36<strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>cultura</strong>l <strong>cuba</strong>na para além <strong>da</strong> concepção fixa do nacionalismo revolucionário ouanti-revolucionário.Partindo do pressuposto de que seus colaboradores, <strong>em</strong> sua grande maioria, são<strong>cuba</strong>nos exilados <strong>em</strong> diversos países e outra parte residente na Ilha, fica claro a condiçãohistórica de qu<strong>em</strong> vive, sente, sofre, pensa, escreve e luta para que a <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>namantenha-se viva e articula<strong>da</strong> <strong>sob</strong> alguma forma no exílio e <strong>em</strong> contato com os quepermanec<strong>em</strong> no país. Dessa forma, a <strong>revista</strong> simboliza este real histórico <strong>da</strong> relação entreCuba e o exílio, com a proposição de efetivar o encontro de uma <strong>cultura</strong> atingi<strong>da</strong> pelafragmentação ideológica, e que não t<strong>em</strong> se omitido ao resistir <strong>em</strong> sua perspectiva <strong>cultura</strong>l aosdeterminismos políticos.2.3. A FUNDAÇÃO DA REVISTA ENCUENTRO DE LA CULTURA CUBANAA discussão <strong>sob</strong>re a publicação <strong>da</strong> Encuentro de la Cultura Cubana teve início <strong>em</strong>um S<strong>em</strong>inário realizado <strong>em</strong> 1994, ano de com<strong>em</strong>oração do cinqüentenário <strong>da</strong> RevistaOrígenes – cria<strong>da</strong> por José Lezama Lima <strong>em</strong> 1944 e edita<strong>da</strong> até o ano de 1956. Esses<strong>em</strong>inário foi antecedido por uma reunião entre onze escritores <strong>cuba</strong>nos, cinco <strong>da</strong> Ilha e seisdo exílio, realiza<strong>da</strong> <strong>em</strong> Estocolmo pelo Centro Internacional Olof Palme, cujo evento não set<strong>em</strong> <strong>da</strong>dos <strong>sob</strong>re seus participantes e discussões. Mas resultou no S<strong>em</strong>inário intitulado “LaIsla Entera”, <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> ao po<strong>em</strong>a de Dulce Maria Loynaz 39 . Esse evento reuniuescritores <strong>cuba</strong>nos, residentes dentro e fora <strong>da</strong> Ilha, na Universi<strong>da</strong>d Complutense de Madrid<strong>sob</strong> a coordenação do escritor exilado Jesús Díaz, com o propósito de editar uma <strong>revista</strong> <strong>em</strong>que foss<strong>em</strong> abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s as diferentes reflexões <strong>sob</strong>re a reali<strong>da</strong>de social, política e <strong>cultura</strong>l<strong>cuba</strong>na. A referi<strong>da</strong> homenag<strong>em</strong> aconteceu <strong>em</strong> função <strong>da</strong> impossibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> escritora estarpresente no evento e, por isto, contribuiu enviando seu po<strong>em</strong>a que traduzia o sentimento dosescritores <strong>cuba</strong>nos <strong>em</strong> superar a imag<strong>em</strong> que os dividiu entre os de “dentro” e os de “fora”. Opo<strong>em</strong>a simboliza o desejo do <strong>cuba</strong>no <strong>em</strong> ver seu país sendo reconhecido por inteiro, s<strong>em</strong>recortá-lo ou dividi-lo, por isso o nome La Isla Entera, como também expressa o anseio do39 Dulce María Loynaz nasceu <strong>em</strong> Havana, <strong>em</strong> 1902. Formou-se <strong>em</strong> Direito atuando como advoga<strong>da</strong> até 1961.Mas desde jov<strong>em</strong> vê seus po<strong>em</strong>as publicados no jornal <strong>cuba</strong>no La Nación, Invierno de almas e Vesperal. Éreconheci<strong>da</strong> internacionalmente com inúmeras de suas obras publica<strong>da</strong>s <strong>em</strong> inglês e francês e pr<strong>em</strong>ia<strong>da</strong> pordiversas vezes. Em 1993 recebeu o Pr<strong>em</strong>io de Literatura Miguel de Cervantes na Espanha. Autora de Poesiasescogi<strong>da</strong>s, Bestiarium, Últimos días de una casa e Un verano en Tenerife, estes dois últimos preferidos por ela.Aos 95 anos de i<strong>da</strong>de, aparece pela última vez <strong>em</strong> público, 15 de abril de 1997, por ocasião <strong>da</strong> homenag<strong>em</strong> feitapela Embaixa<strong>da</strong> Espanhola de frente a sua casa, <strong>em</strong> função de sua enfermi<strong>da</strong>de, falecendo <strong>em</strong> 27 de abril dest<strong>em</strong>esmo ano.
