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FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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Água Suja. A partir dessa descoberta, inúmeras famílias foram chegando para a<br />

exploração do garimpo, formando um pequeno povoado. Os primeiros habitantes eram,<br />

em sua maioria, descendentes de portugueses e devotos de Nossa Senhora d’Abadia,<br />

fato esse que justifica o início <strong>da</strong> devoção à santa no local. 65<br />

Esses garimpeiros e suas famílias, com o intuito de <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de ao culto à<br />

Nossa Senhora de Abadia, anualmente faziam romaria à locali<strong>da</strong>de de Muquém 66 , no<br />

estado de Goiás, onde havia uma imagem <strong>da</strong> santa. E Bernardo Guimarães, no seu<br />

romance “O Ermitão do Muquém” que, ao desenvolver uma “história” explica as<br />

origens do culto de Nossa Senhora d’Abadia no sertão goiano, Manzan assim sintetiza<br />

essa obra:<br />

Gonçalo, um valentão <strong>da</strong> antiga Vila Boa, em um batuque na casa de seu amigo, o mestre<br />

Mateus, desafia para uma briga o seu rival em valentia, Reinaldo. Dançando com a<br />

amante deste, foge a seguir com ela, dentro <strong>da</strong> noite. Reinaldo vai ao encontro de<br />

Gonçalo, e no caminho (ambos saíram a cavalo) travaram uma luta tremen<strong>da</strong> à mão<br />

arma<strong>da</strong>. Reinaldo foi morto e Gonçalo fugiu. A moça que chamava Maroca, o pivô<br />

<strong>da</strong>quela cena de sangue, diante do cadáver do amante, torna-se aboba<strong>da</strong> até o dia que<br />

reconhece Gonçalo (vinte anos depois) em Muquém como Ermitão. Reconhecido pela<br />

Maroca, o penitente suplica-lhe perdão pelo crime <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>. Perpetrado o crime,<br />

Gonçalo fugiu para longe, an<strong>da</strong>ndo foragido por vários lugares desconhecidos; primeiro<br />

entre os índios Coroados, depois entre os Xavantes, conhecidos pelas sua inimiza<strong>da</strong><br />

contra os brancos para eles emboabas, e habitando pelas margens do Tocantins. Quando<br />

Gonçalo aporta aí numa canoa, depois do crime <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>, trava uma luta contra os<br />

Xavantes que os repelem. Por fim é acolhido pelos Xavantes, pela demonstração de sua<br />

bravura passando a ser conhecido como Itagiba, os quais não escondem a intenção de<br />

imolarem no casamento Guaraciaba, enquanto o noivo <strong>da</strong> índia – Inimá, um jovem<br />

cacique, vive um tanto afastado em tarefas de interesse <strong>da</strong> tribo.<br />

Passeando certa vez com Guaraciaba, Itagiba desfere uma flecha<strong>da</strong> sobre um casal de<br />

pombos pousando numa árvore. Num só golpe, mata um casal de rolas amorosas.<br />

Guaraciaba fica apreensiva com o sucedido e vê na morte inocente dos pássaros um<br />

triste presságio.<br />

A tribo dos Xavantes estava dividi<strong>da</strong> em relação aos pretendentes à mão de Guaraciaba.<br />

O pajé Indira, responsável como oráculo <strong>da</strong> tribo e amigo de Tupã, está ao lado de<br />

Itagiba.<br />

O cacique reúne então os maiorais <strong>da</strong> tribo para decidir sobre a sorte de Guaraciaba<br />

diante dos dois pretendentes. Fica estabelecido que os dois devem submeter-se a<br />

expedições guerreiras que revelarão pelo heroísmo qual seria o mais digno de receber a<br />

mão de Guaraciaba. Itagiba vai lutar com os brancos, para afugentá-los até Vila Boa,<br />

espolindo-os de tudo. Inimá é destinado, afim de subjugá-los.<br />

Ao fim <strong>da</strong>s pelejas, o bem sucedido é Itagiba, que conquista a mão <strong>da</strong> formosa<br />

Guaraciaba. No dia do casamento, aparece o irmão de Guaraciaba, que fora lutar<br />

contra os Caiapós e era amigo de Itagiba.<br />

65<br />

DAMASCENO, Maria <strong>da</strong>s Dores. Do Diamante ao Milagre <strong>da</strong> Fé. Romaria. Editora Vitória, 1997. p.<br />

25.<br />

66<br />

RODRIGUES, Jane Fátima <strong>Silva</strong>. Literatura e História: um caminho para a compreensão <strong>da</strong><br />

religiosi<strong>da</strong>de popular. Uberlândia: Gráfica <strong>da</strong> UFU, 2(2). Jan/jun 1990.<br />

37

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