11.04.2013 Views

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

101<br />

com a finali<strong>da</strong>de de pagar-se promessas, que não foram feitos para serem analisados<br />

artisticamente, no entanto, eles estão imbricados de questões tais como: Artesanato,<br />

Arte Popular, Cultura Popular, Folclore, Religião, Kitsch, Estética e outras.<br />

Essas imagens, ao nosso ver, estão engendra<strong>da</strong>s de conteúdos polêmicos,<br />

divergentes e conflitantes. Vemos, de um lado, defensores <strong>da</strong> Arte e <strong>da</strong> Cultura Popular.<br />

De outro, os defensores <strong>da</strong> Arte e Cultura Erudita. E de outro lado ain<strong>da</strong>, pelo veio <strong>da</strong><br />

Religião, temos os crentes e não crentes.<br />

Dessa maneira, abrem-se os debates. A crítica culta cobra <strong>da</strong> arte popular a sua<br />

miséria por não oferecerem desafio estético. É considera<strong>da</strong>, dentro desse contexto, como<br />

Arte Inestética. Em contraparti<strong>da</strong>, recebem como resposta que o termo Estética originou<br />

dentro de um discurso intelectual. Por isso, acham que o seu uso adequado é<br />

exclusivamente para as “artes maiores” e a nação de Estética Popular seria apenas uma<br />

contradição ao termo. Em outra direção, os crentes (devotos) não estão preocupados<br />

com Estética, os objetos são para eles ilustrações, provas materiais de que ocorrem os<br />

milagres, as graças. Enquanto isso, os não-crentes, tentam a desmaterialização dos<br />

objetos, <strong>da</strong>s imagens, que apresentam sinais de sacrali<strong>da</strong>des.<br />

As colocações feitas acima são um tanto iniciais em relação à atenção que<br />

necessita a problemática menciona<strong>da</strong> de forma amplia<strong>da</strong>. Voltaremos a essas questões<br />

no capítulo 3.<br />

Pretendemos evidenciar que, ao analisarmos essas imagens, não estamos negando<br />

os valores estéticos específicos <strong>da</strong> “arte culta” e a erudição <strong>da</strong> academia. Ao contrário,<br />

procura-se perceber as peculiari<strong>da</strong>des que transitam dentro de ca<strong>da</strong> universo. A “arte<br />

culta” li<strong>da</strong> com princípios que visam a busca do conhecimento cognitivo teórico e<br />

plástico, parte dos princípios <strong>da</strong> intencionali<strong>da</strong>de e legitimi<strong>da</strong>de para atingir o alvo: a<br />

poética individual do artista. Enquanto que, na Arte Popular inexistem tais exigências<br />

críticas. Ela pode ser produzi<strong>da</strong> por qualquer sujeito criativo, que tenha “boa mão” para<br />

desenhar, pintar e esculpir. É uma criação espontânea que, ao nosso ver, não<br />

desqualifica o trabalho, que também tem sua poética, inquietudes e mistérios.<br />

O contexto no qual se insere, ou as formas como são produzi<strong>da</strong>s as imagens,<br />

podem determinar, direcionar e influenciar a sua hermenêutica interpretativa. Olhando<br />

para os ex-votos artesanais, tentamos driblar os estatutos, normas e esquematismos que<br />

tendem a direcionar o olhar. Deixamos fluir o lado perceptivo, afetivo, intuitivo e<br />

também o cognitivo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!