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FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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112<br />

foi denominado por Freud de narcisismo. O eu é como Narciso: ama a si mesmo, ama a<br />

imagem de si mesmo [...] que ele vê no outro. Essa imagem que ele projetou no outro e<br />

no mundo é a fonte do amor, <strong>da</strong> paixão, do desejo de reconhecimento, mas também de<br />

agressivi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> competição. 153<br />

Essas imagens mostram a presentificação de fragmentos de êxitos e derrotas<br />

vivi<strong>da</strong>s pelo homem em várias épocas (pós-fotográficas). Na condição de seres humanos<br />

que somos, nos colocamos no lugar de outro. Seja por fraterni<strong>da</strong>de, religião, amor,<br />

medo, masoquismo ou cobiça. Existem nesses olhares cumplici<strong>da</strong>des ambíguas,<br />

conscientes e inconscientes, oriun<strong>da</strong>s de desejos. A transposição de lugares e<br />

substituição do outro faz-se visível diante de tais colocações: poderia ser eu ou você,<br />

estar aí na foto do acidente, pode acontecer com qualquer um. Ou ain<strong>da</strong>, diante de uma<br />

foto de motivo alegre, termos reações semelhantes.<br />

Nesses quadrinhos de vi<strong>da</strong>s iguais às nossas, é comum nos colocarmos em<br />

situações de empatismos. No jogo de espelhos que formam esse conjunto de imagens,<br />

temos a presença de forças antagônicas: o bem e o mal. O bem, simbolizando a<br />

conquista de sonhos e o mal, derrotado pelo poder <strong>da</strong> promessa. Essas imagens sugerem<br />

a reavaliação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. São auto-retratos individualizados e coletivizados de “flashes” do<br />

milagre, assinados pelos devotos.<br />

A fotografia aceita como ex-voto, trouxe o discurso <strong>da</strong> imagem votiva. Reflexões<br />

como: per<strong>da</strong> do anonimato do devoto, reprodutivi<strong>da</strong>de do milagre, documentação do<br />

milagre, simulacro do milagre, dentre outras. Graças a uma máquina, prolongamento<br />

de nosso sistema ótico, graças a efeitos físicos e reações químicas, são pe<strong>da</strong>ços do<br />

mundo-mundo existente, real, material, físico, concreto - que a câmera tornou capaz de<br />

aprisionar, congelar, multiplicar ao infinito e guar<strong>da</strong>r para sempre. Para to<strong>da</strong> a<br />

eterni<strong>da</strong>de. 154<br />

Nesse sentido, o instante que seria substituído por outro, pode ser capturado,<br />

fixado e repetir para sempre o milagre <strong>da</strong>quele momento específico. As fotografias-exvotos<br />

podem ser recentes, antigas, em preto e branco, colori<strong>da</strong>s, sépias, amarela<strong>da</strong>s,<br />

porém testemunham e inventariam o tempo. Guar<strong>da</strong>ndo pequenas frações <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

Enfim, são eternizadoras dos milagres.<br />

153 SANTAELLA. Lúcia, NÖTH, Winfried. Op. cit. p.189.<br />

154 Ibidem. Op. cit. p. 187.

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