422.4. JESÚS DÍAZ E SUA ÉPOCAA vi<strong>da</strong> de Jesús Díaz merece um destaque neste trabalho, pois sua atuação <strong>em</strong>trinta e dois anos após a Revolução dentro de Cuba como colaborador, mas também crítico dopercurso revolucionário, e mais onze anos fora, <strong>em</strong> intensa ativi<strong>da</strong>de <strong>cultura</strong>l, confere-lhe umatrajetória histórica que se confunde com a própria história do exílio <strong>cuba</strong>no <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de1990, <strong>em</strong> que dificilmente uma pode ser escrita s<strong>em</strong> a outra. Foi uma personali<strong>da</strong>de polêmicadurante estes quarenta e três anos, tanto por forças “pró”, quanto “contra-revolucionárias”.Sua produção narrativa ganhou expressão no processo interno <strong>da</strong> Revolução, mesmorespal<strong>da</strong>ndo-a manteve uma textuali<strong>da</strong>de controversa porque já apresentava el<strong>em</strong>entos dereflexão ao dogmatismo oficial já nos seus primeiros anos. O exílio assume outrarepresentação pela narrativa articula<strong>da</strong> por Jesús Díaz quando toma a frente <strong>da</strong> publicação <strong>da</strong><strong>revista</strong> Encuentro de la Cultura Cubana. No início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990, <strong>em</strong> sua estadiadefinitiva <strong>em</strong> Madri, assumiu uma linha de ruptura à política oficial dentro de Cuba e deindependência aos setores mais radicais anti-castristas, fora de Cuba.As fontes consulta<strong>da</strong>s para o relato <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de Jesús Díaz foram extraí<strong>da</strong>s <strong>da</strong>própria <strong>revista</strong> Encuentro de la Cultura Cubana. Boa parte do volume 25 <strong>em</strong> que lhe éatribuí<strong>da</strong> homenag<strong>em</strong> póstuma, traz vários artigos com informações relevantes de sua históriadentro e fora de Cuba. Outros volumes contêm artigos do próprio Jesús Díaz, que fornec<strong>em</strong>depoimentos de reflexão e de autobiografia quanto a sua relação com o governo. Ain<strong>da</strong> foramconsulta<strong>da</strong>s informações pela Internet que compl<strong>em</strong>entaram <strong>da</strong>dos <strong>sob</strong>re sua participação naRevolução e produção de suas obras literárias.A contribuição de Jesús Díaz residiu <strong>em</strong> transformar a dispersão dos intelectuais<strong>cuba</strong>nos, exilados <strong>em</strong> diferentes países, numa convergência de espaço onde a <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>namaterializasse seu encontro para debater, confrontar sua identi<strong>da</strong>de num contatoimprescindível com os <strong>cuba</strong>nos de dentro <strong>da</strong> Ilha e recriá-la pela presença de suaextraterritoriali<strong>da</strong>de. A publicação simboliza esse lugar, onde uma outra história de Cuba évivencia<strong>da</strong> e escrita pela comuni<strong>da</strong>de do exílio e <strong>da</strong> Ilha que se identificam por pensar deforma independente. E parte do exílio, como também dos <strong>cuba</strong>nos de “dentro” ocupam essaterritoriali<strong>da</strong>de simbólica, que se aglutinam no território <strong>da</strong> escrita, onde o “não lugar” doexílio a que Rafael Rojas menciona se situa, entre outros, no lugar de encontro de uma outra
43representação que a <strong>revista</strong> propõe. Como diz Julio Ortega 49 no volume dedicado ahomenagear Jesús Díaz: “Esta <strong>revista</strong> se convirtió en la esfera pública de una república<strong>cuba</strong>na del exilio.” 50Desde sua participação no processo revolucionário até o ano de sua morte <strong>em</strong>2002, Jesús Díaz foi controverso e alvo de ataques e críticas que Manuel Díaz Martinezpronunciou “... tanto peso le reventó la salud.” 51Jesús Díaz nasceu <strong>em</strong> outubro de 1941 na ci<strong>da</strong>de de Havana. Desde jov<strong>em</strong>,participou ativamente <strong>da</strong> luta estu<strong>da</strong>ntil contra a ditadura de Fulgêncio Batista e teve atuaçãocomo capitão na guerrilha inicia<strong>da</strong> <strong>em</strong> Sierra Maestra. Em 1961, participou <strong>da</strong> luta contra os“contra-revolucionários” na Sierra del Escambray (Las Villas). No ano seguinte, foi m<strong>em</strong>bro<strong>da</strong> seção América Latina do Instituto Cubano de Amizade aos Povos (ICAP) que instruía asmilícias revolucionárias. Desde o triunfo <strong>da</strong> Revolução <strong>em</strong> 1959, foi incorporado à Escola deFilosofia e Letras <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Havana, sendo professor de filosofia de 1963 a 1971. 52Entre 1965 e 1966, Jesús Díaz dirigiu o jornal Juventude Rebelde, órgão <strong>da</strong> Uniãodos Jovens Comunistas (UJC), assumindo seu supl<strong>em</strong>ento literário chamado El CaimánBarbudo, fun<strong>da</strong>do por Raúl Rivero e, neste ínterim, sua vocação literária se despontou.Segundo Jesús Díaz, o objetivo de “El Caimán era crear un supl<strong>em</strong>ento literario y una <strong>revista</strong>de ciencias sociales que le facilitaran a la revolución <strong>cuba</strong>na a seguir un estilo propio, distintoy distante del soviético”. 53Esta é uma afirmação recente, extraí<strong>da</strong> de um artigo seu,publicado na Encuentro de la Cultura Cubana <strong>em</strong> 2000. Revela, após 34 anos de suafun<strong>da</strong>ção, uma posição de qu<strong>em</strong>, nos primórdios <strong>da</strong> Revolução, colaborou com suaconstrução, mas, desde então, um anseio era expresso de que seguisse um curso diferente domodelo soviético.Uma presença literária e <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> popular <strong>cuba</strong>na no processo revolucionário,era sonha<strong>da</strong> por boa parte <strong>da</strong> intelectuali<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na, latino-americana e a esquer<strong>da</strong> européia.Tratava-se de um momento <strong>em</strong> que as conquistas revolucionárias e a riqueza literária eramcompreendi<strong>da</strong>s como situações de um mesmo fenômeno. A concepção de que a Revoluçãoproporcionava as condições áureas <strong>da</strong> produção literária e do desenvolvimento científico sereproduzia no meio social, <strong>sob</strong>retudo entre os intelectuais <strong>cuba</strong>nos e estrangeiros. E, para49 Julio Ortega nasceu <strong>em</strong> 1942 no Peru. É colaborador <strong>da</strong> Encuentro de la Cultura Cubana, autor do livro“Relato de la Utopía” e professor de literatura latino-americana na Universi<strong>da</strong>de de Brown, situa<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong>dede Providence, capital de Rhode Island (EUA)50 ORTEGA, Julio. Concurrencias de Jesús Díaz. Revista Encuentro… Madrid. 2002. Vol. 25. p.26.51 MARTÍNEZ, Manuel Díaz. Jesús. Revista Encuentro... Madrid. 2002. Vol. 25. p.852 GUIBLIN, Marc. Approche de l’oeuvre de Jesús Díaz (Cuba). Disponível <strong>em</strong>:perso.club-internet.fr/mguiblin/Díazcobert.htm. Université de Tours. França. 200353 DÍAZ, Jesús. El fin de otra ilusión. Revista Encuentro... Madrid. 2000. Vol. 16/17. p.106
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