37sujeito por ser aceito <strong>em</strong> suas diferenças e contrastes s<strong>em</strong> o t<strong>em</strong>or <strong>da</strong> separação, ou s<strong>em</strong> aangústia <strong>da</strong> ameaça <strong>em</strong> ser apartado de sua <strong>cultura</strong>. Segue abaixo o po<strong>em</strong>a que ilustra o atofun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> <strong>revista</strong>:Si me quieres, quiér<strong>em</strong>e to<strong>da</strong>:No por zonas de luz o sombra.Quiér<strong>em</strong>e día;Quiér<strong>em</strong>e noche...¡Y madruga<strong>da</strong> en la ventana abierta!Si me quieres, no me recortes:Quiér<strong>em</strong>e to<strong>da</strong>…O no me quieras. . 40Dulce María Loynaz finaliza sau<strong>da</strong>ndo o encontro realizado <strong>em</strong> Madrid: “Aqui vami saludo a todos los escritores <strong>cuba</strong>nos que van a unirse bajo el l<strong>em</strong>a de Isla Entera.” 41A iniciativa de Jesús Díaz para impl<strong>em</strong>entação do projeto <strong>da</strong> <strong>revista</strong> foi decisiva,pois aglutinou os setores do exílio <strong>cuba</strong>no que se identificavam com o anseio de debater enarrar livr<strong>em</strong>ente a <strong>cultura</strong> de seu país numa perspectiva não reducionista. Devido aimportância de Jesús Díaz naquele evento, momentos de sua trajetória de vi<strong>da</strong> serão relatadosadiante nesta dissertação.Segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> encuentro en la red, o evento contou com a presença de váriosescritores <strong>cuba</strong>nos, tais como: Gaston Baquero, Guillermo Rodríguez Rivera, Manuel DíazMartinez, Rafael Alcides, Felipe Lázaro, José Prats Sariol, Alberto Lauro, Cleva Solís, MarioParajon, Jorge Luis Arcos, Efraín Rodríguez Santana, Pablo Armando Fernández, CésarLópez, Orlando Rodríguez Sardiña, Heberto Padilla, Enrique Saínz, Pio E. Serrano, JoséKozer, José Triana, Reina Maria Rodríguez, Nivaria Tejera, Bladimir Zamora e Leon de laHoz. 42A tabela abaixo apresenta a relação dos escritores <strong>cuba</strong>nos que participaram doprojeto inicial <strong>da</strong> publicação <strong>da</strong> <strong>revista</strong>. Alguns itens não foram possíveis de ser<strong>em</strong>preenchidos pela ausência de <strong>da</strong>dos, mas observa-se que dentre os vinte escritores <strong>cuba</strong>nosfun<strong>da</strong>dores <strong>da</strong> <strong>revista</strong>, doze se encontravam no exílio e oito residiam na Ilha. Interessanteobservar que a grande maioria dos escritores fez parte <strong>da</strong> geração que viveu o momentohistórico <strong>da</strong> Revolução de 1959, colaborou com o processo revolucionário e, posteriormente,viu suas expectativas malogra<strong>da</strong>s.40 LOYNAZ, Dulce María. Isla Entera. Revista Encuentro… Madrid.1997. Vol.4/5. p.741 Ibid<strong>em</strong>.42 <strong>cuba</strong>encuentro.com. Encuentro en la Red. Diario independiente de asuntos <strong>cuba</strong>nos. Financiación,totalitarismo y d<strong>em</strong>ocracia. 2004.
