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FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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vivem desse comércio religioso ou pelos seus familiares. Muitas pessoas já levam suas<br />

fotos prontas. Outras, precisam ser de tira<strong>da</strong>s no local, devido ao tipo de promessa feita<br />

anteriormente. Ele faz a intenção de ser fotografado no dia <strong>da</strong> festa, na porta do<br />

santuário, no altar junto com o santo ou ain<strong>da</strong> subindo esca<strong>da</strong>s de joelhos em sinal de<br />

sacrifício. Por isso, vão atribuindo possibili<strong>da</strong>des de trabalho aos fotógrafos ambulantes.<br />

Existe ain<strong>da</strong> o fato de nem todo devoto possuir câmara fotográfica ou saber manuseá-la.<br />

Quando ofertam as fotografias, escrevem em seu<br />

verso, descrevendo o milagre, ou fazem um pequeno texto<br />

(manuscritos, os mais antigos e digitados, os mais<br />

recentes), colocando-o junto com a foto, que normalmente<br />

é emoldura<strong>da</strong>. Nessas imagens, encontramos setas, feitas<br />

com tintas, indicando o local <strong>da</strong> enfermi<strong>da</strong>de. Encontramos<br />

também fotos só <strong>da</strong> parte lesa<strong>da</strong> ou já cicatriza<strong>da</strong>. Nas de<br />

tamanho 3x4, muitas vezes são escritos o nome e a <strong>da</strong>ta.<br />

(fig. 83) E outras não apresentam nenhum tipo de<br />

FIGURA 83 - Ex-votos/Fotografias <strong>da</strong><br />

identificação.<br />

Sala de Promessas de Romaria.<br />

Fonte: Acervo fotográfico Aninha<br />

O ex-voto-fotografia deu outra dimensão para o<br />

imaginário votivo. Trouxe para boca <strong>da</strong> cena a imagem do devoto, que antes era<br />

representado, mas não podia ser reconhecido, como já mencionamos, devido às<br />

dificul<strong>da</strong>des que o artesão tinha de buscar traços de semelhanças fisionômicas. A<br />

fotografia dá um duplo respaldo na prova do milagre. É um documento. Ela registrou,<br />

na visão do promesseiro, um fato incontestável. O devoto está ali, presente-ausente, para<br />

garantir a legitimi<strong>da</strong>de do fato. Nesse caso, não é uma foto casual, é habita<strong>da</strong> pelo<br />

próprio beneficiado.<br />

A fotografia provocou no devoto uma certa vai<strong>da</strong>de e narcisismo. Presenciamos,<br />

diante dessas paredes cobertas de fotografias, pessoas eufóricas, localizando suas fotos e<br />

apontando para outras dizendo: esse é meu conhecido. Frente a esse volume imagético,<br />

ficamos também contaminados pelo desejo de reconhecer alguém. As imagens<br />

geralmente possuem esse poder de provocar no espectador a vontade de buscar algum<br />

tipo de identificação e reconhecimento. Além de, comumente, compará-las com outras e<br />

buscar semelhanças.<br />

O imaginário identificatório é, sem dúvi<strong>da</strong>, o registro que mais proximamente<br />

localiza os problemas <strong>da</strong> imagem. Por isso Santaella analisa que, esse é, basicamente, o<br />

registro psíquico correspondente ao ego (ao eu) do sujeito, cujo investimento libidinal

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