82se a estigmatização de seu oposto num imaginário segregacionista de qu<strong>em</strong> não corresponde àconcepção universal de hom<strong>em</strong>. A alteri<strong>da</strong>de estigmatiza<strong>da</strong> se torna, então, o anti-hom<strong>em</strong>.Aquele que afronta esse projeto <strong>em</strong> interesse que não seja o definido como universal, estácontrariando a condição humana, portanto, é inimigo <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de ou <strong>da</strong> própria naturezahumana.Esta análise se encontra <strong>em</strong> Koselleck <strong>em</strong> que afirma que na pretensa idéia deuniversali<strong>da</strong>de do hom<strong>em</strong> ou na formulação de uma humani<strong>da</strong>de única, há o pressuposto paraa construção s<strong>em</strong>ântica dos dualismos na história. 112 O limite do humano é definido pelo seuoposto – o comportamento anti-humano. Desse modo, o conceito de humani<strong>da</strong>de estáintimamente ligado a uma concepção política que toma para si a tarefa de promover suaextensão e uni<strong>da</strong>de a todos os homens, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que os divide na construção doreferencial do humano e do não humano. Quando se pretende estendê-lo, prontifica-se umavisão única a ser segui<strong>da</strong> de tal modo a alcançar a sintonia ou a igual<strong>da</strong>de de consciência e decomportamento dentro <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.Para Koselleck o conceito de hom<strong>em</strong> universal se valeu ao longo <strong>da</strong> história paradiscriminar, julgar outros grupos de homens e, ain<strong>da</strong>, para manipular conforme determinadosinteresses políticos. 113 Koselleck cita alguns ex<strong>em</strong>plos na história acerca <strong>da</strong> construção destaconcepção assimétrica, como “gregos e bárbaros”, “cristãos e pagãos”, “iluministas e nãoiluministas”, “arianos e não arianos”. São denominações que Koselleck as reúne nos conceitosmais amplos de “superhombre” e “infrahombre”, utilizados para <strong>sob</strong>repor uma <strong>cultura</strong> <strong>sob</strong>reoutra ou uma ideologia se impor <strong>sob</strong>re o conjunto <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Tais classificações arbitram<strong>sob</strong>re posturas individuais e sociais, <strong>em</strong> que determinados grupos de homens se tornam maisdo que humanos, ou um tipo superior de hom<strong>em</strong>, e desta visão se deriva o hom<strong>em</strong> criado paraser negado, marginalizado como “infrahombre”. O desdobramento político desses conceitos éobservado por Koselleck: “El concepto total de humani<strong>da</strong>d produjo, una vez manipuladopolíticamente, consecuencias totalitarias.” 114O mesmo autor analisa <strong>em</strong> Marx sua formulação do ideal de hom<strong>em</strong> e o cita: “sulugar ocupará en el futuro el hombre total, que no es sólo un proyecto personal perfecto, sinoun tipo de mundo libre de dominación y producido socialmente.” 115 Depreende-se que dos112 KOSELLECK, Reinhart. Futuro pasado. Para una s<strong>em</strong>ántica de los ti<strong>em</strong>pos históricos. Ed. PaidósBásica.1993. Espanha. p. 236. Cf. também Poetics of Relation de Edouard Glissant; Caliban’s Reason de PagetHenry; O Local <strong>da</strong> Cultura de Homi K. Bhabha; El bárbaro imaginaro de Laënnec Hurbon <strong>sob</strong>re a crítica àrazão dualista <strong>em</strong> diferentes contextos históricos.113 Ibid<strong>em</strong>. p. 243114 Ibid<strong>em</strong>. p. 244115 Ibid<strong>em</strong>. p. 247
