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FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

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máquinas potentes e vestimentas apropria<strong>da</strong>s seguiam devagar desfilando pela rodovia e<br />

fazendo para<strong>da</strong>s. Tivemos a oportuni<strong>da</strong>de de conversar com eles e José Ricardo assim<br />

afirmou:<br />

Essa é a quarta vez que nós fazemos esse percurso de moto. A gente tem moto, aproveita<br />

para comemorar a festa e passear, é bom que tira essa má impressão que as pessoas têm<br />

contra motoqueiro. A viagem é feita devagar e com muito respeito à Romaria de N. S.<br />

d’Abadia. 98<br />

Pessoas a pé, bicicletas, motos, carros particulares, ônibus, vans, em caravanas,<br />

misturam-se e mu<strong>da</strong>m a atmosfera do espaço, diferenciando de seu ritmo cotidiano a<br />

geografia do lugar, modifica<strong>da</strong> pelo colorido dos vian<strong>da</strong>ntes. Em seu livro “Romaria <strong>da</strong><br />

Paixão”, assim reflete Fernandes: A romaria é a mística do espaço, transformação <strong>da</strong><br />

paisagem. Leva-nos do profano ao sagrado por caminhos rotineiros que mu<strong>da</strong>m de<br />

figura à medi<strong>da</strong> do percurso. 99 Nessa mesma linha de pensamento, ele amplia a reflexão<br />

em “Os Cavaleiros do Bom Jesus” e assim continua: [....] Em outros termos, a romaria<br />

faz no espaço o que a mística faz no tempo, ultrapassando ambas os limites do profano<br />

e aproximando o devoto do domínio do sagrado. Enquanto a viagem mística se<br />

manifesta por uma série de transformações psicológicas, a romaria expressa o mistério<br />

de uma forma objetiva, conduzindo as pessoas por uma viagem no sentido lateral, onde<br />

a paisagem se transforma. Tem por isso as atrações de uma aventura, cujo fim, no<br />

entanto, é predefinido, fechado ao viajante <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> e impondo-lhe o reconhecimento<br />

de um destino que tem para ele uma significação interior. 100<br />

A paisagem externa é modifica<strong>da</strong> à medi<strong>da</strong> em que to<strong>da</strong> a estra<strong>da</strong> vai se tornando<br />

sacraliza<strong>da</strong> pelo som <strong>da</strong>s cantorias, pelo jogral de terços tirados por grupos de romeiros<br />

orantes, através do cheiro de comi<strong>da</strong>s feitas nos acostamentos, pelas performances de<br />

pagadores de promessa com cruzes, vestidos de Cristo e outras alegorias. Com outro<br />

propósito, jovens com “som bem alto” e consumindo algum tipo de bebi<strong>da</strong>, vão<br />

festejando. Carros parados com pessoas jogando baralho, enquanto esperam algum<br />

98<br />

José Ricardo Thomaz, (46 anos) do grupo moto amigo de Uberlândia. Rua Atílio Valentine n. 1030.<br />

Santa Mônica, Uberlândia-MG.<br />

Ver Também:<br />

FERNANDES, Rubens César. Os Cavaleiros do Bom Jesus: uma introdução as religiões populares. São<br />

Paulo, Brasiliense, 1982. Onde o autor faz uma descrição minuciosa sobre uma Romaria Masculina feita<br />

a cavalo.<br />

99<br />

________. Romarias <strong>da</strong> Paixão. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p. 14.<br />

100 Ibidem. p. 43.<br />

62

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