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FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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Deixamos abertas as inquietações: - Haveria como dizer onde inicia e encerra a<br />

apropriação do imaginário popular nesses trabalhos? - Quando o erudito entra em cena?<br />

- A separação dos elementos que possivelmente sugerem alguns resíduos do “popular”<br />

ou “culto” não seriam o desmanche <strong>da</strong> obra? - O que existe de intrinsecamente errado<br />

em amalgamar conteúdos diferentes em um mesmo objeto de arte? - O que se busca não<br />

é a poética? - As imagens plásticas que nos impactam, silenciam, gritam, seqüestram e<br />

deixam seqüelas precisam ser cataloga<strong>da</strong>s como “popular” ou “erudita”? Nosso voto é<br />

para que permaneça a poética, que dribla to<strong>da</strong> ortodoxia, arrebenta e deixa fruir<br />

pervagante a recepção <strong>da</strong> obra de arte na inteireza de sua poesia.<br />

Na luta pela vivência e sobrevivência, vemos tanto nos ex-votos/religião quanto<br />

nos ex-votos/arte as vozes de devotos e artistas denunciarem, ca<strong>da</strong> um à sua maneira, o<br />

desejo visível de superar as patologias que afetam a carne e o espírito, sejam por meio<br />

de próteses religiosas, simulacros de nossos corpos presentes nas salas de milagres,<br />

sejam quando expostas em espaços de mostras de arte. Vemos nesses objetos um<br />

poderoso material de denúncia que parece gritar de forma não verbal que a morte foi<br />

prorroga<strong>da</strong> e a vi<strong>da</strong> continua<strong>da</strong> por força <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> arte, <strong>da</strong> fé e do milagre.<br />

Na plurali<strong>da</strong>de de símbolos e signos que encontramos na arte e na “arte dos<br />

milagres”, sem dúvi<strong>da</strong> não saímos impunes. Eles emolduram frações de nossas vi<strong>da</strong>s,<br />

momentos agônicos, doridos, céticos e quase niilistas, que levam-nos a buscar na<br />

medicina <strong>da</strong> fé, o antídoto para derrotar as desarmonias <strong>da</strong> carnali<strong>da</strong>de e <strong>da</strong><br />

espirituali<strong>da</strong>de.<br />

Num tom otimista, sem preconceitos, é que propusemos elencar e conversar com a<br />

imagética dos ex-votos, mistura de arte/religião/cultura/estética, documentos<br />

biográficos, histórias de nós mesmos. Frente ao que elas ain<strong>da</strong> podem nos oferecer, no<br />

porvir podem ser ampliados e aprofun<strong>da</strong>dos estudos focando só partes do corpo, os<br />

reflexos do imaginário negro na arte dos milagres, ex-votos artesanais / arte popular<br />

religiosa como peças únicas, ex-votos masculinos e femininos. Para além disso, foi<br />

possível observar os diferentes papéis sociais e sexuais em que o homem, em sua fé,<br />

revela interesses pessoais e profissionais, cabendo à mulher a preocupação com a<br />

família e amigos, dividindo-se e multiplicando-se em inumeráveis gestos de<br />

soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de.<br />

Partindo dessas análises, pode-se abrir o tema para outras reflexões sobre fé<br />

marial, atributos dos santos, milagres, romarias, fragmentação <strong>da</strong> forma, simbologia dos<br />

objetos, apropriação, a fotografia como fabricação <strong>da</strong> imagem votiva, a imagem como

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