106qualquer ameaça de um possível retorno de invasão e opressão norte-americana. Mantém-seuma supr<strong>em</strong>acia política sustenta<strong>da</strong> por esse mito unificador <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de nacional <strong>cuba</strong>na.E, paradoxalmente, a nação se fragiliza por ter que <strong>sob</strong>reviver <strong>sob</strong> o t<strong>em</strong>or de tal risco, sendopersegui<strong>da</strong>, persistent<strong>em</strong>ente, pelos mecanismos oficiais de propagan<strong>da</strong>, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong>que os Estados Unidos perpetuam, por outro lado, sua ação política exterior de terrorismo,reforçando o t<strong>em</strong>or não só dentro de Cuba, mas mundialmente. Uma outra versão de atavismoque reproduz a idéia de nação “superior”. Para sustentar o equilíbrio nacional há que seapoderar de uma certeza política e eternizá-la.Novamente, é importante citar Bhabha quando abor<strong>da</strong> o aprendizado pelaexperiência <strong>da</strong> dominação, <strong>da</strong> diáspora, do deslocamento, dos refugiados, <strong>da</strong> migração <strong>da</strong>sregiões periféricas no mundo para os grandes centros metropolitanos. No capítulo “O Pós-Colonial e o Pós-Moderno” ele afirma:... to<strong>da</strong> uma gama de teorias críticas cont<strong>em</strong>porâneas sugere que é comaqueles que sofreram o sentenciamento <strong>da</strong> história – subjugação, dominação,diáspora, deslocamento – que aprend<strong>em</strong>os nossas lições mais duradouras devi<strong>da</strong> e pensamento.... A dimensão transnacional <strong>da</strong> transformação <strong>cultura</strong>l – migração, diáspora,deslocamento, relocação – torna o processo de tradução <strong>cultura</strong>l uma formacomplexa de significação. 169A abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> <strong>da</strong> tradução <strong>cultura</strong>l defendi<strong>da</strong> por Bhabha nos sugere uma outraperspectiva de compreensão dos conflitos mundiais <strong>em</strong> que sejam supera<strong>da</strong>s as formaspolíticas oposicionais e tradicionalmente binárias. Traduz a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s chama<strong>da</strong>s<strong>cultura</strong>s transnacionais, a flexibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s fronteiras <strong>cultura</strong>is que t<strong>em</strong> encenado as mu<strong>da</strong>nçasnas experiências históricas do mundo moderno, tanto o capitalismo quanto o socialismo –história dos hibridismos <strong>cultura</strong>is, <strong>da</strong>s migrações, dos exílios e <strong>da</strong>s minorias. É conceber a<strong>cultura</strong> não como um processo completo, fechado e pré-definido por conceitos nacionalistas,mas aberto às circunstâncias históricas não convencionais e à possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> tolerância esoli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de transnacional.Como ex<strong>em</strong>plificação <strong>da</strong> história aprendi<strong>da</strong> pelos exilados e d<strong>em</strong>ais minorias aque Bhabha menciona, e de como a <strong>revista</strong> Encuentro de la Cultura Cubana representa umespaço para que os intelectuais exilados narr<strong>em</strong> suas experiências, dois artigos serãoabor<strong>da</strong>dos <strong>em</strong> segui<strong>da</strong>. Primeiro, a descrição por Manuel Díaz Martínez de seu exílio, e169 BHABHA, Homi K. O Local <strong>da</strong> Cultura. Tradução de M. Ávila, E.L. de Lima Reis, G.R. Gonçalves. BeloHorizonte. Editora UFMG. 2001. p. 240-241
