11.04.2013 Views

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

FICHA CATALOGRÁFICA D812e Duarte, Ana Helena da Silva ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nesse an<strong>da</strong>r peregrino, chegamos à festa. Nela encontramos muitas festas<br />

“sagra<strong>da</strong>s” e “profanas”, duali<strong>da</strong>des essas que também se cruzam e se sobrepõem pela<br />

fusão de vários motivos que levam as pessoas a rezar e festejar. A pequena Romaria,<br />

nesses dias assume o papel de uma metrópole, pela movimentação de pessoas, do<br />

comércio, poluição sonora, olfativa e outras situações. A paisagem <strong>da</strong> festa é uma<br />

paisagem dinâmica, barroca, com vários pontos de fuga. O olhar se movimenta em to<strong>da</strong>s<br />

as direções. Capoeiristas jogam e cantam, comerciantes anunciam seus produtos, padres<br />

celebram missas que podem ser ouvi<strong>da</strong>s pelas caixas de som externas, jornalistas fazem<br />

entrevistas com padres e devotos, devotos sobem esca<strong>da</strong>rias de joelhos, aviões jogam<br />

pétalas de flores, grupos de teatro apresentam peças, e ain<strong>da</strong> outras incontavéis cenas,<br />

atos que compõem esse cenário, onde todos são protagonistas. Conforme afirma<br />

Brandão: [...] a festa quando socializa a passagem e comemora a memória, demarca.<br />

[...] a festa restabelece marcos. [...] Visto em sua desvesti<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, a celebração<br />

religiosa ou profana, soleni<strong>da</strong>de ou mascara<strong>da</strong>, não ilude nem oculta. Não disfarça. Ao<br />

contrário, ao jogar com a metáfora e romper com o excesso de significante, a ordem<br />

social <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e a ordenação lógica do significado, a festa exagera o real 11 .<br />

Dentro de uma análise, ain<strong>da</strong> embrionária frente à dimensão <strong>da</strong> temática, podemos<br />

dizer que entrar no universo <strong>da</strong> arte, <strong>da</strong> cultura popular religiosa é reconhecer reali<strong>da</strong>des<br />

atuantes no comportamento humano, reali<strong>da</strong>des essas as mais reais e “quiméricas”<br />

possíveis. Nesse sentido, nos perguntamos: seriam delírios, loucuras, transes religiosos,<br />

sistema de forças, a fé removendo montanhas ou ain<strong>da</strong>, como dissera Nieztche, “é o<br />

medo que gera a fé? - São vários os signos, arquétipos e mitos que permeiam esse<br />

imaginário religioso, presentes na cultura popular e que são exteriorizados de maneiras<br />

as mais inusita<strong>da</strong>s possíveis, principalmente em se tratando de ex-votos.<br />

Ao fazermos análises estéticas dos ex-votos, abrimos passagens para<br />

circuncolóquios sobre fé, milagres, atemporali<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s promessas e imaginário<br />

religioso e artístico. Salientamos a sacralização do espaço e as impermanências<br />

espaciais dos objetos e suas atribuições. Discurso esse que desembocou para os<br />

conflitos existentes entre arte “popular” e “erudita”.<br />

Sinalizaremos alguns autores que contribuíram de forma expressiva para a<br />

estruturação dos pontos relevantes que norteiam essa reflexão. Esclarecemos desde já,<br />

11 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Cultura na Rua. Campinas: Papirus, 1989. p.1.<br />

11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!