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FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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Já os ex-votos tridimensionais ganharam uma grande expressivi<strong>da</strong>de,<br />

principalmente em várias regiões do nordeste do Brasil. Possivelmente é aí onde<br />

encontramos o maior número de exemplares dessa natureza, feitos com madeira e barro.<br />

Vin<strong>da</strong>s também de Portugal, desabrocharam em terra brasilis muitas crenças.<br />

Gilberto Freyre fala, de forma poética, que o catolicismo foi mesclado pelo colorido e<br />

misticismo do negro e dos rituais indígenas. Evidencia que o hábito de fazer promessas<br />

e outras simpatias torna-se uma prática na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mulheres naquela época. Os pedidos<br />

geralmente eram feitos para Nossa Senhora do Bom Parto, do Bom Sucesso, do Ó, <strong>da</strong><br />

Conceição, <strong>da</strong>s Dores, no sentido de terem parto menos doloroso ou de ter um filho<br />

saudável e bonito.<br />

Após atendidos esses pedidos, era hora de pagar o que foi recebido de Nossa<br />

Senhora. O pagamento, muitas vezes consistia em <strong>da</strong>r o nome <strong>da</strong> criança de Maria.<br />

Justifica-se no Brasil o grande número de Marias: <strong>da</strong>s Dores, <strong>da</strong> Conceição, <strong>da</strong>s Graças.<br />

Outra forma de pagamento era a criança sair vesti<strong>da</strong> de anjo ou santo nas procissões<br />

comemorativas, estu<strong>da</strong>r para ser padre ou freira, deixar o cabelo crescer até formar<br />

longos cachos, que eram cortados e oferecidos à imagem de Bom Jesus dos Passos; em<br />

vestir de anjo (de branco e azul) até a i<strong>da</strong>de de doze ou treze anos, em homenagem à<br />

Virgem Maria. 57<br />

Asas, auréolas, coroinhas, vestidos de cetim e ren<strong>da</strong>s de vários tons, desfilavam e<br />

desfilam até hoje crianças vesti<strong>da</strong>s de anjos. Exibindo suas vestimentas, participam <strong>da</strong>s<br />

procissões, coroações e outros eventos religiosos. As crianças geralmente se divertem<br />

com essas “fantasias” e os pais, vaidosos, tiram fotografias, e, quando interrogados,<br />

gostam de contar com orgulho o motivo <strong>da</strong> graça. Esses meninos, transvestidos de seres<br />

assexuados, alados, etéreos, aéreos, intermediários de Deus, dão à festa um clima<br />

celestial e atemporal, como se realmente fossem anjos, que desceram à Terra, na<br />

quali<strong>da</strong>de de mensageiros, anunciando a força <strong>da</strong> proteção divina sobre as necessi<strong>da</strong>des<br />

de seus filhos.<br />

Gilberto Freyre registra ain<strong>da</strong> que, além de vestirem crianças de anjos, oferecer<br />

seus cabelos e <strong>da</strong>r-lhes nome de santos, são numerosos os ex-votos de mulheres<br />

grávi<strong>da</strong>s, em ofertas de meninos de cera ou de madeira às Nossas Senhoras, conheci<strong>da</strong>s<br />

57 FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. Rio de Janeiro: Record, 1999. p. 324 - 325.<br />

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