124categorias mais do que mencionar<strong>em</strong> uma <strong>da</strong><strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de concreta e acaba<strong>da</strong>, como porex<strong>em</strong>plo, a “Revolução Cubana”, trazendo nesse conceito to<strong>da</strong> uma situação históricadetermina<strong>da</strong>; elas indicam a “condição humana universal”, o seu sentido “antropológico” <strong>em</strong>tornar possível o desenrolar <strong>da</strong> história, significando nesse ex<strong>em</strong>plo, as experiências vivi<strong>da</strong>s,as expectativas vislumbra<strong>da</strong>s e /ou frustra<strong>da</strong>s que figuraram e ain<strong>da</strong> figuram o processorevolucionário <strong>cuba</strong>no. 214Em um acontecimento histórico <strong>da</strong>do, a condição de uma “história possível” paraKoselleck é coordena<strong>da</strong> pela relação entre “esperanza y el recuerdo, expectativa eexperiência”, e que, por sua vez, norteia a compreensão e o conhecimento <strong>da</strong> ciência histórica.E isto é o que configura o sentido antropológico e meta-histórico <strong>da</strong> t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de na história,pois o que faz o passado e futuro se entrecruzar<strong>em</strong> são as experiências e expectativas humanasque dão sentido à condução <strong>da</strong> história e a modifica. 215Na relação entre expectativa e experiência apresenta<strong>da</strong> por Koselleck, deve-seobservar que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre a expectativa se deduz <strong>da</strong> experiência, <strong>da</strong> mesma maneira que nãose pode entender a expectativa s<strong>em</strong> se basear na experiência. A aporia que se estabelece dessarelação só se resolve no decurso do t<strong>em</strong>po histórico, na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que passado e futuro seinterconectam no hoje, fazendo as correspondências e não correspondências entre taiscategorias. O presente se torna o momento pelo qual o conflito entre passado e presente éenfrentado e pod<strong>em</strong> se reconciliar quando as expectativas são trazi<strong>da</strong>s para o campo real <strong>da</strong>stransformações e conviv<strong>em</strong> com a dinâmica <strong>da</strong>s experiências.A abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> destas categorias é relevante para a análise do que se pretende nestetrabalho, pois a experiência revolucionária pós-59 <strong>em</strong> Cuba trouxe a possibili<strong>da</strong>de para os<strong>cuba</strong>nos de se tornar<strong>em</strong> condutores de um processo histórico que abriria não só um campo deexpectativas, mas a realização de um “hom<strong>em</strong> novo”, consciente de um ser coletivo e dosrumos de uma socie<strong>da</strong>de socialista. Mas, no transcorrer histórico <strong>da</strong> Revolução, a áurea do“hom<strong>em</strong> novo” se institucionalizou servindo de norte ao comportamento social. Tratava-se,então, <strong>da</strong> oficialização de uma experiência revolucionária que, pelo exercício do poder,impunha-se uma totali<strong>da</strong>de social como ver<strong>da</strong>de maior e determinante <strong>sob</strong>re as identi<strong>da</strong>des<strong>cultura</strong>is. As experiências individuais e sociais se submeteriam às de essência revolucionária.A conduta oficial de socialização como renúncia do indivíduo ao projeto social,não somente <strong>em</strong> seu aspecto econômico e político, mas também <strong>cultura</strong>l, se <strong>sob</strong>repôs àexperiência espontânea e cotidiana <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, procurando homogeneizar as expectativas214 Ibid<strong>em</strong>. p. 334215 Ibid<strong>em</strong>. pp. 336-337
125individuais <strong>em</strong> torno de uma reali<strong>da</strong>de social determinante. Entretanto, as diferençasrepresentacionais despontam como práticas contrapostas, tornando-as relativas à experiênciaoficial ou à não-oficial e conduzindo-as fora desses signos fechados. Dito de outro modo,quando a Revolução Cubana pretendeu se eternizar, ela buscou encerrar o fluxo de novasexpectativas, tornou o futuro uma reali<strong>da</strong>de presente de perpetuação do passado, a partir <strong>da</strong>qual na<strong>da</strong> poderia advir ou se desviar. A expectativa social se transformou <strong>em</strong> oficial, jáestava conquista<strong>da</strong>, não havia o que contestá-la e n<strong>em</strong> intencionar outras, pois o futuro já s<strong>em</strong>aterializava no poder socialista. A reprodução do imaginário bipartido era fomenta<strong>da</strong> pelainversão <strong>da</strong> representação do real, para assim a vali<strong>da</strong>r. Os valores revolucionários deveriamser perenes para dimensionar<strong>em</strong> um real futuro-presente, entretanto, as expectativasrevolucionárias constituíram-se <strong>em</strong> ausência de sentido para d<strong>em</strong>ais representações que seinsurgiam no seio <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.Mas conforme Koselleck, a “experiência” e a “expectativa” sãoantropologicamente <strong>da</strong><strong>da</strong>s, então, pod<strong>em</strong>os sugerir que do movimento dessas categorias not<strong>em</strong>po histórico as ações humanas individuais se transformam configurando novoscomportamentos sociais. Do que pode ser entendido que, não há poder capaz de usurpar deforma absoluta a manifestação <strong>da</strong> “condição humana universal” <strong>em</strong> suas diferentesexperiências e expectativas individuais e sociais. Se a expectativa revolucionária sereproduzia frustrando a experiência <strong>em</strong> si, ain<strong>da</strong> assim, não determinou o impedimento totalde que novas expectativas surgiss<strong>em</strong> do interior de um descontentamento historicamenteacumulado. Sob esse ponto de vista, as experiências alternativas <strong>em</strong> Cuba foram <strong>em</strong>ergindo<strong>da</strong> saturação de uma reali<strong>da</strong>de oficial e criaram novos “horizontes de expectativas”.As diferentes escritas e leituras <strong>da</strong> Revolução despontavam como experiênciasdestaca<strong>da</strong>s e diferencia<strong>da</strong>s do comportamento previsível <strong>da</strong> ótica oficial, colocando umquestionamento imperativo e <strong>em</strong>pírico para o campo teórico e filosófico <strong>da</strong> relação indivíduoe socie<strong>da</strong>de. A renúncia do indivíduo ao determinismo social t<strong>em</strong> sido <strong>em</strong>piricamenteprobl<strong>em</strong>atiza<strong>da</strong> e contesta<strong>da</strong> <strong>em</strong> sua dimensão teórica. O indivíduo adquire uma novadimensão no conjunto <strong>da</strong>s relações sociais, insere-se num contexto na condição de sujeitotradutor de novas possibili<strong>da</strong>des históricas.Carlo Ginsburg a respeito do social e do indivíduo, como categorias deconhecimento científico, contribuiu com os estudos <strong>sob</strong>re a polêmica entre o métodoexperimental ou galileano e o método indiciário. Afirma que o grande probl<strong>em</strong>a do paradigmagalileano é a negligência quanto aos fatos individuais <strong>em</strong> favor dos fatos sociais relevantes, noqual as leis gerais pod<strong>em</strong> ser estabeleci<strong>da</strong>s por meio de sua repetição e quantificação. Mas
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