128Essa correlação configura uma “experiência estética” – fazendo uma ponte comas reflexões de Jauss – que se efetiva por meio <strong>da</strong> narrativa sociológica, histórica,antropológica, literária e artística que possibilita o indivíduo reconhecer-se a si mesmo e suahistória, vislumbrar uma reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> qual não possui o controle <strong>sob</strong>re ela e busca por meio<strong>da</strong> palavra exercer algum domínio de seu cotidiano. O indivíduo encontra na experiênciaestética uma forma de inserção que interrompe a expressão reprimi<strong>da</strong>, o silêncio imposto, eestimula o efeito “catarse”, que para Jauss “(...) echa mano de experiencias futuras y abre elabanico de formas posibles de actuación; (...)” A ação catártica seria a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>experiência estética na relação escritor-leitor <strong>da</strong> qual <strong>em</strong>erge uma nova leitura e escritaprodutora de novas identificações simbólicas transgressoras. Segundo Jauss, o diálogo entreobra e público possibilita que as instâncias <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de tenham “participación activa en laformación y transformación de los significados, que es lo que hace que una obra vivahistoricamente”. 218Nesse sentido o trabalho com as cartas adquire sua importância na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> queo diálogo entre os <strong>cuba</strong>nos se efetiva tendo como obra referência a <strong>revista</strong> Encuentro de laCultura Cubana na produção comunicativa com os leitores, que se identificam peloencontro narrativo, interag<strong>em</strong> com suas interpretações, observações críticas e a difund<strong>em</strong> nocontexto de expectativas de mu<strong>da</strong>nças. Eles externam sua compreensão interessa<strong>da</strong> e críticanos t<strong>em</strong>as abor<strong>da</strong>dos pelos colaboradores e anseiam por um canal <strong>em</strong> que o isolamento <strong>da</strong> Ilhapossa ser suplantado.Tal compreensão dos leitores corresponde ao nível de “identificação primária”,como a “admiração, <strong>em</strong>oção, o rir-se com, o chorar-se com”, abor<strong>da</strong>do por Jauss numa críticaà concepção estética de Adorno. Por sua vez, Adorno qualifica de “frívola” esta forma deidentificação porque é explora<strong>da</strong> pela indústria <strong>cultura</strong>l e se conforma ideologicamente comos interesses do poder, portanto, a reflexão estética deve-se <strong>da</strong>r num nível além do prazer paraque a autonomia lhe seja atesta<strong>da</strong>. E no que toca a experiência estética <strong>em</strong> sua produção,recepção e comunicação, Jauss considera que é precisamente o “prazer” <strong>da</strong> identificaçãoprovocado pela arte ou por outra obra de criação que constitui o “objeto <strong>da</strong> reflexão estética”.O prazer t<strong>em</strong> o efeito impulsionador <strong>da</strong> identificação, <strong>da</strong> autonomia comunicativa e <strong>da</strong>recriação no entorno histórico. Valoriza, então, a “identificação primária” como condiçãorelevante para a atuação transgressora, pois o ato de se <strong>em</strong>ocionar com a obra traz a218 Ibid<strong>em</strong>. pp. 40 e 55
129proximi<strong>da</strong>de com determina<strong>da</strong>s produções de sentido que alimentam no indivíduo a ação derecriar, capaz de estabelecer relações novas com o contexto social. 219A relevância <strong>da</strong> concepção de Jauss reside <strong>em</strong> situar o receptor, que a propósito éo leitor <strong>da</strong> <strong>revista</strong> Encuentro de la Cultura Cubana, como integrante <strong>da</strong> obra na funçãocomunicativa social. O leitor não é mero espectador, mas um sujeito também autônomo juntoà obra, compondo um universo de relações simbólicas interpretativas, subversivas e atuantes.