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História do Desenvolvimento Da Colônia Nipo Brasileira de

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giraram em torno da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> escrever os "kanji"<br />

e como as crianças estavam caladas com a presença<br />

<strong>do</strong>s pais e evitavam respon<strong>de</strong>r as perguntas que eu<br />

dirigia, fiquei tão tensa que não ouvi a campainha<br />

anunciar a pausa para troca <strong>de</strong> matéria; acabei<br />

avançan<strong>do</strong> na aula <strong>de</strong> português. Um aluno que<br />

estava na carteira da frente, assoprou-me que a<br />

campainha já havia toca<strong>do</strong>, mas era tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais.<br />

Acabei dan<strong>do</strong> duas horas <strong>de</strong> aulas<br />

consecutivamente e tive que pedir <strong>de</strong>sculpa à<br />

professora <strong>de</strong> português.<br />

Esses fiascos não aconteceram apenas<br />

comigo. A profa. Ganaha <strong>de</strong> corte e costura que<br />

era uma pessoa <strong>de</strong>scontraída e já tinha uma certa<br />

ida<strong>de</strong>, também passou por um <strong>de</strong>sse nervosismo.<br />

- Hoje vamos fazer um pouco <strong>de</strong> leitura, -<br />

disse ela no início das aulas e apontou uma aluna.<br />

Nisso, uma outra que estava sentada bem na frente<br />

disse-lhe em voz alta:<br />

- Professora, a senhora está com o livro <strong>de</strong><br />

cabeça para baixo, - advertiu ela. A classe inteira<br />

caiu numa gargalhada. Perceben<strong>do</strong> o fiasco, a<br />

professora virou o livro e disse um tanto<br />

embaraçada:<br />

- É verda<strong>de</strong>. É que ainda não coloquei meus<br />

óculos e não tinha percebi<strong>do</strong>.<br />

To<strong>do</strong>s os anos, no primeiro e no segun<strong>do</strong><br />

semestre havia essas inspeções <strong>do</strong>s pais e isso<br />

<strong>de</strong>ixava os professores e os alunos bastante<br />

embaraça<strong>do</strong>s. To<strong>do</strong>s ficavam tensos e era comum<br />

cometer fiasco.<br />

No pensionato, entre as aulas habituais,<br />

organizavam-se também muitos eventos anuais;<br />

ficávamos atarefa<strong>do</strong>s com os preparativos e<br />

ensaios. Os "un<strong>do</strong>kai", as ginásticas <strong>de</strong> " rajiotaiso",<br />

as danças folclóricas, os "bon-o<strong>do</strong>ri" eram<br />

anima<strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> pais e filhos juntavam-se para<br />

passar momentos alegres.<br />

No fim <strong>de</strong> junho,<br />

termina<strong>do</strong> os exames,<br />

efetuávamos uma limpeza<br />

geral no alojamento. Era uma<br />

verda<strong>de</strong>ira farra; to<strong>do</strong>s<br />

entravam na brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong><br />

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atirar água uns nos outros. Bastava ficar um pouco<br />

distraí<strong>do</strong> para tomar uma jorrada d'água. Gritarias<br />

e gargalhadas enchiam o alojamento, mas o edifício<br />

ficava limpo <strong>de</strong> canto a canto.<br />

Termina<strong>do</strong> a limpeza, realizávamos a festa<br />

<strong>de</strong> São João. Empilhávamos lenhas grossas na<br />

altura <strong>de</strong> um metro e meio para fazer a fogueira.<br />

Alguém teve a idéia <strong>de</strong> esticar um arame da sala<br />

on<strong>de</strong> dava aula <strong>de</strong> português, que ficava numa parte<br />

elevada, para dali fazer escorregar uma tocha <strong>de</strong><br />

fogo até bem no centro das lenhas empinadas. A<br />

bola <strong>de</strong> fogo vinha <strong>de</strong>slizan<strong>do</strong> no escuro e quan<strong>do</strong><br />

a fogueira acendia como uma explosão <strong>de</strong><br />

clarida<strong>de</strong>, to<strong>do</strong>s soltavam gritos <strong>de</strong> alegria baten<strong>do</strong><br />

palmas. Era a fogueira <strong>de</strong> São João que se elevava<br />

em labareda para o céu. As crianças comiam<br />

churrasco e batata assada, ora em torno da fogueira,<br />

ora no salão; cantavam e dançavam fantasiadas em<br />

traje caipira, realizavam casamentos. Esqueciam<br />

os momentos árduos que passaram nos momentos<br />

<strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e se divertiam até alta noite.<br />

Terminan<strong>do</strong> a festa junina, fazíamos<br />

excursões aproveitan<strong>do</strong> as férias <strong>de</strong> inverno. As<br />

crianças <strong>do</strong> primário, levávamos ao zoológico e<br />

ao Playcenter; era excursões <strong>de</strong> um dia. No caso<br />

<strong>do</strong>s ginasianos era excursão <strong>de</strong> <strong>do</strong>is dias e uma<br />

noitada, ou três dias e duas noitadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />

o local on<strong>de</strong> visitávamos. Fomos ao Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

Poços <strong>de</strong> Caldas, nas praias <strong>de</strong> Bertioga e <strong>de</strong> Praia<br />

Gran<strong>de</strong>. As crianças se divertiram muito subin<strong>do</strong><br />

ao Corcova<strong>do</strong>; tiraram fotos junto ao Cristo<br />

Re<strong>de</strong>ntor, sentiram a sensação <strong>de</strong> aventura no<br />

bon<strong>de</strong> <strong>do</strong> Pão <strong>de</strong> Açúcar, entran<strong>do</strong> no banho termal,<br />

nas ondas <strong>do</strong> mar e juntan<strong>do</strong> as conchas. To<strong>do</strong>s<br />

sentiram-se livres das salas <strong>de</strong> aulas e até nós<br />

professores nos divertimos como crianças. Estas<br />

excursões também faziam parte <strong>do</strong>s eventos.<br />

Havia também muitos eventos esportivos;<br />

tênis <strong>de</strong> mesa, beisebol, voleibol e outros esportes.<br />

Os alunos que participavam <strong>de</strong>sses esportes não<br />

tinham <strong>de</strong>scanso nem nos sába<strong>do</strong>s e nem nos<br />

<strong>do</strong>mingos. Mesmo nos dias <strong>de</strong> semana, quan<strong>do</strong><br />

haviam uma folga, tinham que se empenhar no<br />

treinamento.<br />

Principalmente o beisebol era um esporte

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