107segundo como representação <strong>da</strong>s mulheres no exílio, a análise de Madeline Cámara <strong>sob</strong>re aresistência f<strong>em</strong>inina na poesia de Maria Elena Cruz Varela <strong>em</strong> seu livro El Angel Agotado.Manuel Díaz Martínez 170 de Las Palmas de Gran Canária, narra para a Encuentrode la Cultura Cubana <strong>em</strong> 1996 o episódio de seu exílio e o inicia por situar a tentativa dosintelectuais <strong>cuba</strong>nos <strong>em</strong> estabelecer uma negociação com o governo acerca <strong>da</strong> crise política.A referi<strong>da</strong> tentativa foi encaminha<strong>da</strong> na entrega <strong>da</strong> Declaración de Inteletuales Cubanos <strong>em</strong>maio de 1991 ao Conselho de Estado e ao Comitê Central do Partido Comunista Cubano. 171Reivindicava-se na Declaración um diálogo entre as diferentes tendênciaspolíticas, eleições diretas e com voto secreto para deputados <strong>da</strong> Ass<strong>em</strong>bléia Nacional,liber<strong>da</strong>de para os presos políticos, para os camponeses produzir<strong>em</strong> por iniciativa própria,entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> livre dos ci<strong>da</strong>dãos de Cuba. A Declaração foi batiza<strong>da</strong> por jornalistas deCarta de los Diez. 172 Segundo Manuel Díaz, a repercussão na imprensa <strong>cuba</strong>na foi imediata.Em 15 de junho, o editorial do jornal oficial Granma responde à Carta com o título “Unanueva maniobra de la CIA” e o autor cita trechos ilustrativos <strong>da</strong> reação oficial, como “losherederos ideológicos del anexionismo”, “traición” e “abyecta colaboración con los en<strong>em</strong>igoshistóricos de la nación <strong>cuba</strong>na”. Em segui<strong>da</strong>, o Conselho Nacional <strong>da</strong> UNEAC confirma aposição do Granma dirigindo-se aos assinantes <strong>da</strong> Carta um pronunciamento <strong>em</strong> que trazexpressões s<strong>em</strong>elhantes: “ejecutores de una operación en<strong>em</strong>iga”, “el ejercicio de la traición” e“un expediente fuera de Cuba”. Esse pronunciamento resultou na expulsão de Manuel DíazMartínez <strong>da</strong> UNEAC, gerando uma polêmica entre seus m<strong>em</strong>bros, <strong>em</strong> função de muitosdeclarar<strong>em</strong> não assinantes do documento. Portanto, para o escritor, uma manobra oficial foiarquiteta<strong>da</strong> contra os autores <strong>da</strong> Carta de los Diez. Além de expulso <strong>da</strong> UNEAC, Manuel Díazfoi d<strong>em</strong>itido <strong>da</strong> Radio Enciclopédia, <strong>em</strong>issora na qual trabalhava como jornalista e diretor deprogramas musicais. Os d<strong>em</strong>ais assinantes foram também destituídos de suas funções, alémde prisões, policiamento, invasões a domicílio, vigilância política denomina<strong>da</strong> de “hermanode la costa” explica<strong>da</strong> por Martínez:170Manuel Díaz Martinez é poeta e jornalista nascido <strong>em</strong> Santa Clara (Cuba, 1936), é colaborador <strong>da</strong> <strong>revista</strong>desde o primeiro número e, após a morte de Jesús Díaz <strong>em</strong> 2002, assumiu junto com Rafael Rojas a direção <strong>da</strong>Encuentro de la Cultura Cubana.171 MARTINEZ, Manuel Díaz. La carta de los diez. Revista Encuentro… Madrid. Otoño de 1996. Vol.2. pp.22-30.172 Entre os assinantes <strong>da</strong> Carta, Martinez menciona a poeta Maria Elena Cruz Varela (exila<strong>da</strong> na Espanha); opoeta e jornalista Raúl Rivero (permaneceu <strong>em</strong> Cuba até o ano de 2004., colaborador <strong>da</strong> Encuentro); o jornalistaFernando Velásquez Medina; o jornalista Victor Manuel Serpa (exilado nos EUA); o escritor Roberto LuqueEscalona (não encontrado o local de exílio); a re<strong>da</strong>tora <strong>da</strong> <strong>revista</strong> Mujeres Nancy Estra<strong>da</strong> Galbán (exila<strong>da</strong> nosEUA); o novelista Manuel Granados (exilado na França); o novelista José Lorenzo Fuentes (exilado nos EUA);poeta e narrador Bernardo Marqués Ravelo, esposo de Nancy Estra<strong>da</strong> (exilado nos EUA); o subdiretor do TeatroMusical de la Habana Angel Mas Betancourt (não encontrado o local de exílio); o tradutor e germanista JorgePomar Montavo (não encontrado o local de exílio).
