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cultura e política em cuba sob o prisma da revista - UFG

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68mediar uma representação <strong>cultura</strong>l e política autônoma frente ao aparelho de Estado. 80 ParaGramsci todos somos intelectuais ou filósofos , mesmo que não nos dediqu<strong>em</strong>osespecificamente a estas ativi<strong>da</strong>des. Mas o fato de pensarmos e termos uma concepção d<strong>em</strong>undo, compomos uma consciência, ou várias consciências do cotidiano, do “pensamentopopular” que se traduz<strong>em</strong> na <strong>cultura</strong> de um povo. E esta se constitui <strong>em</strong> um campo de lutaimportante na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que uma teoria política ou trabalho intelectual organizado sejacapaz de elevar seu pensamento. O intelectual possui uma responsabili<strong>da</strong>de especial nacirculação de idéias, na difusão <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> e na luta ideológica. É dessa função que Gramscidefine o intelectual “tradicional” que se alinha à manutenção de um pensamento social jáexistente, e o intelectual “orgânico” que se posiciona na elaboração de idéias detransformação, de compromisso com novas formas de pensamento e atuação social. Acontribuição importante de Gramsci é quanto à diversi<strong>da</strong>de de pensamentos presente nasesferas de atuação dos intelectuais. 81Em Representações do Intelectual, Edward Said considera que um dos deveres dointelectual é possuir independência e dissentir contra representações dominadoras. Afirma:“Daí minhas caracterizações do intelectual como um exilado e marginal, como amador e autorde uma linguag<strong>em</strong> que tenta falar a ver<strong>da</strong>de ao poder.” 82 Ser “exilado” e “marginal” paraSaid, significa assumir uma condição de vi<strong>da</strong> <strong>sob</strong> sacrifício social e familiar que se impõequando se pensa diferente de uma ord<strong>em</strong> estabeleci<strong>da</strong>. Para o intelectual a dissensão lhe custaser posto à marg<strong>em</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, é carregar a imag<strong>em</strong> <strong>da</strong> culpa que lhe é atribuí<strong>da</strong> por nãocolaborar ou se conformar com uma situação já defini<strong>da</strong>. “Falar a ver<strong>da</strong>de ao poder” é servisto como um diferente que deve ser excluído, é um “Outro” que vai ser marginalizado eexilado e, ain<strong>da</strong>, assumir a culpa pela dissensão.Numa visão mais completa <strong>da</strong> postura combativa e denunciadora dos intelectuaisque Said defende é encontra<strong>da</strong> neste trecho:A questão central para mim, penso, é o fato de o intelectual ser um indivíduodotado de uma vocação para representar, <strong>da</strong>r corpo e articular umamensag<strong>em</strong>, um ponto de vista, uma atitude, filosofia ou opinião para (etambém por) um público. E esse papel encerra uma certa agudeza, pois nãopode ser des<strong>em</strong>penhado s<strong>em</strong> a consciência de ser alguém cuja função élevantar publicamente questões <strong>em</strong>baraçosas, confrontar ortodoxias edogmas (mais do que produzi-los); isto é, alguém que não pode ser80 GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro. 200181 Ibid<strong>em</strong>.82 SAID, Edward. Representações do Intelectual. As conferências Reith de 1993. Companhia <strong>da</strong>s Letras. SãoPaulo. 2005. p.15

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