FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

inclusive dos mortos, cuja alma não desencarna enquanto tal ato não é cumprido. São
ex-votos imateriais, por não se tornarem uma escultura de uma cabeça, por exemplo.
Feitas algumas considerações sobre os ex-votos, enfatizamos que este trabalho
privilegia os ex-votos materiais, e, mais detidamente, os antropomorfos, conforme a
definição já citada anteriormente.
Após esses diálogos, que nos dão uma noção conceitual dos ex-votos, iniciaremos
agora um rastreamento de sua localização dentro da História.
A origem dessa tradição religiosa, de agradecer graças recebidas, é milenar. Não
podemos precisar em datas, mas localizamos sua presença em vários momentos
históricos.
Ex-voto era uma prática difundida nas crenças pagãs reinantes no Egito, Pérsia,
Caldéia, Grécia, China, entre outros. Chegou até nossos dias e continua sendo objeto de
crença entre cristãos crendeiros, crédulos de várias crenças. Três mil anos antes de
Cristo, já se praticava o oferecimento dos ex-votos a deuses pagãos. 43
Para a deusa Ishtar, cujos ex-votos foram gravados na pedra a 2.500 anos antes de
Cristo e que foram redescobertos na Babilônia, eram pedidos filhos e riquezas. Ainda na
Babilônia, cidade mais erudita da antiga Caldéia, além dos ex-votos oferecidos com
finalidade de proteção à fecundidade, é homenageada também a deusa da gula, a
“grande médica”. 44
Além de objetos, alguns animais também eram ofertados, simbolizando o
agradecimento pelo benefício recebido. Os judeus, quando saravam de determinadas
moléstias, mostravam seu contentamento oferecendo ao seu senhor rolas e pombos
(Levítico, XV, 14). 45
Os egípcios mumificavam e enterravam seus animais domésticos. Sobretudo em
uma época relativamente tardia, no decorrer do primeiro milênio a.c. Animais eram
sacrificados, mumificados e amontoados aos milhares em cemitérios especiais. São
provavelmente esses ex-votos que os devotos compravam dos padres, para oferecer ao
seu deus o seu animal preferido. 46
43
CÉSAR, Getúlio. Op. cit. p. 147.
44
NOYER, Marie-France. O Culto e a Imagem da Virgem. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 2000. p.
26.
45
CÉSAR, Getúlio. Op. cit. p. 146.
46
Disponível em http://www.geocites.com/times square burk/909/ deus.html 02-10-01.
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