FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

período renascentista, a escultura teve grande expansão, chegando à atualidade
assumindo outras formas de expressão, criando outros critérios para sua especificidade.
Hoje, os materiais utilizados são os mais diversos possíveis. Seus volumes deixam de
ser tão rígidos, podendo até ser penetráveis, sentidos e manipulados pelo público.
Podem ainda ter dobradiças e assumirem diversas formas, a partir do desejo do
espectador, além de muitas outras interatividades.
Observamos que os ex-votos artesanais tridimensionais não foram contaminados
pela estética da escultura contemporânea. Seus valores expressivos herdam bem mais
semelhanças dos estilemas da estatuária pré-histórica egípcia e grega, sem, contudo,
agregar a dimensão temporal daquelas.
Vejamos, por exemplo, algumas semelhanças dos ex-votos tridimensionais com as
esculturas da Idade do Bronze, provenientes das ilhas de Creta, Minoica e cidades
cicládicas.
A cultura cicládica floresceu a partir do ano 2.600 a.c. Seus artistas realizavam
belos ídolos de mármore, polidos e policromados, aos quais,
se forem mantidos basicamente os modelos tradicionais do
neolítico, dá-se uma depuração dos mesmos que elimina
detalhes em áreas do desenvolvimento geométrico das
formas. A abstração já não se encontra em função do
contraste realista de certos rasgos, mas de todo o conjunto
da peça, que cobra assim, um mágico ar de
espiritualidade. 135 FIGURA 54 – Cabeça de Ídolo, 2.000
Nos rostos, por exemplo, acentuadamente
a.c.. Cultura Cicládica.
Museu Nacional de Atenas ovalados, destaca-se o nariz reto e saliente, a boca
FONTE: História Geral da Arte, Escultura
I, 1995. p. 24.
apresentando um corte sutil, contornada por finos lábios. As
demais partes do rosto são só indicadas levemente. (fig. 54) Nesse momento, os traços
fisionômicos que caracterizam os indivíduos tendem a desaparecer. São apenas alguns
esquemas, uma indicação anatômica do corpo. São imagens que aludem mistérios
próprios de uma religião mítica e, talvez, dada à magia.
135 ANTON, Pedro. Op. cit. p. 24.
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