11.04.2013 Views

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

173<br />

negociando-se promessas. Então a vi<strong>da</strong> triunfa independente de condições sociais ou <strong>da</strong><br />

intelectuali<strong>da</strong>de do necessitado. São essas histórias dos devotos - antigas e recentes, que<br />

são as mães, as gestadoras <strong>da</strong> produção material votiva. Enfim, ex-votos são imagens<br />

estéticas, estetiza<strong>da</strong>s, interlocutoras dos milagres.<br />

Por outro lado, a ousadia dessa imagética inquiriu-nos a estudá-las do ponto vista<br />

estético, expressivo e por sua freqüente presença apropria<strong>da</strong> pelas Artes Plásticas<br />

contemporâneas. O imbricamento, o cruzamento, a fusão entre os dois fazeres, um<br />

intencional e outro espontâneo, alusivo, permitiu-nos colocar em evidencia os<br />

benefícios <strong>da</strong> reciproci<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> circulari<strong>da</strong>de existente entre a arte e a cultura, por<br />

muitos chama<strong>da</strong> dicotomicamente de “erudita” e “popular”.<br />

Com as transformações nos fazeres e nas conceituações ocorri<strong>da</strong>s atualmente no<br />

artesanato, “arte popular” e “arte acadêmica” sugerem-nos repensar seus processos nas<br />

socie<strong>da</strong>des contemporâneas, suas desconexões e seus cruzamentos, e enriquecer essas<br />

análises pela junção de saberes diferentes e não pela hierarquia esnobe, dicotômica,<br />

advin<strong>da</strong> de um ranço etnocêntrico, até então cultua<strong>da</strong> onde temos como sujeito a<br />

desigual<strong>da</strong>de, um dominante e um dominado, o possuidor e o despossuído, e outras<br />

hegemonias.<br />

Não temos dúvi<strong>da</strong>s que árdua será essa tarefa de desalienar conceitos e<br />

preconceitos entre popular e culto na arte e na cultura. Romper com padrões de<br />

autonomia, tradição, moderni<strong>da</strong>de, modelos estéticos e outros questionamentos já<br />

estabelecidos.<br />

As obras de Efrain, Farnese e de outros artistas, mostram-nos os benefícios dos<br />

empréstimos adquiridos <strong>da</strong> arte e <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong>de “popular”. Nesse caso poderíamos<br />

dizer que estaríamos diante de um preconceito duplo, pois para muitos, ter a religião<br />

como referência imagética é também um “defeito”. No entanto, essas normas<br />

coercitivas têm perdido o vigor com os rompimentos de fronteiras críticas que<br />

apresentam uma visão unilateral <strong>da</strong> arte e <strong>da</strong> cultura, o que seria um irreparável engano,<br />

já que ambas são de natureza simbólica e possuem plurais iconologias.<br />

No caso de Efrain Almei<strong>da</strong>, ele nos presenteia com seus bonequinhos/homens<br />

miniaturizados, ex-votos de madeiras. Farnese de Andrade cria casas, oratórios para<br />

habitar ex-votos e bonecas/ex-votos. Em meus trabalhos, mostro “ambiências” que<br />

velam e revelam pela fragmentação do corpo, as dores físicas e as <strong>da</strong> alma. Com objetos<br />

simbólicos, nós, artistas, criamos santuários, ver<strong>da</strong>des poéticas que legitimam a obra.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!