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FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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Ex-voto é o nome que, eruditamente, se dá àqueles objetos que, nos centros<br />

urbanos onde existe a tradição de ofertá-los à divin<strong>da</strong>de - quase sempre um santo<br />

católico -, o povo chama de promessas, e, no sertão, de milagres. Etimologicamente, exvoto<br />

significa “por voto”. Em outras palavras, “por promessa”: objeto com que se<br />

retribui uma graça alcança<strong>da</strong> e que, com maior ou menor rigor litúrgico, é deposita<strong>da</strong><br />

em local de culto - em igrejas ou simplesmente em cruzeiros do sertão. 28<br />

Vemos os ex-votos, como um pedido de emergência, um abrigo religioso em<br />

favor <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des materiais e espirituais encontra<strong>da</strong>s na vi<strong>da</strong> do crente. Para<br />

retribuir o benefício concedido, o devoto oferece qualquer objeto que, ao seu ver, esteja<br />

vinculado ao fato que originou o pedido. Nesse sentido, tudo pode representar ex-voto.<br />

É dentro dessa visão, que conduziremos as nossas reflexões.<br />

Partindo dessa premissa - que tudo pode vir a ser e a representar ex-voto, talvez<br />

seja esclarecedor apresentar, desde já, alguns aspectos do termo representação, conceito<br />

que gera dúvi<strong>da</strong>s e é de suma importância para o entendimento desses símbolos votivos.<br />

Tendo sua origem na I<strong>da</strong>de Média, ele foi usado pelos escolásticos, enquanto conceito<br />

de conhecimento, como semelhança do objeto. Representar algo, dizia São Tomás de<br />

Aquino, significa ter a semelhança <strong>da</strong> coisa 29 .<br />

O historiador Roger Chartier propõe que se tome o conceito de representação em<br />

um sentido mais particular e historicamente mais determinado. As definições antigas do<br />

termo (por exemplo, a do dicionário de Furetière) manifestam tensão entre duas famílias<br />

de sentidos: por um lado, a representação como uma coisa ausente, o que supõe uma<br />

distinção radical àquilo que é representado. Por outro, a representação como exibição<br />

de uma presença, como apresentação pública de algo ou de alguém. No primeiro<br />

sentido, é instrumento de um conhecimento mediato, que faz ver um objeto ausente<br />

através <strong>da</strong> sua substituição por uma imagem, capaz de o reconstruir em memória e de<br />

figurar tal como ele é. Algumas dessas imagens são bem materiais e semelhantes, como<br />

bonecos de cera, de madeira ou de couro, apeli<strong>da</strong>dos justamente de representações<br />

[...]. Outras, porém, são pensa<strong>da</strong>s em um registro diferente: o <strong>da</strong> relação simbólica que,<br />

28<br />

NETO, Mario Cravo. Exvoto. Áries Editora, 1986. (Contra capa).<br />

Ver também:<br />

CAMARA, Cascudo. Dicionário de Folclore Brasileiro. Brasília - MEC, 1972.<br />

29<br />

HILL, Marcos. In: O Retrato <strong>da</strong> Pintura. Texto apresentado na semana de estudos sobre pintura<br />

conceitos e conservação, na UFMG ( CECOR). 2001. p.1.<br />

Ver também:<br />

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 853.<br />

19

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