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cultura e política em cuba sob o prisma da revista - UFG

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126diante <strong>da</strong> impossibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> quantificação há a ineliminável presença do qualitativo, doindividual e <strong>da</strong>s diferenças na socie<strong>da</strong>de. Ginsburg assinala que é preciso um novo paradigma,uma nova cientifici<strong>da</strong>de fun<strong>da</strong><strong>da</strong> no conhecimento científico individual. O conhecimento és<strong>em</strong>pre antropocêntrico. Esse é o método indiciário <strong>em</strong> que as disciplinas são qualitativas etêm por objeto de estudo os casos, situações casuais, conjeturas, documentos individuais,mesmo que o indivíduo seja um grupo social ou uma socie<strong>da</strong>de inteira. Os pressupostos são adiversi<strong>da</strong>de e a singulari<strong>da</strong>de inimitável <strong>da</strong>s escritas individuais. Isto não significa abandonaros fenômenos gerais, mas por meio dos indícios e dos pormenores pod<strong>em</strong> ser estabeleci<strong>da</strong>sconexões importantes com contextos mais amplos. 216Essa referência teórica como introdução à leitura <strong>da</strong>s cartas, esclarece o propósitode utilizá-las como recurso de compreensão de um contexto ilustrativo <strong>da</strong> experiência quecompartilha o desgaste do socialismo real, enquanto estrutura sócio-<strong>cultura</strong>l e política depoder, de como isto afetou a <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>na, a vi<strong>da</strong> dentro e fora <strong>da</strong> Ilha, a psicologia e asubjetivi<strong>da</strong>de de gerações que conviv<strong>em</strong> com o poder vitalício de um líder. Além de umaexperiência compartilha<strong>da</strong>, as cartas revelam uma expectativa diferente de vi<strong>da</strong>, <strong>em</strong> que aidenti<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na seja livr<strong>em</strong>ente expressa<strong>da</strong> <strong>em</strong> suas diferenças. Mostram como os leitoresencontram na <strong>revista</strong> o dest<strong>em</strong>or <strong>em</strong> se posicionar <strong>sob</strong>re a <strong>cultura</strong> e política de seu país. Paraos leitores <strong>cuba</strong>nos t<strong>em</strong> sido relevante a existência de um eco de vozes <strong>em</strong> que outrasesperanças possam ser dest<strong>em</strong>i<strong>da</strong>mente pronuncia<strong>da</strong>s, que seja devolvi<strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de,reconheci<strong>da</strong> sua <strong>cultura</strong> e que eles possam se auto-afirmar enquanto <strong>cuba</strong>nos <strong>em</strong> diferentesterritórios, s<strong>em</strong> o estereótipo do revolucionário ou <strong>da</strong> dissidência, do amigo ou inimigo <strong>da</strong>Revolução, mas simplesmente <strong>cuba</strong>no.As cartas <strong>em</strong> seu conjunto representam uma comuni<strong>da</strong>de de leitores queestabelece a interlocução com a publicação e conseqüent<strong>em</strong>ente com seus autores, mas não serestringe ao espaço interior e delimitado pela <strong>revista</strong>, pois essa comuni<strong>da</strong>de estende suainterlocução como uma força centrífuga a novos leitores que multiplicam sua difusãocomunicativa, investigativa e produtora de sentido. Ela dimensiona a significação denarrativas identifica<strong>da</strong>s com o cotidiano de um contexto histórico internacional e multi<strong>cultura</strong>l<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na.Na perspectiva de um gênero epistolar, as cartas são um meio de comunicação, ecomunicar significa “por <strong>em</strong> comum” algo com o s<strong>em</strong>elhante. Não cabe traçar aqui o estudo<strong>da</strong> história <strong>da</strong> epistolografia desde a Antigui<strong>da</strong>de Clássica, aos estudos bíblicos, renascentistas216 GINZBURG, Carlo. Mitos, Embl<strong>em</strong>as e Sinais: Morfologia e História. Tradução de Frederico Carotti.Companhia <strong>da</strong>s Letras. São Paulo. 1989.

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