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cultura e política em cuba sob o prisma da revista - UFG

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121possuidor de uma consciência transformadora. Ao assumir o discurso <strong>da</strong>s diferenças, há umaproposição <strong>em</strong> se desvencilhar de seu próprio poder discursivo <strong>sob</strong>re o outro e admitir arelação como condição <strong>em</strong> que a heterogenei<strong>da</strong>de fale e aja por si mesma. Michel Foucaultnuma conversa com Gilles Deleuze <strong>sob</strong>re os Intelectuais e o Poder, trata do poder discursivodos intelectuais e qual seu papel:O papel do intelectual não é mais o de se colocar “um pouco na frente ou umpouco de lado” para dizer a mu<strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de de todos; é antes o de lutar contraas formas de poder exatamente onde ele é, ao mesmo t<strong>em</strong>po, o objeto e oinstrumento: na ord<strong>em</strong> do saber, <strong>da</strong> “ver<strong>da</strong>de”, <strong>da</strong> “consciência”, dodiscurso. 209O grande desafio intelectual talvez esteja na sua capaci<strong>da</strong>de <strong>em</strong> entender que seupoder discursivo deve começar pela desconstrução de sua autori<strong>da</strong>de de consciência <strong>em</strong>relação ao outro, de sua representação como sujeito detentor de um saber e construtor decertezas a ser<strong>em</strong> reproduzi<strong>da</strong>s por outros. Mas ao contrário, reconhecer o poder de seudiscurso dentro de possibili<strong>da</strong>des abertas de conhecimento, na perspectiva de que conhecerimplica <strong>em</strong> estabelecer relações e convivências.Como desfecho para este capítulo o artigo de Paulo Antonio Paranaguá <strong>sob</strong>re ocin<strong>em</strong>a de Tomás Gutiérrez Alea foi selecionado por sintetizar três pontos aqui estu<strong>da</strong>dos: aposição dos intelectuais <strong>em</strong> Cuba; o exílio e a discussão <strong>sob</strong>re identi<strong>da</strong>de e uma transiçãopolítica. O título de seu artigo é Tomás Gutiérrez Alea (1928-1996) – Tensión yReconciliación no qual Paulo Paranaguá analisa os filmes de Alea, que segundo ele, traz<strong>em</strong>uma importante crítica ao realismo socialista, apontam as diferenças e contradições comosinais de vitali<strong>da</strong>de social presentes na obra do cineasta. Paranaguá afirma: “...para él elintelectual no puede conformarse con el escepticismo, el fatalismo, la impotencia, elpesimismo.” 210 A ênfase na heterogenei<strong>da</strong>de e heterodoxia de Alea pol<strong>em</strong>iza com as posturastanto dogmáticas quanto com as radicais hereges. E a identi<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na é concebi<strong>da</strong> pelacomplexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> relação entre o “<strong>cuba</strong>no” e o “universal”, o “nacional” e o “importado”, o“autêntico” e o “postiço”. Ele mostra como que para Alea as tensões sociais não pod<strong>em</strong> serresolvi<strong>da</strong>s eliminando de forma maniqueísta os extr<strong>em</strong>os <strong>em</strong> conflito e, <strong>em</strong> seus filmes, aomostrar essas tensões, sugere a reconciliação entre os <strong>cuba</strong>nos. 211209 FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Ed. Graal. Rio de Janeiro. 1979. p.71210 PARANAGUÁ, Paulo Antonio. Tomás Gutiérrez Alea (1928-1996) – Tensión y Reconciliación. RevistaEncuentro… Madrid. Verano de 1996. Vol. 1. p. 86.211 Ibid<strong>em</strong>. pp. 77-88

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