- Page 1 and 2:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁSFACUL
- Page 3 and 4:
3Goiânia2006MARIA MARTHA LUÍZA CI
- Page 5 and 6:
5AGRADECIMENTOSÀ professora e orie
- Page 7 and 8:
7RESUMOO objetivo deste trabalho é
- Page 9 and 10:
9LISTA DE TABELASNúmero Descriçã
- Page 11 and 12:
111. INTRODUÇÃORetratar a histór
- Page 13:
13Ou seja, que outros discursos tê
- Page 16 and 17:
16especificidades da fundação da
- Page 18 and 19:
18movimento de imagens e reflexões
- Page 20 and 21:
20discurso representativo alerta pa
- Page 22 and 23:
22As referências teóricas sobre e
- Page 24 and 25:
24O momento da globalização apres
- Page 26 and 27:
26aproximadamente 34% do PIB. Diant
- Page 28 and 29:
28Holly Ackerman, que aspiravam con
- Page 30 and 31:
30da cultura cubana tem sido criar
- Page 32 and 33:
32perderam seus bens e capitais e b
- Page 34 and 35:
34acolhimento da produção narrati
- Page 36 and 37:
36da identidade cultural cubana par
- Page 38 and 39:
38Tabela 1: Fundadores da Revista E
- Page 40 and 41:
40de la diáspora y otros especiali
- Page 42 and 43:
422.4. JESÚS DÍAZ E SUA ÉPOCAA v
- Page 44 and 45:
44ilustrar a presença dessa concep
- Page 46 and 47:
46aspiravam seus colaboradores. Mas
- Page 48 and 49:
48Outro fator relevante para sua de
- Page 50 and 51:
50As tabelas abaixo mostrarão o qu
- Page 52 and 53:
52Tabela 2.2: Colaboradores Cubanos
- Page 54 and 55:
54sociedad una de sus principales l
- Page 56 and 57: 56En nuestras páginas hallarán ca
- Page 58 and 59: 58VENEZUELA 3 0,60Total 499 100Font
- Page 60 and 61: 60GEÓGRAFO 1 0,20HISTORIADOR(A) 34
- Page 62 and 63: 62temas dos artigos levou à compre
- Page 64 and 65: 64De um modo geral, os dados acima
- Page 66 and 67: 66contexto cubano atual está regis
- Page 68 and 69: 68mediar uma representação cultur
- Page 70 and 71: 70reflete sobre o caráter transgre
- Page 72 and 73: 72intereses de la nación entera, n
- Page 74 and 75: 74Na perspectiva da chamada histór
- Page 76 and 77: 76que se repite (1989), explicita a
- Page 78 and 79: 78Nuestra aspiración es abrir una
- Page 80 and 81: 80várias histórias e culturas int
- Page 82 and 83: 82se a estigmatização de seu opos
- Page 84 and 85: 84efectiva mi gestión promoviendo
- Page 86 and 87: 86atitude fundamentalmente própria
- Page 88 and 89: 88“With the Cold War over and new
- Page 90 and 91: 90Gastón Baquero interessa como es
- Page 92 and 93: 923.2. EXÍLIO - A IDENTIDADE DO OU
- Page 94 and 95: 94territorial e identitário único
- Page 96 and 97: 96partir do movimento de emigrados
- Page 98 and 99: 98Enfim, o que está sendo ressigni
- Page 100 and 101: 100empreendimento limitador por que
- Page 102 and 103: 102Raul Rivero 159 expressa um outr
- Page 104 and 105: 104These formations have all been o
- Page 108 and 109: 108En Cuba, cada escritor o artista
- Page 110 and 111: 110mais privada das emoções priva
- Page 112 and 113: 112Encuentro de la Cultura Cubana c
- Page 114 and 115: 114Em uma resenha produzida por Man
- Page 116 and 117: 116referem diretamente à experiên
- Page 118 and 119: 118mencionados. Há um trecho em se
- Page 120 and 121: 120...Cuba es un país gravemente e
- Page 122 and 123: 122Numa entrevista a Tomás Gutiér
- Page 124 and 125: 124categorias mais do que mencionar
- Page 126 and 127: 126diante da impossibilidade da qua
- Page 128 and 129: 128Essa correlação configura uma
- Page 130 and 131: 130segundo capítulo, também confi
- Page 132 and 133: 132incluido no conjunto de assinatu
- Page 134 and 135: 134Por cortesía de Eduardo Muñoz
- Page 136 and 137: 136confirmada pela carta de Jeanett
- Page 138 and 139: 138Na carta de Rolando Sánchez Mej
- Page 140 and 141: 140condenem seus antecessores, a cu
- Page 142 and 143: 1421960, e ainda adverte sobre o pe
- Page 144 and 145: 144finalidade elaborada para interp
- Page 146 and 147: 146inmejorable de información y do
- Page 148 and 149: 148Estoy interesado en completar mi
- Page 150 and 151: 150No dejen de publicar la verdad,
- Page 152 and 153: 152contrária às polaridades negat
- Page 154 and 155: 154expresión cultural cubana. ANDR
- Page 156 and 157:
156migratórios conduzem a uma aber
- Page 158 and 159:
158representar para a história de
- Page 160 and 161:
160destacou a repercussão que esta
- Page 162 and 163:
162Soy un poeta y ensayista cubano
- Page 164 and 165:
164números de Encuentro y como es
- Page 166 and 167:
1665. CONCLUSÃOA conclusão de um
- Page 168 and 169:
168contempla as diferenças nas ins
- Page 170 and 171:
170O intercâmbio de idéias aproxi
- Page 172 and 173:
172__________. El fin de otra ilusi
- Page 174 and 175:
174MONREAL, Pedro. Las remesas fami