FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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pode morrer, ressuscitar e transubstanciar. É a presença real concreta corpórea de
Cristo no sacramento. 164 É uma representação abstrata que desmaterializa o corpo e ao
mesmo tempo materializa-o e presentifica-o. Inserido nesse contexto, fomos levados a
pensar que o crente, ao receber a comunhão, está participando simbolicamente de um
canibalismo religioso.
Em todas as direções, os questionamentos continuam. Os corpos permanecem
abertos nas salas do conhecimento científico da medicina, deitados em divãs, de joelhos
nas escadarias de santuários, dependurados em réplicas nas salas de promessas. Todos
esses segmentos se olham e se estranham, mas não podem defini-los ou conhecê-los na
sua totalidade.
O homem contemporâneo tem caminhado por essa incessante esteira de dúvidas e
incertezas que habitam seu próprio corpo. Território tão íntimo e concomitantemente de
topografia tão desconhecida. Que espaço é esse, não objetivável?
Finalizando, geneticamente somos formados de vários corpos. Somos corpos
corporificados. Para o homem religioso, nossos corpos são simbolicamente à imagem e
semelhança de Deus. Nesse sentido, podemos afirmar que como imagens, somos
simulacros da imagem do Pai. Sendo assim, podemos imaginar que também somos
imortais, não podemos ser excluídos dessa igualdade.
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GINZBURG, Carlo. Olhos de Madeira: nove reflexões a distancia. São Paulo: Companhia das Letras,
2001. p. 103.