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FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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A representação e presentificação, através de ex-votos analisados em seus<br />

diferentes estilos e nichos cronológicos, pelo que pudemos perceber, manteve traços de<br />

permanências, principalmente na atitude de prometer, fazer o ex-voto e pagá-lo. Porém,<br />

as finali<strong>da</strong>des e os objetos oferecidos como fruto de pagamento recebem rapi<strong>da</strong>mente os<br />

reflexos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de de consumo e suas crises. A imagética <strong>da</strong>s salas de promessas, na<br />

atuali<strong>da</strong>de, pode confirmar essa afirmativa.<br />

Esses símbolos congregam, de forma visível, a relação de diálogo que o homem<br />

troca com o tempo vivido, com os conflitos sociais e espirituais de sua época. Por<br />

natureza, o homem é um ser criador de imagens, seja para se comunicar ou para traduzir<br />

sua visão do mundo.<br />

As imagens votivas unem, de forma bastante metafórica, dois domínios <strong>da</strong>s<br />

imagens: o mental e o visual. Essas representações trazem uma carga <strong>da</strong> orali<strong>da</strong>de do<br />

devoto, acresci<strong>da</strong>s pelo imaginário do artesão que as produzem. O mesmo ocorre com a<br />

fotografia, por estar permea<strong>da</strong> do olhar do fotógrafo. Os demais objetos materiais são<br />

escolhidos a partir <strong>da</strong> lógica de quem os prometeu, e, ao seu modo, vinculados ao fato<br />

gerador <strong>da</strong> promessa.<br />

Frente a essas imagens, que representam, reapresentam e trazem à presença de<br />

várias histórias, somatórias de imaginários tantas vezes reimaginados, dentro de<br />

experiências religiosas diversas, acreditamos, sem nenhuma ressalva, que ilimita<strong>da</strong>s são<br />

as formas de prometer, oferecer e representar. Na luta pela sobrevivência material e<br />

espiritual, em estado de necessi<strong>da</strong>de, tudo é aceitável e permitido. Os devotos se autoflagelam,<br />

são partidários do estoicismo, entregam seus corpos a exagerados sacrifícios,<br />

são ver<strong>da</strong>deiros performers <strong>da</strong> religião, <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong>de. Prometem o impossível e<br />

conseguem também o impossível. Na legítima defesa <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, pela fé, tudo é explicado,<br />

na lógica de quem a possui.<br />

Essas imagens permaneceram, como vimos, em tempos distintos. Chegaram à<br />

contemporanei<strong>da</strong>de, mostrando também os paradoxos do homem do século XXI. O<br />

homem de hoje, parece se ver confuso no meio de paradoxismos: como valorizar,<br />

usufruir de algumas práticas religiosas “populares” quando as ciências as relegaram<br />

como crendices de pessoas ingênuas, simplórias. Ao mesmo tempo que quer explicar<br />

tudo, por relações de causas e efeitos, com fun<strong>da</strong>mentos científicos e que não se deixam<br />

convencer por quaisquer fenômenos chamados sobrenaturais (pois antes vem a razão -<br />

resquícios do Positivismo), em momentos de revoluções interiores e embates externos,<br />

continua a se fazer intercâmbio com o oculto, enviando-se e-mails para divin<strong>da</strong>des,

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