164números de Encuentro y como es lógico, mi visión se ha ampliado, no por lasabi<strong>da</strong> controversia entre los de Aquí y los de Allá, sino porque todos, todos,ten<strong>em</strong>os derecho a opinar y reflexionar de acuerdo a nuestros principios.Continúen en sus <strong>em</strong>peños, que <strong>da</strong>ño no hace. Al contrario. Sólo lamientoque esta <strong>revista</strong> no pue<strong>da</strong> llegar a todos. EZEQUIEL OVIEDO (Matanzas,Cuba. 1999-2000. Vol. 15. p. 247)O leitor eluci<strong>da</strong> a troca de opiniões, o aproveitamento de uma e outra numapossível relação de igual<strong>da</strong>de entre os homens. Se pensar que, do ponto de vista social, osocialismo apresentou uma experiência com desigual<strong>da</strong>des não tão avassaladoras como nomundo capitalista, porque a proprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong> foi elimina<strong>da</strong>, é de se supor que as relaçõespolíticas transcorreriam <strong>em</strong> situações que não precisass<strong>em</strong> privilegiar uma classe <strong>em</strong>detrimento de outra, as relações de troca na esfera do poder social seriam refleti<strong>da</strong>s no poderpolítico. Mas essa mesma experiência t<strong>em</strong> mostrado que as relações políticas não seencontram organicamente presas a uma condição de classe. Não depend<strong>em</strong> somente de umaposição sócio-econômica, mas também do campo do saber, do conhecimento, do pensamentoconvergindo para um raio de ações e reflexões múltiplas que produz<strong>em</strong> o efeito interativo oude pressão <strong>sob</strong>re as representações do poder político.Dessa forma, a carta suscita a reflexão a que Claude Lefort faz <strong>em</strong> sua referênciaao pensamento de Hannah Arendt <strong>sob</strong>re a questão do político, a relação entre “igual<strong>da</strong>de evisibili<strong>da</strong>de”. Esta relação concebe o poder como um espaço político que dê visibili<strong>da</strong>de atodos os homens <strong>em</strong> cena pública com suas diferenças, “na qual os homens se defin<strong>em</strong>,apreend<strong>em</strong>-se reciprocamente como iguais.” 240 As decisões são toma<strong>da</strong>s por uma troca entreiguais do ponto de vista dos direitos políticos, não iguais <strong>em</strong> termos sócio-<strong>cultura</strong>is. É umadiferença significativa porque pressupõe uma igual<strong>da</strong>de que viabilize a relação d<strong>em</strong>ocráticaentre os homens, não uma igual<strong>da</strong>de que estabeleça a unilaterali<strong>da</strong>de de uma únicarepresentação <strong>cultura</strong>l e política. Na interpretação de Lefort <strong>sob</strong>re o pensamento de HannahArendt questiona o sentido unilateral com que os discursos de d<strong>em</strong>ocracia são veiculados, eafirma o seu oposto, o que é não ser “um”, mas um “mundo comum de múltiplos: A própriaexistência desse espaço é a condição de aparecimento de um “mundo comum”, um mundoque não é um, mas se mostra como o mesmo, porque se encontra <strong>da</strong>do à multiplici<strong>da</strong>de deperspectivas.” 241240LEFORT, Claude. Pensando o Político. Ensaios <strong>sob</strong>re d<strong>em</strong>ocracia, revolução e liber<strong>da</strong>de. Rio deJaneiro. Paz e Terra. 1991. p. 69.241 Ibid<strong>em</strong>. p. 70.
165O discurso anti-divisionista entre os leitores é freqüent<strong>em</strong>ente reiterado, buscandoencontrar na narrativa <strong>da</strong> Encuentro de la Cultura Cubana esta identificação, comotest<strong>em</strong>unha de maneira contundente a carta <strong>em</strong> segui<strong>da</strong> do <strong>cuba</strong>no Alberto Alvarez, residenteno Canadá:Encuentro... logra varios encuentros, pero de por sí dos ya son suficientes. Elprimero: aunar los creadores de la isla y el exilio, rompiendo divisiones, enun clima de tolerancia y respeto difícil de lograr —si no imposible— en losmedios <strong>cultura</strong>les del país que ejecutan la des-orientación de que vanguardiapolítica e intelectual convergen en la revolución, entendiendo por ésta lapolítica oficial y «combatiendo» lo d<strong>em</strong>ás. En el VI Congreso de la UNEACque acaba de concluir, Retamar, en lectura del documento Cultura ySocie<strong>da</strong>d, expresó «La <strong>cultura</strong>... es el rostro coherente, unitario, de unasocie<strong>da</strong>d». Nosotros pod<strong>em</strong>os rebatir — con certeza — que, por el contrario,la <strong>cultura</strong> es el reflejo; las imágenes y la obra coherente pero si<strong>em</strong>pre diversade la socie<strong>da</strong>d, de su entorno y de su época. Las percepciones que ambosconceptos encierran son muy distintas. La nuestra enfatiza lo que la primeradeja a un lado — lo diverso —. Cuba y su <strong>cultura</strong> no podrán sercomprendi<strong>da</strong>s vistas bajo la monofonía, el mito de la excepcionali<strong>da</strong>d<strong>cuba</strong>na en ti<strong>em</strong>po y espacio, ni mediante el enlace forzado entre patria,socialismo y líder carismático. (…) Conformando una tolerancia ver<strong>da</strong>dera(con los <strong>cuba</strong>nos de to<strong>da</strong>s partes) que respete el más amplio pluralismo,buscando en el debate y las libres ideas la solución de la grave crisiseconómica, social y de valores que padece Cuba, ustedes pueden aportarmucho al desarrollo de nuestra <strong>cultura</strong> y su multiplici<strong>da</strong>d de creaciones,enfoques y reflexiones. Como ustedes han afirmado «la <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>na esuna». Así será gústele a quien le guste. Mis sinceras felicitaciones a todo elcolectivo. ALBERTO ALVAREZ. (Canadá. 2000. Vol.16/17. p. 248)Na carta de Alberto Alvarez, o discurso anti-divisionista assinalado mencionaduas concepções de <strong>cultura</strong>. A primeira refere-se à visão <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> oficial, que concebe<strong>cultura</strong> como manifestação “coherente” e “unitaria” <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, citando o pronunciamentode Roberto Fernández Retamar no Congresso <strong>da</strong> União Nacional de Escritores e ArtistasCubanos (UNEAC). A outra concepção li<strong>da</strong> com a idéia de <strong>cultura</strong> abor<strong>da</strong><strong>da</strong> pela <strong>revista</strong>como imag<strong>em</strong> <strong>da</strong>s diferenças, <strong>em</strong> que ressalta o “diverso” como essência <strong>da</strong> concepção de<strong>cultura</strong>. Deixa clara a distinção entre <strong>cultura</strong> unitária e <strong>cultura</strong> una, sendo que a primeirasegue servindo à “monofonia”, segundo o leitor, de uma ord<strong>em</strong> s<strong>em</strong> tropeços entre pátria,poder e socialismo. A segun<strong>da</strong>, a idéia de <strong>cultura</strong> una, reafirma a representação <strong>da</strong> tolerância àmultiplici<strong>da</strong>de de suas abor<strong>da</strong>gens, de seus enfoques criativos e de sua diversi<strong>da</strong>de. Estaconcepção pretende <strong>em</strong> sua definição de “una” pactuar as divisões entre a Ilha e o exílio,entre “revolucionários” e “não-revolucionários”.
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