- Page 1 and 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁSFACUL
- Page 3 and 4: 3Goiânia2006MARIA MARTHA LUÍZA CI
- Page 5 and 6: 5AGRADECIMENTOSÀ professora e orie
- Page 7 and 8: 7RESUMOO objetivo deste trabalho é
- Page 9 and 10: 9LISTA DE TABELASNúmero Descriçã
- Page 11 and 12: 111. INTRODUÇÃORetratar a histór
- Page 13: 13Ou seja, que outros discursos tê
- Page 16 and 17: 16especificidades da fundação da
- Page 18 and 19: 18movimento de imagens e reflexões
- Page 20 and 21: 20discurso representativo alerta pa
- Page 22 and 23: 22As referências teóricas sobre e
- Page 24 and 25: 24O momento da globalização apres
- Page 26 and 27: 26aproximadamente 34% do PIB. Diant
- Page 28 and 29: 28Holly Ackerman, que aspiravam con
- Page 30 and 31: 30da cultura cubana tem sido criar
- Page 32 and 33: 32perderam seus bens e capitais e b
- Page 34 and 35: 34acolhimento da produção narrati
- Page 38 and 39: 38Tabela 1: Fundadores da Revista E
- Page 40 and 41: 40de la diáspora y otros especiali
- Page 42 and 43: 422.4. JESÚS DÍAZ E SUA ÉPOCAA v
- Page 44 and 45: 44ilustrar a presença dessa concep
- Page 46 and 47: 46aspiravam seus colaboradores. Mas
- Page 48 and 49: 48Outro fator relevante para sua de
- Page 50 and 51: 50As tabelas abaixo mostrarão o qu
- Page 52 and 53: 52Tabela 2.2: Colaboradores Cubanos
- Page 54 and 55: 54sociedad una de sus principales l
- Page 56 and 57: 56En nuestras páginas hallarán ca
- Page 58 and 59: 58VENEZUELA 3 0,60Total 499 100Font
- Page 60 and 61: 60GEÓGRAFO 1 0,20HISTORIADOR(A) 34
- Page 62 and 63: 62temas dos artigos levou à compre
- Page 64 and 65: 64De um modo geral, os dados acima
- Page 66 and 67: 66contexto cubano atual está regis
- Page 68 and 69: 68mediar uma representação cultur
- Page 70 and 71: 70reflete sobre o caráter transgre
- Page 72 and 73: 72intereses de la nación entera, n
- Page 74 and 75: 74Na perspectiva da chamada histór
- Page 76 and 77: 76que se repite (1989), explicita a
- Page 78 and 79: 78Nuestra aspiración es abrir una
- Page 80 and 81: 80várias histórias e culturas int
- Page 82 and 83: 82se a estigmatização de seu opos
- Page 84 and 85: 84efectiva mi gestión promoviendo
- Page 86 and 87:
86atitude fundamentalmente própria
- Page 88 and 89:
88“With the Cold War over and new
- Page 90 and 91:
90Gastón Baquero interessa como es
- Page 92 and 93:
923.2. EXÍLIO - A IDENTIDADE DO OU
- Page 94 and 95:
94territorial e identitário único
- Page 96 and 97:
96partir do movimento de emigrados
- Page 98 and 99:
98Enfim, o que está sendo ressigni
- Page 100 and 101:
100empreendimento limitador por que
- Page 102 and 103:
102Raul Rivero 159 expressa um outr
- Page 104 and 105:
104These formations have all been o
- Page 106 and 107:
106qualquer ameaça de um possível
- Page 108 and 109:
108En Cuba, cada escritor o artista
- Page 110 and 111:
110mais privada das emoções priva
- Page 112 and 113:
112Encuentro de la Cultura Cubana c
- Page 114 and 115:
114Em uma resenha produzida por Man
- Page 116 and 117:
116referem diretamente à experiên
- Page 118 and 119:
118mencionados. Há um trecho em se
- Page 120 and 121:
120...Cuba es un país gravemente e
- Page 122 and 123:
122Numa entrevista a Tomás Gutiér
- Page 124 and 125:
124categorias mais do que mencionar
- Page 126 and 127:
126diante da impossibilidade da qua
- Page 128 and 129:
128Essa correlação configura uma
- Page 130 and 131:
130segundo capítulo, também confi
- Page 132 and 133:
132incluido no conjunto de assinatu
- Page 134 and 135:
134Por cortesía de Eduardo Muñoz
- Page 136 and 137:
136confirmada pela carta de Jeanett
- Page 138 and 139:
138Na carta de Rolando Sánchez Mej
- Page 140 and 141:
140condenem seus antecessores, a cu
- Page 142 and 143:
1421960, e ainda adverte sobre o pe
- Page 144 and 145:
144finalidade elaborada para interp
- Page 146 and 147:
146inmejorable de información y do
- Page 148 and 149:
148Estoy interesado en completar mi
- Page 150 and 151:
150No dejen de publicar la verdad,
- Page 152 and 153:
152contrária às polaridades negat
- Page 154 and 155:
154expresión cultural cubana. ANDR
- Page 156 and 157:
156migratórios conduzem a uma aber
- Page 158 and 159:
158representar para a história de
- Page 160 and 161:
160destacou a repercussão que esta
- Page 162 and 163:
162Soy un poeta y ensayista cubano
- Page 164 and 165:
164números de Encuentro y como es
- Page 166 and 167:
1665. CONCLUSÃOA conclusão de um
- Page 168 and 169:
168contempla as diferenças nas ins
- Page 170 and 171:
170O intercâmbio de idéias aproxi
- Page 172 and 173:
172__________. El fin de otra ilusi
- Page 174 and 175:
174MONREAL, Pedro. Las remesas fami