FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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formas de prometer. Não ficamos surpresos ao constatar, por meio dessas imagens e de muitas cartas que as acompanham e também pelo conjunto reunido nas salas de promessas, que o conflito social, o sofrimento humano, é uma doença crônica. Essas imagens expõem a atemporalidade das múltiplas carências humanas, sejam elas materiais ou espirituais. No capítulo dois Ex-votos - Poiesis e Autopoiesis: leitura estética, usamos de análises formais, iconográficas e iconológicas, procurando compreender os ex-votos artesanais, valorizando, dentro do possível, os elementos comumente encontrados nas composições bidimensionais e tridimensionais. Essa arte anônima dos milagres mostra a expressividade do fazer alusivo do artista ex-voteiro ou devoto, que trabalha a matéria com total liberdade, sem se prender a normas construtivas. Os ex-votos feitos industrialmente confirmam como o devoto absorveu rapidamente essa forma de produção em cera, parafina e outros. Seriação estetizada dos milagres. Salientamos ainda dentro desse fazer, o encantamento que o devoto encontrou na fotografia/ex-voto. Ela traz o devoto à cena. Isso significa tirar o devoto do anonimato, para torná-lo personagem real da sua própria história. Sendo assim, ele pode ser reconhecido pelas suas características fisionômicas. Na sua concepção, a sua fotografia é uma prova maior de verdade. Ainda nesse capítulo, traçamos paralelos entre o devoto que expõe seu corpo a sacrifícios com o artista plástico, que oferece à arte o seu corpo como suporte. Criamos um diálogo comparativo entre esses performers: da arte e da religião. O terceiro e último capítulo “Representações Sígnicas Votivas e os Não-lugares” formula perspectivas diferentes dos dois primeiros. Ele analisa os plurais significados que um mesmo objeto pode assumir dependendo do espaço em que ele está inserido. Isso vai depender da intencionalidade do sujeito apropriador. Nesse caso, as descontextualizações são feitas por devotos e artistas plásticos. Discutimos também a reciprocidade existente entre arte e cultura “popular” e “erudita”, imaginários, influências, apropriações e transposições presentes na arte contemporânea . Para fazer essa interlocução, tomamos emprestados algumas obras de Efrain Almeida e Farnese de Andrade. Por último, analisamos quatro de meus trabalhos plásticos, que sem sombra de dúvida, foram os responsáveis pela existência desta dissertação. Terminamos essa abordagem conscientes dos riscos corridos, com a convicção de que necessitaremos de nos apropriar novamente da estética dos ex-votos e de suas histórias autopoéticas para que o diálogo não cesse, colocando um ponto terminal. Afinal, esse diálogo entre história, arte e estética apenas começou. 16
CAPITULO 1 Ex-votos: perenidade e universalidade 17
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