83conceitos antitéticos esboçados anteriormente, com referência na análise de Koselleck,pod<strong>em</strong> ser associados à experiência que concebe o “hom<strong>em</strong> novo” projetado para ser superiorao que to<strong>da</strong> história já construiu no passado, superar os conflitos <strong>da</strong> velha ord<strong>em</strong> social,libertar-se <strong>da</strong> dominação no plano pessoal e coletivo. O objetivo final é conquistar o hom<strong>em</strong>do futuro, o “hom<strong>em</strong> total” e fazê-lo chegar à totali<strong>da</strong>de dos homens. No socialismo esseprojeto buscou sua efetivação política, pelos mecanismos institucionais, impondo a condiçãode equivalência entre “hom<strong>em</strong> novo” e “ser revolucionário” à totali<strong>da</strong>de social. Sobre talcondição logrou-se a divisão <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na na desigual<strong>da</strong>de entre os “autenticamenterevolucionários” e os “não-revolucionários”, aqueles que não cumpriam o projeto do “hom<strong>em</strong>novo” e por isso lhes foi negado o pertencimento à história de seu país. A carta de CheGuevara é ilustrativa de como as instituições políticas deveriam encaminhar a “seleçãonatural” entre os “revolucionários” e os “não-revolucionários” segundo a argumentação deque “não há vi<strong>da</strong> fora <strong>da</strong> Revolução”. 116Los dirigentes de la Revolución tienen hijos que en sus primeros balbuceos,no aprenden a nombrar al padre; mujeres que deben ser parte del sacrificiogeneral de su vi<strong>da</strong> para llevar la Revolución a su destino; el marco de losamigos responde estrictamente al marco de los compañeros de Revolución.No hay vi<strong>da</strong> fuera de ella.Todo esto entraña, para su éxito total, la necesi<strong>da</strong>d de una serie d<strong>em</strong>ecanismos, las instituciones revolucionarias. En la imagen de lasmultitudes marchando hacia el futuro, encaja el concepto deinstitucionalización como el de un conjunto armónico de canales, escalones,represas, aparatos bien aceitados que permitan esa marcha, que permitan laselección natural de los destinados a caminar en la vanguardia y queadjudiquen el pr<strong>em</strong>io y el castigo a los que cumplen o atenten contra lasocie<strong>da</strong>d en construcción. 117Esse discurso ain<strong>da</strong> é atual e reproduzido juntamente com o proferido por FidelCastro aos intelectuais <strong>em</strong> 1961, Palabras a los Intelectuales (já citado no início destecapítulo), que Armando Hart o reitera com fideli<strong>da</strong>de <strong>em</strong> 1996:Cuando se creó el Ministerio de Cultura, en deci<strong>em</strong>bro de 1976, entendí quese me había situado en esta responsabili<strong>da</strong>d para aplicar los principiosenunciados por Fidel Castro en “Palabras a los intelectuales” y para desterrarradicalmente la debili<strong>da</strong>des y los errores que habían surgido en lainstrumentación de esa política. Consideré que sólo era posible hacer más116 GUEVARA, Che. Texto dirigido a Carlos Quijano, del s<strong>em</strong>anario "Marcha", Montevideo, marzo de 1965.Leopoldo Zea, Editor. "Ideas en torno de Latinoamérica". Vol. I. México: UNAM, 1986. Disponível <strong>em</strong>:http://www.fmmeducacion.com.ar/Historia/Documentoshist/1965elhombrenuevoche.htm117 Ibid<strong>em</strong>
- Page 1 and 2:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁSFACUL
- Page 3 and 4:
3Goiânia2006MARIA MARTHA LUÍZA CI
- Page 5 and 6:
5AGRADECIMENTOSÀ professora e orie
- Page 7 and 8:
7RESUMOO objetivo deste trabalho é
- Page 9 and 10:
9LISTA DE TABELASNúmero Descriçã
- Page 11 and 12:
111. INTRODUÇÃORetratar a histór
- Page 13:
13Ou seja, que outros discursos tê
- Page 16 and 17:
16especificidades da fundação da
- Page 18 and 19:
18movimento de imagens e reflexões
- Page 20 and 21:
20discurso representativo alerta pa
- Page 22 and 23:
22As referências teóricas sobre e
- Page 24 and 25:
24O momento da globalização apres
- Page 26 and 27:
26aproximadamente 34% do PIB. Diant
- Page 28 and 29:
28Holly Ackerman, que aspiravam con
- Page 30 and 31:
