11.04.2013 Views

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

vezes mulheres e homossexuais ficam transitando na praça <strong>da</strong> igreja angariando<br />

pretendentes.<br />

Outra questão que podemos sinalizar como problema social e também como<br />

estado de necessi<strong>da</strong>de é o caso de mendigos pedintes e dos hansenianos. No caso dos<br />

mendigos, muitos deles pedem por<br />

necessi<strong>da</strong>de, outros pedem por profissão,<br />

saem acompanhando festas religiosas e<br />

vivem <strong>da</strong> cari<strong>da</strong>de dos devotos<br />

sensibilizados. (fig. 42) Por último,<br />

existem os que estão vinculados à “máfia<br />

de pedir esmolas”, isto é, são pessoas que<br />

custeiam as despesas de viagem dos<br />

mendigos sob o seguinte pacto: em troca,<br />

recebem 25 a 30 por cento do valor arreca<strong>da</strong>do. 109<br />

No caso dos hansenianos, eles geralmente vêm de lotações <strong>da</strong> região de Belo<br />

Horizonte, Anápolis, Goiânia e Senador Canedo-GO, montando acampamentos ao lado<br />

do cemitério de Romaria. Geralmente são pensionistas e, por serem portadores <strong>da</strong><br />

doença, aproveitam <strong>da</strong> festa para mendigar, rezar e também, como comemoração por<br />

todos os anos se realizar um encontro anual para confraternização dos hansenianos. 110<br />

FIGURA 42 – Pedintes na festa de Romaria.<br />

Fonte: Acervo fotográfico Aninha <strong>Duarte</strong>.<br />

Segundo Jaime de Almei<strong>da</strong>, o fato social <strong>da</strong> festa é pensado em oposição<br />

sagrado/ profano e <strong>da</strong> dialética do sacrifício. O tempo profano caracterizado pelas<br />

rotinas de trabalho e pela vigência <strong>da</strong> ordem, alterna-se, necessariamente, como tempo<br />

sagrado, marcado pelo desenfreamento coletivo e pelo excesso. Esta invariância<br />

poderia ser constata<strong>da</strong> em qualquer coletivi<strong>da</strong>de humana. A festa seria um paroxismo à<br />

vi<strong>da</strong>, a contrastar violentamente com as preocupações <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana: um tempo<br />

especial durante o qual o indivíduo se sente sustentado e transformado por forças que o<br />

rebaixam. O homem suportaria as obrigações do tempo profano, apenas pela<br />

recor<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> festa passa<strong>da</strong> e pela expectativa <strong>da</strong> próxima. 111<br />

Nessa mesma perspectiva, Gaeta sublinha que essa relação entre fé e diversão,<br />

festa e religiosi<strong>da</strong>de, profano e sagrado, é traço visível <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong>de portuguesa<br />

109 SOUZA, Geovane <strong>Silva</strong>. Op. cit. p. 48.<br />

110 Ibidem. p. 49-50.<br />

111 ALMEIDA, Jaime. Op. cit. p. 154.<br />

67

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!