FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

O homem do seiscentismo vivia num contexto social conturbado, que o levava a
uma situação de tensão e desequilíbrio. Toda essa instabilidade vinha principalmente
dos reflexos e conflitos entre o terreno e o celestial, entre o homem e Deus
(antropocentrismo e teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o
paganismo renascentista, o material e o espiritual. Essas questões levaram o homem do
século XVIII a ser considerado atormentado.
Todo rebuscamento da Arte Barroca é proveniente dessas situações conflitantes. É
caracterizada pelo jogo de contrastes, dualidades, arte que cultua o emprego das
antíteses.
O barroco abraça tantas ramificações de caráter artístico, aparece em tão diversas
formas, nos diferentes países e esferas de cultura, que parece duvidoso, à primeira vista,
ser possível reduzi-lo a um denominador comum. 84 Pode-se falar de Barroco
Helenístico, do período medieval tardio. No Brasil, do Barroco Mineiro, do Baiano. São
tantos e diversos os barrocos. Essa abordagem não privilegia nenhum
especificadamente, apenas se utiliza de alguns traços estéticos que geralmente
caracterizam esse estilo, mesmo que em lugares e tempos diferentes.
Num sentido amplo, o barroco pode ser visto como uma tendência constante e
cotidiana do espírito humano e, conseqüentemente, da cultura presente nas
manifestações de nossas civilizações, cada vez mais híbridas, mais rebuscadas. Nesse
sentido, podemos dizer que o estilo barroco, apesar do distanciamento temporal,
continua ecoando até a atualidade, seja na Arte, como também em nosso jeito de ser.
As salas de milagres, conjunto de expressividade religiosa, possui uma visualidade
marcada pelo exagero da emoção, da crença assumida individualmente e coletivizada
através de símbolos metafóricos. São objetos os mais diversos possíveis, que vão sendo
assemblados uns sobre os outros, cobrindo paredes, pilares, tetos, pisos, prateleiras,
criando uma outra lógica arquitetônica do espaço.
Os espaços vazios são praticamente inexistentes. Tudo é muito denso e
preenchido. Essa afirmativa está bem representada através do drama cinematográfico
Central do Brasil 85 , na cena em que a personagem Dora, após uma rápida caminhada no
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HAUSER, Arnold. História Social da Literatura e da Arte. Editora Mestre Jov. São Paulo,1977. p.
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Central do Brasil, Diretor: Walter Sales. (Ano 1998, BRA) - Gênero: Drama. Dora (Fernanda
Montegro), vive de escrever cartas para analfabetos na Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, ajuda
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