30da cultura cubana tem sido criar
- Page 32 and 33: 32perderam seus bens e capitais e b
- Page 34 and 35: 34acolhimento da produção narrati
- Page 36 and 37: 36da identidade cultural cubana par
- Page 38 and 39: 38Tabela 1: Fundadores da Revista E
- Page 40 and 41: 40de la diáspora y otros especiali
- Page 42 and 43: 422.4. JESÚS DÍAZ E SUA ÉPOCAA v
- Page 44 and 45: 44ilustrar a presença dessa concep
- Page 46 and 47: 46aspiravam seus colaboradores. Mas
- Page 48 and 49: 48Outro fator relevante para sua de
- Page 50 and 51: 50As tabelas abaixo mostrarão o qu
- Page 52 and 53: 52Tabela 2.2: Colaboradores Cubanos
- Page 54 and 55: 54sociedad una de sus principales l
- Page 56 and 57: 56En nuestras páginas hallarán ca
- Page 58 and 59: 58VENEZUELA 3 0,60Total 499 100Font
- Page 60 and 61: 60GEÓGRAFO 1 0,20HISTORIADOR(A) 34
- Page 62 and 63: 62temas dos artigos levou à compre
- Page 64 and 65: 64De um modo geral, os dados acima
- Page 66 and 67: 66contexto cubano atual está regis
- Page 68 and 69: 68mediar uma representação cultur
- Page 70 and 71: 70reflete sobre o caráter transgre
- Page 72 and 73: 72intereses de la nación entera, n
- Page 74 and 75: 74Na perspectiva da chamada histór
- Page 76 and 77: 76que se repite (1989), explicita a
- Page 78 and 79: 78Nuestra aspiración es abrir una
- Page 80 and 81: 80várias histórias e culturas int
- Page 84 and 85: 84efectiva mi gestión promoviendo
- Page 86 and 87: 86atitude fundamentalmente própria
- Page 88 and 89: 88“With the Cold War over and new
- Page 90 and 91: 90Gastón Baquero interessa como es
- Page 92 and 93: 923.2. EXÍLIO - A IDENTIDADE DO OU
- Page 94 and 95: 94territorial e identitário único
- Page 96 and 97: 96partir do movimento de emigrados
- Page 98 and 99: 98Enfim, o que está sendo ressigni
- Page 100 and 101: 100empreendimento limitador por que
- Page 102 and 103: 102Raul Rivero 159 expressa um outr
- Page 104 and 105: 104These formations have all been o
- Page 106 and 107: 106qualquer ameaça de um possível
- Page 108 and 109: 108En Cuba, cada escritor o artista
- Page 110 and 111: 110mais privada das emoções priva
- Page 112 and 113: 112Encuentro de la Cultura Cubana c
- Page 114 and 115: 114Em uma resenha produzida por Man
- Page 116 and 117: 116referem diretamente à experiên
- Page 118 and 119: 118mencionados. Há um trecho em se
- Page 120 and 121: 120...Cuba es un país gravemente e
- Page 122 and 123: 122Numa entrevista a Tomás Gutiér
- Page 124 and 125: 124categorias mais do que mencionar
- Page 126 and 127: 126diante da impossibilidade da qua
- Page 128 and 129: 128Essa correlação configura uma
- Page 130 and 131: 130segundo capítulo, também confi
- Page 132 and 133:
132incluido no conjunto de assinatu
- Page 134 and 135:
134Por cortesía de Eduardo Muñoz
- Page 136 and 137:
136confirmada pela carta de Jeanett
- Page 138 and 139:
138Na carta de Rolando Sánchez Mej
- Page 140 and 141:
140condenem seus antecessores, a cu
- Page 142 and 143:
1421960, e ainda adverte sobre o pe
- Page 144 and 145:
144finalidade elaborada para interp
- Page 146 and 147:
146inmejorable de información y do
- Page 148 and 149:
148Estoy interesado en completar mi
- Page 150 and 151:
150No dejen de publicar la verdad,
- Page 152 and 153:
152contrária às polaridades negat
- Page 154 and 155:
154expresión cultural cubana. ANDR
- Page 156 and 157:
156migratórios conduzem a uma aber
- Page 158 and 159:
158representar para a história de
- Page 160 and 161:
160destacou a repercussão que esta
- Page 162 and 163:
162Soy un poeta y ensayista cubano
- Page 164 and 165:
164números de Encuentro y como es
- Page 166 and 167:
1665. CONCLUSÃOA conclusão de um
- Page 168 and 169:
168contempla as diferenças nas ins
- Page 170 and 171:
170O intercâmbio de idéias aproxi
- Page 172 and 173:
172__________. El fin de otra ilusi
- Page 174 and 175:
174MONREAL, Pedro. Las remesas fami