26aproxima<strong>da</strong>mente 34% do PIB. Diante disto o governo tomou algumas medi<strong>da</strong>s de reformaeconômica <strong>em</strong> 1993, que abriram a economia <strong>cuba</strong>na ao investimento estrangeiro: extensãodo trabalho por iniciativa própria; reconhecimento do papel <strong>da</strong> pequena e média <strong>em</strong>presa,ain<strong>da</strong> que com maior participação do setor estatal; autorização do mercado de meios deprodução que no conjunto dessas medi<strong>da</strong>s permitiu-se a criação de <strong>em</strong>pregos no momento <strong>em</strong>que o Estado não podia mais evitar tais mu<strong>da</strong>nças e n<strong>em</strong> absorver o contingente disponível nasocie<strong>da</strong>de. 21Cuba, então, foi fort<strong>em</strong>ente afeta<strong>da</strong> pela per<strong>da</strong> de seus ex-colaboradores do LesteEuropeu, e, ain<strong>da</strong> tendo que se manter frente ao histórico <strong>em</strong>bargo econômico imposto pelosEstados Unidos. Essa é uma questão também trata<strong>da</strong> na <strong>revista</strong>, quanto ao questionamento<strong>sob</strong>re até que ponto o <strong>em</strong>bargo pode ser responsabilizado pela crise política <strong>em</strong> Cuba. Obloqueio se tornou o grande inimigo que justifica to<strong>da</strong> crise econômica interna e anecessi<strong>da</strong>de de endurecimento do regime para combater os opositores, consideradoscolaboradores <strong>da</strong> política econômica dos Estados Unidos contra Cuba.Mas paralelamente à conjuntura internacional, a socie<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na a partir dosanos 1990 deparou-se com a intensificação do processo de <strong>em</strong>igração, por motivaçãoeconômica, e do exílio, por perseguição política, e o governo se utilizou desses fenômenoscomo estratégia de eliminação <strong>da</strong> dissidência interna e salvaguar<strong>da</strong>r sua estrutura de poder. Acontinui<strong>da</strong>de do regime castrista, do ponto de vista governamental, consistia norecrudescimento <strong>da</strong> defesa frente à adversi<strong>da</strong>de do mundo global e no autoritarismo frente àpopulação <strong>cuba</strong>na. A prática adota<strong>da</strong> pelo governo para manter coesa a socie<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na <strong>em</strong>relação à ameaça de um retorno à dependência <strong>da</strong>s relações capitalistas, <strong>sob</strong>retudo <strong>em</strong> relaçãoaos Estados Unidos, t<strong>em</strong> sido controlar internamente sua oposição, prendendo-a, silenciando-aou expulsando-a de seu território.A <strong>em</strong>igração nesse momento esteve associa<strong>da</strong> ao exílio, questão muito debati<strong>da</strong>entre os intelectuais <strong>cuba</strong>nos, pois alguns diferenciam essas noções e até faz<strong>em</strong> contraposiçãoentre elas por considerar o exílio um fenômeno explicitamente político, enquanto a <strong>em</strong>igraçãotraz uma noção de neutrali<strong>da</strong>de, devendo ser analisa<strong>da</strong> enquanto fenômeno histórico-<strong>cultura</strong>lde Cuba e de todo o Caribe. Nesse caso, as diferenças ou fronteiras entre exílio e migraçãopod<strong>em</strong> se constituir pouco precisas, pois as <strong>em</strong>igrações <strong>em</strong> balsas pod<strong>em</strong> ser vistas como umexílio voluntário, mesmo que indiretamente forçado pelas condições sociopolíticas. RafaelRojas, <strong>em</strong> seu artigo na Encuentro de la Cultura Cubana, compreende essa relação utilizando21 GONZALES, Viviana Togores. Cuba: Los Efectos Sociales de la Crisis y el Ajuste Económico de los Año 90.Centro de Estudos de la Economia Cubana. Universi<strong>da</strong>d de la Habana.
