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FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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omeiro que está <strong>da</strong>ndo guari<strong>da</strong>. Alguns animais passam correndo desnorteados. O<br />

inchaço <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> é uma mistura eclética de sobreposições de desejos, dor e alegria,<br />

que se entrelaçam.<br />

Nas romarias a festa começa antes <strong>da</strong> festa. De certa forma, ela é uma festa a céu<br />

aberto, em movimento contínuo, que leva o caminhante à grande festa. Através dela já<br />

podemos perceber antecipa<strong>da</strong>mente a duali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> festa.<br />

Essas são pequenas considerações que antecedem o espaço “oficial” <strong>da</strong> festa<br />

demarca<strong>da</strong> pelo eixo <strong>da</strong> igreja. O vértice <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem se fixa, a partir de então, na<br />

festa comemora<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong>de em seu principal dia (15 de agosto). A observação se<br />

orienta a partir dos três últimos anos, nos quais tivemos a oportuni<strong>da</strong>de de participar.<br />

Pode-se verificar a semelhança do evento com os existentes em outras ci<strong>da</strong>des que<br />

também vivem do culto religioso. Essas semelhanças advêm de sua origem, ou seja,<br />

continuam preservando as ressonâncias que embalaram as festas religiosas no Brasil<br />

colonial, que têm sua referência no perfil europeu, visto que deu à festa uma função<br />

comemorativa.<br />

Mary Del Priori, assim orienta: As festas nasceram de formas de culto externo,<br />

tributado geralmente a uma divin<strong>da</strong>de protetora <strong>da</strong>s plantações, realiza<strong>da</strong>s em<br />

determinados locais. Mas com o advento do cristianismo, tais soleni<strong>da</strong>des receberam<br />

novas roupagens: a igreja determinou dias que fossem dedicados ao culto divino,<br />

considerados dias de festas, os quais formavam um conjunto eclesiástico. Essa festas<br />

foram distribuí<strong>da</strong>s em dois grupos: as festas do senhor (Paixão de Cristo e demais<br />

episódios de sua vi<strong>da</strong>) e os dias comemorativos dos Santos. Nos intervalos <strong>da</strong>s grandes<br />

festas, eram realiza<strong>da</strong>s outras menores. 101<br />

A cultura brasileira preservou em suas festas, segundo Del Priori: a alegria, pois<br />

aju<strong>da</strong> a população a suportar o trabalho, o perigo <strong>da</strong> exploração. Reafirma igualmente<br />

os laços de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de ou permite aos indivíduos marcar suas especifici<strong>da</strong>des e<br />

diferenças. 102<br />

Nessa mesma linha de entendimento, Machado assim acrescenta: a festa como um<br />

ritual religioso constitui-se em um interregno na labuta diária, dias que fogem do<br />

trivial singularizado à renovação de forças para o recomeçar efetivo. Alinhavam o<br />

sagrado e profano, a fé e o festejar, o calor <strong>da</strong> oração coletiva e o riso, a música e o<br />

101 DEL PRIORI, Mary. Festas e Utopias no Brasil Colonial. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 13.<br />

102 Idem.p.10.<br />

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