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FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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114<br />

espirituali<strong>da</strong>de, replicando um campo ilimitado, de experimentações muitas vezes<br />

catárticas e autobiográficas 157 .<br />

A partir dos dizeres mencionados até então, caminharemos observando o corpo<br />

visto pelo olhar <strong>da</strong> Arte e <strong>da</strong> Religião. Ele é considerado uma espécie de arquivo de to<strong>da</strong><br />

uma socie<strong>da</strong>de e de várias culturas. Localizamos, dentro desse arquivo, a presença do<br />

corpo representado por fragmentações de partes ou de formas inteiras, os ex-votos.<br />

Essas imagens, simulacros de corpos humanos, evidenciam a constante preocupação do<br />

homem diante <strong>da</strong>s doenças e demais fragili<strong>da</strong>des a que estão submetidos. Explicitam<br />

ain<strong>da</strong>, o corpo anteriormente doente, que foi curado por intermédio <strong>da</strong> função<br />

terapêutica que os crentes atribuem à religião.<br />

A História sempre evidenciou a presença de doenças opressoras. Talvez o pior<br />

marco tenha sido a peste negra, doença infecciosa do século XIV, além de outras menos<br />

catastróficas como a sífilis, a tuberculose e outras. Na atuali<strong>da</strong>de, convivemos com os<br />

fantasmas do câncer e <strong>da</strong> aids. Lamentável ain<strong>da</strong> são as doenças chama<strong>da</strong>s cotidianas,<br />

tais como gripe, diarréia infecciosa, pneumonias que, em alguns países como o Brasil,<br />

continuam fazendo vítimas.<br />

A doença é considera<strong>da</strong> o lado negro <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. A partir dela, é desencadeado um<br />

processo de descompensação física e mental no enfermo, com reflexos também nas<br />

pessoas de sua convivência. O corpo fica vulnerável, colocando em prova sua<br />

resistência. É uma experiência de limite, é o estar “entre a vi<strong>da</strong> e morte”.<br />

O doente, habitado no limiar do fio <strong>da</strong> navalha, muitas vezes busca na religião o<br />

poder <strong>da</strong> cura. Creio ser esse um primeiro impasse, já que há uma contraposição com a<br />

racionali<strong>da</strong>de científica: como ficam os créditos <strong>da</strong> medicina? – Ou ain<strong>da</strong>: as religiões<br />

têm o poder de curar?<br />

As duas áreas do conhecimento sempre estão sendo coloca<strong>da</strong>s frente a frente, uma<br />

à outra. Creio que, muito em função de seus laços de familiari<strong>da</strong>de, de trocas e<br />

empréstimos ocorridos no curso de suas histórias. Para Terrin, a partir <strong>da</strong> medicina<br />

antiga, podemos demonstrar que qualquer prática terapêutica antiga tinha seu ponto de<br />

apoio e de força no mundo religioso. É fácil constatar, por exemplo, que as medicinas<br />

tibetana, chinesa, ayurvédica não tinham princípios diferentes <strong>da</strong>queles <strong>da</strong>s respectivas<br />

religiões e confundiam-se muitas vezes com a religião à qual pertenciam. Mais ain<strong>da</strong>:<br />

157<br />

CANTON, Kátia. Novíssima Arte Brasileira: um guia de tendências. São Paulo: Iluminuras. 200. p.<br />

52.

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