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História do Desenvolvimento Da Colônia Nipo Brasileira de

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Chegou o momento da <strong>de</strong>spedida, na<br />

plataforma da estação <strong>de</strong> Miyazaki. A família <strong>do</strong><br />

prefeito Zezito e nós estávamos choran<strong>do</strong> já com<br />

o coração cheio <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>. Ficamos ali, sacudin<strong>do</strong><br />

os lenços molha<strong>do</strong> com as lágrimas. Nunca havia<br />

presencia<strong>do</strong> uma <strong>de</strong>spedida tão comovente. Era<br />

apenas alguns dias <strong>de</strong> estadia em Kushima, porém,<br />

o intercâmbio que já mantinhamos criou uma cena<br />

tão emocionante que jamais po<strong>de</strong>rei esquecer.<br />

No ano seguinte, o prefeito Yamashita e eu<br />

tivemos a honra <strong>de</strong> receber, como representantes<br />

<strong>do</strong> povo da cidad<strong>de</strong> <strong>de</strong> Kushima, o "título <strong>de</strong><br />

cidadão honorário <strong>de</strong> Ibiúna."<br />

Desta forma, no segun<strong>do</strong> ano, passamos a<br />

ativar o intercâmbio <strong>do</strong>s jovens estagiários; a<br />

primeira vez veio a Hiromi Miyaji e uma outra<br />

colega que passaram três meses entre o povo <strong>de</strong><br />

Kushima. Na segunda vez, <strong>do</strong>is jovens <strong>de</strong> Kushima<br />

foram à Ibiúna para pesquisar sobre a técnica<br />

agrícola e, assim, ficou estabeleci<strong>do</strong> o laço da nova<br />

geração das duas cida<strong>de</strong>s.<br />

Em agosto <strong>de</strong> 1994, antes da segunda visita<br />

<strong>do</strong> prefeito <strong>de</strong> Kushima, foi planta<strong>do</strong> em Ibiúna<br />

um quilômetro <strong>de</strong> pés <strong>de</strong> cerejeira em ambos os<br />

la<strong>do</strong>s <strong>do</strong> caminho que leva ao memorial Ibiúna-<br />

Kushima, cida<strong>de</strong>s irmãs, para memorizar o elo<br />

eterno <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> entre os <strong>do</strong>is povos.<br />

"Os caminhos que nos levam aos países<br />

externos são longos, porém, peço a Deus que neles<br />

hajam sempre eterno progresso e esperança."<br />

Documenta<strong>do</strong> em Ibiúna<br />

no dia 6 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1994.<br />

DAS MINHAS RECORDAÇÕES<br />

YAE MAEDA<br />

O can<strong>de</strong>eiro sobre a mesa,da qual acabamos<br />

<strong>de</strong> retirar as louças e talheres <strong>do</strong> jantar, iluminava<br />

tenuemente o seu re<strong>do</strong>r. Após termina<strong>do</strong> o trabalho<br />

daquele dia, a família inteira sentava ao re<strong>do</strong>r da<br />

mesa e conversava acerca daquilo que fizera; era<br />

150<br />

um momento em que to<strong>do</strong>s se sentiam a vonta<strong>de</strong>.<br />

Eu estava na cozinha iluminada pelo<br />

lampião, <strong>de</strong>snorteada sem saber o que fazer<br />

naquele ambiente totalmente estranho para mim.<br />

A minha cunhada entrou na cozinha e já começou<br />

lavar habitualmente as louças, porém, eu nada sabia<br />

fazer sem alguém me orientar. Procurei ajudá-la,<br />

enchen<strong>do</strong> a tina com a água que um trabalha<strong>do</strong>r<br />

brasileiro havia transporta<strong>do</strong> com duas latas <strong>de</strong><br />

querosene <strong>de</strong> vinte litros, através <strong>de</strong> um <strong>de</strong>clive.<br />

Eu nasci e sempre morei numa das maiores<br />

metrópoles <strong>do</strong> Japão, on<strong>de</strong> as luzes e os letreiros<br />

neonios clareavam noite a <strong>de</strong>ntro, portanto, aquela<br />

casa obscura <strong>de</strong>ixou tão triste e <strong>de</strong>primida. Sai<br />

furtivamente para fora da casa, porém no arre<strong>do</strong>r<br />

não se avistava nenhum brilho <strong>de</strong> luz; era uma treva<br />

total.<br />

- "Por que vim parar num lugar como este?"<br />

- pensei aflita, mas já não havia mais jeito para<br />

voltar à minha terra natal. O arrependimento fazia<br />

<strong>do</strong>er mais ainda o meu coração. Quan<strong>do</strong> fiquei<br />

sozinha <strong>de</strong> pé <strong>de</strong>ntro daquela escuridão, as<br />

lágrimas que estava <strong>de</strong>ten<strong>do</strong> até então, escorreram<br />

em pranto no silêncio da noite cerrada.<br />

Há três anos, tive esta proposta <strong>de</strong><br />

casamento arranja<strong>do</strong>; sonhava ir ao exterior, mas,<br />

o me<strong>do</strong> <strong>de</strong> enfrentar um ambiente estranho sempre<br />

me hesitava. Enquanto eu estava in<strong>de</strong>cisa, foi<br />

estabeleci<strong>do</strong>, no Brasil, uma lei limitan<strong>do</strong> a entrada<br />

<strong>de</strong> imigrantes; um corte <strong>de</strong> <strong>do</strong>is porcento. Com<br />

esta lei, as noivas <strong>de</strong> imigrantes (hanayome-imim)<br />

só podiam sair <strong>do</strong> Japão três anos após obti<strong>do</strong> o<br />

registro <strong>de</strong> casamento. To<strong>do</strong>s me apressaram tanto<br />

que fiquei afobada e, sem eu ter me <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> em<br />

aceitar esse casamento, acabaram me registran<strong>do</strong><br />

no registro familiar <strong>do</strong>s Maeda. Durante esse<br />

tempo <strong>de</strong> espera, continuei trabalhan<strong>do</strong> no mesmo<br />

emprego <strong>de</strong> enfermeira, todavia, o meu sentimento<br />

continuou oscilan<strong>do</strong>; tive vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistir,<br />

porém, acabei vin<strong>do</strong> ao Brasil.<br />

Assim, após ter viaja<strong>do</strong> durante quarenta e<br />

seis dias abor<strong>do</strong> <strong>do</strong> navio Buenos Aires Maru,<br />

cheguei ao porto <strong>de</strong> Santos no dia 28 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong>

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