96partir do movimento de <strong>em</strong>igrados e exilados, fazendo circular <strong>em</strong> diferentes esferasnacionais, identi<strong>da</strong>des que interag<strong>em</strong> um espaço mundializado.Tal compreensão põe <strong>em</strong> questão a presença de um poder que forja uma fronteiradivisora entre os que estão “dentro” e os que estão “fora” do país, conforme se observouanteriormente. Pois a fronteira não é simplesmente física, mas fun<strong>da</strong>mentalmente política eatinge substancialmente a diversi<strong>da</strong>de <strong>cultura</strong>l <strong>em</strong> sua expressão interna e externa. Alémdisso, ela se circunscreve num círculo de representações que coloca <strong>em</strong> campos opostos osque estão dentro de Cuba e os que estão fora como se ca<strong>da</strong> um retratasse uma homogenei<strong>da</strong>de,o que torna frágil a tentativa <strong>em</strong> conceber os extr<strong>em</strong>os como posições monolíticas. A uni<strong>da</strong>desó se manifesta quando é necessário negar o outro, neste sentido a relação é de equivalênciaentre os “pró-revolucionários” e os “contra-revolucionários”. Os que permanec<strong>em</strong> na ilha sãorepresentantes <strong>da</strong> “<strong>cuba</strong>nía”, pertencentes a uma coletivi<strong>da</strong>de correspondente ao projeto sociale oficial <strong>da</strong> Revolução. Eles apresentam uma postura negadora <strong>da</strong>queles que estão no exílio,considerados porta-vozes <strong>da</strong> articulação imperialista norte-americana contra Cuba. Do outrolado, um contingente fora de Cuba expressa uma posição política hostil a qu<strong>em</strong> permanece nopaís que, por sua vez, é considerado porta-voz <strong>da</strong> política oficial castrista.A simplificação de representações t<strong>em</strong> criado dificul<strong>da</strong>des na análise <strong>da</strong> <strong>cultura</strong><strong>cuba</strong>na cont<strong>em</strong>porânea, na compreensão <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de conti<strong>da</strong> nelas e no enfrentamento deum debate desarmado <strong>da</strong>s pré-classificações, onde a <strong>cultura</strong> pudesse interagir com a políticanão na condição de reprodutora de uma homogeneização de qualquer que seja a posição, masque reflita as diferenças no interior de ca<strong>da</strong> uma delas que se manifestam e se cruzam nasocie<strong>da</strong>de. E as diferenças, objetivamente, estão sendo coloca<strong>da</strong>s num contexto real queindepende <strong>da</strong>s polarizações dualistas e binárias, conforme Bhabha analisa as condiçõespolíticas do mundo pós-colonial. Em sua análise no capítulo <strong>sob</strong>re “O Compromisso com aTeoria” Bhabha questiona a polêmica arbitra<strong>da</strong> pela polarização:Será preciso s<strong>em</strong>pre polarizar para pol<strong>em</strong>izar? Estar<strong>em</strong>os presos a umapolítica de combate onde a representação dos antagonismos sociais econtradições históricas não pod<strong>em</strong> tomar outra forma senão a do binarismoteoria versus política? Pode a meta <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de de conhecimento ser asimples inversão <strong>da</strong> relação opressor e oprimido, centro e periferia, imag<strong>em</strong>negativa e imag<strong>em</strong> positiva? Será que nossa única saí<strong>da</strong> de tal dualismo é aadoção de uma oposicionali<strong>da</strong>de implacável ou a invenção de um contramitooriginário <strong>da</strong> pureza radical? Deverá o projeto de nossa estéticaliberacionista ser para s<strong>em</strong>pre parte de uma visão utópica totalizante do Ser e<strong>da</strong> História que tenta transcender as contradições e ambivalências que
97constitu<strong>em</strong> a própria estrutura <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de humana e seus sist<strong>em</strong>as derepresentação <strong>cultura</strong>l? 151A experiência <strong>cuba</strong>na t<strong>em</strong> configurado esses antagonismos. De um lado, apotência norte-americana impondo ao mundo a imag<strong>em</strong> de sua <strong>cultura</strong> representativa <strong>da</strong>ideologia neoliberal e d<strong>em</strong>ocrática. E no momento <strong>em</strong> que o bloco socialista se desfaz, com aque<strong>da</strong> do Leste Europeu, uma <strong>da</strong>s experiências socialistas que procura manter os princípios dosocialismo, <strong>sob</strong>retudo no que se refere à combinação entre estrutura sócio-econômica e aessência ideológica, t<strong>em</strong> sido a nação <strong>cuba</strong>na. Neste sentido, a política norte-americanaperpetua o <strong>em</strong>bargo, buscando fragilizar a economia <strong>cuba</strong>na, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que oscilana política de imigração <strong>cuba</strong>na conforme sua conveniência na contrapropagan<strong>da</strong> <strong>em</strong>desmoralizar as condições políticas de Cuba e reforçar a imag<strong>em</strong> de um país d<strong>em</strong>ocrático eflexível. Por outro lado, a política oficial de Cuba procura “proteger” a nação com o discursode defesa <strong>da</strong> Revolução contra o <strong>em</strong>bargo, contra a ação imperialista norte-americana,direcionando para o exterior todo o foco <strong>da</strong> crise social e econômica interna. São discursosque se veiculam, dicotomizando o imaginário social não só internamente, como também forade Cuba e impõ<strong>em</strong> a barreira de uma comunicação mais aberta entre estes espaços.Vê<strong>em</strong>-se, então, imagens que se produz<strong>em</strong> e faz<strong>em</strong> circular o jogo internacional<strong>da</strong>s polari<strong>da</strong>des de essências nacionalistas. Porém, no jogo persistente <strong>da</strong> duali<strong>da</strong>de entrenação e exílio, a Encuentro de la Cultura Cubana reitera o discurso de independência <strong>da</strong>identi<strong>da</strong>de <strong>cultura</strong>l e política <strong>cuba</strong>na. Rafael Rojas, levanta a questão <strong>sob</strong>re a territoriali<strong>da</strong>de<strong>cuba</strong>na, tendo <strong>em</strong> vista a dispersão literária e intelectual nas atuais condições, definindo-acomo diaspórica. Ele questiona e responde <strong>sob</strong>re tal posição <strong>em</strong>ergente: “Cuál es, entonces, elterritorio de la literatura <strong>cuba</strong>na? Ni más ni menos aquel que, en su dispersión, compartentodos los escritores <strong>cuba</strong>nos que viven en la Isla y en la diáspora.” 152A produção literária <strong>cuba</strong>na está presente <strong>em</strong> um vasto território, que enfrenta asfronteiras políticas do isolamento e <strong>da</strong> fragmentação na busca de um mútuo reconhecimentoentre os diversos espaços representativos de sua <strong>cultura</strong>. O território diaspórico põe <strong>em</strong> relevoo que é viver e escrever no exílio, a necessi<strong>da</strong>de do reconhecimento do sujeito que reivindicasua identi<strong>da</strong>de, o direito à diferença e a luta por compor à mesa do diálogo nacional.151 BHABHA, Homi K. O Local <strong>da</strong> Cultura. Tradução de M. Ávila, E.L. de Lima Reis, G.R. Gonçalves. BeloHorizonte. Editora UFMG. 2001. p. 43152 ROJAS, Rafael. ¿Qué es la literatura <strong>cuba</strong>na? <strong>cuba</strong>encuentro.com. Encuentro en la red- Diarioindependiente de asuntos <strong>cuba</strong>nos. Ano IV. Edición 541. Vienes, 24 enero 2003
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