É nessa perspectiva teórica que a visão dos leitores foi trazi<strong>da</strong> à análise desse trabalho, porqueatravés <strong>da</strong>s cartas se vê representa<strong>da</strong> nessa experiência e participa <strong>em</strong> sua identificação com aobra exposta.A análise <strong>da</strong>s cartas percorrerá um campo mais subjetivo, com uma seleção quepossa oferecer discussão acerca do posicionamento do leitor perante a concepção <strong>da</strong> <strong>revista</strong>,tendo <strong>em</strong> vista que é imprecisa a abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> quantitativa dos <strong>da</strong>dos, porque oferec<strong>em</strong> poucasinformações para um detalhamento objetivo do perfil do leitor, <strong>sob</strong>retudo quando não é umdos colaboradores <strong>da</strong> <strong>revista</strong>. Dados como profissão, por ex<strong>em</strong>plo, não são declarados,tornando difícil definir com exatidão qu<strong>em</strong> é o leitor. A orig<strong>em</strong> do leitor écircunstancialmente apresenta<strong>da</strong>, seus <strong>da</strong>dos se restring<strong>em</strong> ao nome e à ci<strong>da</strong>de onde reside.Pod<strong>em</strong>os obter algumas informações quando a ci<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na é identifica<strong>da</strong> e o próprio leitorse apresenta como <strong>cuba</strong>no, ou quando reside fora de Cuba, refere-se no contexto <strong>da</strong> cartacomo pertencente à socie<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na, mas n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é possível precisar a orig<strong>em</strong>, porquenão está explicitamente coloca<strong>da</strong> na totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s correspondências. Portanto, não foi feitasua tabulação, porque tais <strong>da</strong>dos são pontualmente expressos.Mas, a maioria dos leitores é de <strong>cuba</strong>nos residentes <strong>em</strong> Cuba e no estrangeiro,contando também com uma quanti<strong>da</strong>de importante de leitores de outras nacionali<strong>da</strong>desinteressados pela <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>na como poderá ser observado pelas cartas. O que d<strong>em</strong>onstraque o debate <strong>sob</strong>re a <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>na traz possibili<strong>da</strong>des de compreensão teórica no campo <strong>da</strong>sciências humanas não só restrita ao contexto histórico <strong>cuba</strong>no, mas de estabelecer relaçõesentre diferentes experiências <strong>cultura</strong>is e políticas.Pelo conteúdo, pela forma ou linguag<strong>em</strong> <strong>da</strong>s cartas percebe-se que os leitoresapresentam um perfil intelectual e acadêmico que provavelmente encontram nessa leituraa ressonância de uma experiência que se materializa no debate <strong>cultura</strong>l e político <strong>sob</strong>reCuba. Muitos colaboradores <strong>da</strong> <strong>revista</strong> também enviam cartas dialogando com um artigoou outro como será observado. Os <strong>da</strong>dos do portal <strong>cuba</strong>encuentro.com, citados no219 Ibid<strong>em</strong>. pp. 54 e 57
- Page 1 and 2:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁSFACUL
- Page 3 and 4:
3Goiânia2006MARIA MARTHA LUÍZA CI
- Page 5 and 6:
5AGRADECIMENTOSÀ professora e orie
- Page 7 and 8:
7RESUMOO objetivo deste trabalho é
- Page 9 and 10:
9LISTA DE TABELASNúmero Descriçã
- Page 11 and 12:
111. INTRODUÇÃORetratar a histór
- Page 13:
13Ou seja, que outros discursos tê
- Page 16 and 17:
16especificidades da fundação da
- Page 18 and 19:
18movimento de imagens e reflexões
- Page 20 and 21:
20discurso representativo alerta pa
- Page 22 and 23:
22As referências teóricas sobre e
- Page 24 and 25:
24O momento da globalização apres
- Page 26 and 27:
26aproximadamente 34% do PIB. Diant
- Page 28 and 29:
