strong>em</strong> se submetendo ao acordo como exílio e ao conjunto dos de “fora”, para manter minimamente um equilíbrio sócioeconômicointerno. É o efeito colateral do próprio regime. Ao não oferecer autonomia de<strong>em</strong>preendimento à socie<strong>da</strong>de <strong>em</strong> função <strong>da</strong> meta de totalizar as ativi<strong>da</strong>des econômicas peloEstado, <strong>em</strong>igrou a capaci<strong>da</strong>de produtiva de seus adversários políticos e, hoje, estes mesmossetores, paradoxalmente, contribu<strong>em</strong> de forma decisiva para que a socie<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na não entrenum colapso total. É uma questão de <strong>sob</strong>revivência do próprio Estado <strong>cuba</strong>no, ter quenegociar inclusive no plano econômico com o exílio.Do ponto de vista político e <strong>cultura</strong>l, a déca<strong>da</strong> de 1990 representa para osintelectuais e escritores <strong>cuba</strong>nos, ain<strong>da</strong> que os sinais de enfraquecimento do socialismo realsejam visíveis como já foi mencionado, persiste a marginalização política oficialmenteinstituí<strong>da</strong> e a dificul<strong>da</strong>de de continuar produzindo suas narrativas no âmbito do territórionacional. A alternativa para estes setores representativos de uma interpretação independente26 MONREAL, Pedro. Las r<strong>em</strong>esas familiares en la economia <strong>cuba</strong>na. Revista Encuentro… Madrid. Otoño de1999. Volume 14. p.5027 Ibid<strong>em</strong>
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