11.04.2013 Views

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Para Jean Duvignaud, a festa é uma cerimônia social fun<strong>da</strong>mental na vi<strong>da</strong><br />

coletiva, porque exprime com intensi<strong>da</strong>de as dimensões dos papéis sociais e o confronto<br />

dos símbolos que eles significam. Não é um simples teatro, pois as cerimônias são<br />

referenciais no dinamismo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social. A festa produz um resgate histórico nos<br />

bolsões encobertos <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des, oferecendo explicações de atos sem finali<strong>da</strong>de e o<br />

valor <strong>da</strong>s coisas sem preço. 106 Realmente, para o homem crente, os sacrifícios não<br />

possuem preço. Vale o tempo de espera. No santuário de Romaria os devotos ficam<br />

horas e horas nas filas para ver por segundos, rapi<strong>da</strong>mente, a imagem de Nossa Senhora,<br />

e deixar, se for o caso, um ex-voto, beijar a fita <strong>da</strong><br />

santa, tocá-la e ir embora depressa, para <strong>da</strong>r<br />

continui<strong>da</strong>de à fila. (fig. 39)<br />

Por outro lado, sobreposta à festa sagra<strong>da</strong>,<br />

corre, à revelia do controle clerical, a festa vista como<br />

um acontecimento profano. Por exemplo: o número<br />

excessivo de comerciantes que praticamente ocupam<br />

quase todo o espaço físico <strong>da</strong> festa (sobre os passeios,<br />

alpendres, no meio <strong>da</strong> rua). Esses comerciantes FIGURA 39 – Devotos junto à imagem de N. S.<br />

Apareci<strong>da</strong> em Romaria.<br />

ambulantes sobrevivem do comércio <strong>da</strong>s festas, sejam Fonte: Jornal O Correio, 2001.<br />

as religiosas (“especialistas em festas de igrejas”),<br />

bem como de festas do peão e exposições agropecuárias. Os produtos vendidos em suas<br />

bancas, segundo alguns deles, variam conforme a festa. Outros preferem manter um só<br />

tipo de mercadoria para evitar prejuízos. Nesse contexto, caminhando pelas “barracas”<br />

ouvimos essa queixa de um “barraqueiro” que muito chamou-nos atenção: puta que<br />

pariu, mandei fazer mais de mil fitinhas de N. S. d’Abadia, não vendi quase na<strong>da</strong>, e<br />

<strong>da</strong>qui tô indo para Apareci<strong>da</strong> do Norte, e o que vou fazer com isso? Essa queixa foi<br />

feita por um comerciante nessa festa de 2002 , na ci<strong>da</strong>de de Romaria .<br />

Nas “bancas” desses comerciantes encontram-se os mais diversos produtos<br />

artesanais e industriais, criando-se situações curiosas e às vezes paradoxais: na mesma<br />

banca que se vende imagens de santos, encontra-se à ven<strong>da</strong> panelas e “maçãs do amor”.<br />

Há também diversos serviços vendidos, como, por exemplo, o videokê, montado na rua,<br />

com taxa de 1 real por ca<strong>da</strong> música canta<strong>da</strong>.<br />

106 DUVIGAUD, Jean. Festas e civilizações. Fortaleza. Tempo Brasileiro. 1983. p. 85.<br />

65

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!