FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

dançar/solidariedade, (re)encontros que, simultaneamente, compõem um cenário de
esperança por dádivas divinas e o reconhecimento pelas graças recebidas. 103
A festa é um dos espaços, momentos de encontros, convivências de variados
segmentos sociais. Apesar das diferenças, tem oportunidade de intercambiar risos,
momentos, movimentos, ritmos, danças diferentes e o experimentar algo novo. 104
Vale voltar a dizer que as festividades ritualísticas da festa de N. S. d’Abadia têm
sua programação presidida pelo “eixo oficial” de padres, religiosos da comunidade local
e vizinhas, juntamente com algum apoio político. Fora das inscrições litúrgicas, os
romeiros criam uma outra dinâmica comemorativa. Em nome do sagrado podemos ver
essa bifurcação, de um lado está o clero divulgando a religião católica “oficial”, e de
outro os romeiros, espargindo, propagando o milagre e curas miraculosas. Em uma
terceira assemblage na estrutura do sagrado ocorre o lado profano da festa que é feito
sem o consentimento da igreja. Muito bem lembrado por Souza como: [...] um
movimento que teoricamente está alheio a toda esta programação, mas, na prática se o
ocorre é em função exatamente das atividades desenvolvidas em torno da fé, da
religião. 105
Na Festa sagrada, subsidiada pela organização do clero, podemos observar o que a
cultura brasileira conservou em suas festas, mantendo vários rituais tais como
procissões, batizados, confissões, missas celebradas por vários padres convidados e
outras alegorias como teatro organizado pela igreja, mastros comemorativos,
bandeirinhas, queimas de fogos e vários outros símbolos. O povo tem necessidade de
rezar, cantar, beijar a fita do santo, carregar o andor no desfile das procissões. Os
crentes buscam participar das atividades da festa interagindo e homenageando Nossa
Senhora d’Abadia.
103
MACHADO, Maria Clara. Pela Fé: representação de tantas Histórias. Estudo de História. Franca:
UNESP. v. 7 n. 1. 2000. p. 8
104
ABREU, Marta. Festas e Cultura Popular na Formação do “Povo Brasileiro”. In: Revista projeto
História, São Paulo: EDUC/PUC. n. 16, 1998. p.165.
Sobre Festas cf :
DUVIGNAUD, Jean. Festas e Civilizações. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Ceará, 1983. p. 49.
MILITÃO, Andréa Nunes. Devotos da Cor: As festas Religiosas de São Benedito na cidade
Guaratinguetá, SP. Franca. (Dissertação de Mestrado).
ALMEIDA, Jaime de. Todas as Festas, a Festa? In: História no Plural. Brasília: Editora Universidade de
Brasília, 1994. p. 153-187.
CHAMON, Carla Simone. O cenário da Festa. In: Varia História. Belo Horizonte: UFMG. n. 01, 1985.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Divino, o Santo e a Senhora. Rio de Janeiro: Campanha de Defesa ao
Folclore Brasileiro, 1978.
105
SOUSA, Geovane da Silva. Op. cit. p. 41.
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