FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...
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Sobre a imagem desse tipo de festa, Machado resume: fora do espaço sagrado,<br />
forma-se um ver<strong>da</strong>deiro mercado persa de bugigangas. 107 (fig. 40)<br />
A festa é forma<strong>da</strong> dentro de um “todo orgânico”, no qual encontra-se o ecletismo<br />
de sons, cheiros, formas, imagens: é um<br />
ver<strong>da</strong>deiro colapso de uma socie<strong>da</strong>de de<br />
consumo, presente no comercio dos<br />
itinerantes e no comportamento social <strong>da</strong>s<br />
pessoas, exteriorizado de várias maneiras:<br />
no falar, vestir, comer, rezar. São misturas<br />
de sobrevivências espiritual e material.<br />
A festa se sustenta também pela<br />
efervescência que aguça a visão, pala<strong>da</strong>r, audição e tato. Ela fala de todos esses<br />
sentidos, através de imagens, sons e sabores. Esse todo orgânico provoca no espectador<br />
a sedução e o encantamento. 108<br />
FIGURA 40 – Barracas de ambulantes na festa de Romaria.<br />
Fonte: Acervo fotográfico Aninha <strong>Duarte</strong>.<br />
O espaço torna-se um ver<strong>da</strong>deiro “formigueiro humano” de devotos performer<br />
pagando graças, crianças vesti<strong>da</strong>s de anjos, velas queimando, procissões ritma<strong>da</strong>s de<br />
bailados humanos, misturados com cheiros de coca<strong>da</strong>, churrasquinhos e pipocas. Sons<br />
de cantos de igreja justapostos a ritmos de capoeira (fig. 41) e toques de violas de<br />
repentistas, uma mistura de sagrado e profano, “popular” e “erudito”. Flashes de<br />
fotografias instantâneas misturam-se com o reluzir <strong>da</strong>s chamas de velas.<br />
O hibridismo dos festejos torna-se claro em várias situações que transitam entre o<br />
sagrado e o profano, o popular e o erudito. Pode ser nota<strong>da</strong> também a mistura de corpos:<br />
homens, mulheres, crianças de diferentes segmentos sociais, se esbarrando e procurando<br />
uma vaga no espaço para rezar e festejar.<br />
Um dos perigos desse “esbarra-esbarra” é<br />
que a ca<strong>da</strong> ano, tem aumentado de forma<br />
expressiva o número de furtos de bolsas,<br />
carteiras e telefones celulares.<br />
Desvirtua-se o objetivo <strong>da</strong> festa<br />
religiosa. Geralmente são os bailes que,<br />
FIGURA 41 – Grupo de capoeiristas na festa de Romaria, 2002.<br />
muitas vezes, levam à prostituição, outras<br />
Fonte: Acervo fotográfico Aninha <strong>Duarte</strong>.<br />
107 MACHADO, Maria Clara. Op. cit. p. 176.<br />
108 CHAMON, Carla Simone. Op. cit. p. 195.<br />
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