27o termo “diáspora” para designar o espaço <strong>em</strong> que <strong>em</strong>igração e exílio se encontram reunidos efaz referência crítica a alguns autores que discut<strong>em</strong> essa questão, entre eles Victor Fowler(Mira<strong>da</strong>s a la identi<strong>da</strong>d de la literatura de la diáspora, Revista T<strong>em</strong>as, 1996, n. 6) porabor<strong>da</strong>r as noções de <strong>em</strong>igração e exílio numa contraposição binária, mas a refuta:No veo, pues, una relación excluyente entre los conceptos de diáspora yexílio, ya que la primera quiere significar el conjunto de todos los espaciosmigratorios, mientras que el segundo se refiere a un tipo específico de<strong>em</strong>igración: aquélla que concibe el éxodo como destierro nacional, comoviaje hacia la oposición política. Dicho gráficamente: Miami es un lugar dela diáspora, pero la mayoría de sus habitantes aún vive en el exilio. 22A diáspora é um termo que se origina <strong>da</strong> história <strong>da</strong> dispersão ju<strong>da</strong>ica. Para Rojas,no contexto <strong>da</strong> marginalização <strong>cultura</strong>l e política pós-revolucionária, a diáspora compreendeum mapa onde não há um território fixo para a <strong>em</strong>igração, é uma representação que denominade “desterritorializa<strong>da</strong>”, que vai de um desterro ao cosmopolitismo entr<strong>em</strong>eado por umafronteira flexível. É todo espaço que abriga os diferentes movimentos migratórios, ondeocorre o descentramento para uma identi<strong>da</strong>de mais aberta e <strong>cultura</strong>lmente heterogênea. E noespaço diaspórico o exílio se encontra, constituindo-se neste “ci<strong>da</strong>dão do não-lugar” quequebra a identi<strong>da</strong>de nacional revolucionária, por isto sua mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de numa <strong>em</strong>igraçãopolítico-<strong>cultura</strong>l, para <strong>em</strong> outros lugares test<strong>em</strong>unhar uma identi<strong>da</strong>de híbri<strong>da</strong> que rompe oslimites do nacionalismo. 23 A diáspora não é todo exílio, <strong>da</strong> mesma forma que o exílio não éto<strong>da</strong> diáspora. Mas o exílio ocupa o conjunto extraterritorial <strong>da</strong> diáspora, que conduz suanacionali<strong>da</strong>de a espaços nacionais diversos. O espaço extraterritorial é compreendido comotodo aquele ocupado pelos <strong>cuba</strong>nos fora de Cuba, onde sua identi<strong>da</strong>de <strong>cultura</strong>l é representa<strong>da</strong>e refeita na produção de novos símbolos e novos sentidos conforme Suart Hall concebe aidenti<strong>da</strong>de: “As <strong>cultura</strong>s nacionais, ao produzir sentidos <strong>sob</strong>re ‘nação’, sentidos com os quaispod<strong>em</strong>os nos identificar, constro<strong>em</strong> identi<strong>da</strong>des.” 24 E, esta produção de sentido não se dáapenas <strong>em</strong> circunstâncias limites do território nacional, mas também <strong>em</strong> condiçõesextraterritoriais.Como ex<strong>em</strong>plo <strong>da</strong> <strong>em</strong>igração <strong>cuba</strong>na, entre 1989 e 1994, 16.778 pessoas partiramde Cuba rumo aos EUA de maneira clandestina, conforme <strong>da</strong>dos apresentados no artigo de22 ROJAS, Rafael. Diaspora y literatura. Revista Encuentro de la Cultura Cubana. Madrid. Primavera /Verano de 1999. Vol.12/13. p.14023 Ibid<strong>em</strong>. pp. 136-14624 HALL, Stuart. A Identi<strong>da</strong>de Cultural na Pós-Moderni<strong>da</strong>de. DP&A Editora. Rio de Janeiro. 2001. p.51
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