28Holly Ackerman, que aspiravam con
- Page 30 and 31:
30da cultura cubana tem sido criar
- Page 32 and 33:
32perderam seus bens e capitais e b
- Page 34 and 35:
34acolhimento da produção narrati
- Page 36 and 37:
36da identidade cultural cubana par
- Page 38 and 39:
38Tabela 1: Fundadores da Revista E
- Page 40 and 41:
40de la diáspora y otros especiali
- Page 42 and 43:
422.4. JESÚS DÍAZ E SUA ÉPOCAA v
- Page 44 and 45:
44ilustrar a presença dessa concep
- Page 46 and 47:
46aspiravam seus colaboradores. Mas
- Page 48 and 49:
48Outro fator relevante para sua de
- Page 50 and 51:
50As tabelas abaixo mostrarão o qu
- Page 52 and 53:
52Tabela 2.2: Colaboradores Cubanos
- Page 54 and 55:
54sociedad una de sus principales l
- Page 56 and 57:
56En nuestras páginas hallarán ca
- Page 58 and 59:
58VENEZUELA 3 0,60Total 499 100Font
- Page 60 and 61:
60GEÓGRAFO 1 0,20HISTORIADOR(A) 34
- Page 62 and 63:
62temas dos artigos levou à compre
- Page 64 and 65:
64De um modo geral, os dados acima
- Page 66 and 67:
66contexto cubano atual está regis
- Page 68 and 69:
68mediar uma representação cultur
- Page 70 and 71:
70reflete sobre o caráter transgre
- Page 72 and 73:
72intereses de la nación entera, n
- Page 74 and 75:
74Na perspectiva da chamada histór
- Page 76 and 77:
76que se repite (1989), explicita a
- Page 78 and 79: 78Nuestra aspiración es abrir una
- Page 80 and 81: 80várias histórias e culturas int
- Page 82 and 83: 82se a estigmatização de seu opos
- Page 84 and 85: 84efectiva mi gestión promoviendo
- Page 86 and 87: 86atitude fundamentalmente própria
- Page 88 and 89: 88“With the Cold War over and new
- Page 90 and 91: 90Gastón Baquero interessa como es
- Page 92 and 93: 923.2. EXÍLIO - A IDENTIDADE DO OU
- Page 94 and 95: 94territorial e identitário único
- Page 96 and 97: 96partir do movimento de emigrados
- Page 98 and 99: 98Enfim, o que está sendo ressigni
- Page 100 and 101: 100empreendimento limitador por que
- Page 102 and 103: 102Raul Rivero 159 expressa um outr
- Page 104 and 105: 104These formations have all been o
- Page 106 and 107: 106qualquer ameaça de um possível
- Page 108 and 109: 108En Cuba, cada escritor o artista
- Page 110 and 111: 110mais privada das emoções priva
- Page 112 and 113: 112Encuentro de la Cultura Cubana c
- Page 114 and 115: 114Em uma resenha produzida por Man
- Page 116 and 117: 116referem diretamente à experiên
- Page 118 and 119: 118mencionados. Há um trecho em se
- Page 120 and 121: 120...Cuba es un país gravemente e
- Page 122 and 123: 122Numa entrevista a Tomás Gutiér
- Page 124 and 125: 124categorias mais do que mencionar
- Page 126 and 127: 126diante da impossibilidade da qua
- Page 130 and 131: 130segundo capítulo, também confi
- Page 132 and 133: 132incluido no conjunto de assinatu
- Page 134 and 135: 134Por cortesía de Eduardo Muñoz
- Page 136 and 137: 136confirmada pela carta de Jeanett
- Page 138 and 139: 138Na carta de Rolando Sánchez Mej
- Page 140 and 141: 140condenem seus antecessores, a cu
- Page 142 and 143: 1421960, e ainda adverte sobre o pe
- Page 144 and 145: 144finalidade elaborada para interp
- Page 146 and 147: 146inmejorable de información y do
- Page 148 and 149: 148Estoy interesado en completar mi
- Page 150 and 151: 150No dejen de publicar la verdad,
- Page 152 and 153: 152contrária às polaridades negat
- Page 154 and 155: 154expresión cultural cubana. ANDR
- Page 156 and 157: 156migratórios conduzem a uma aber
- Page 158 and 159: 158representar para a história de
- Page 160 and 161: 160destacou a repercussão que esta
- Page 162 and 163: 162Soy un poeta y ensayista cubano
- Page 164 and 165: 164números de Encuentro y como es
- Page 166 and 167: 1665. CONCLUSÃOA conclusão de um
- Page 168 and 169: 168contempla as diferenças nas ins
- Page 170 and 171: 170O intercâmbio de idéias aproxi
- Page 172 and 173: 172__________. El fin de otra ilusi
- Page 174 and 175: 174MONREAL, Pedro. Las remesas fami