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História do Desenvolvimento Da Colônia Nipo Brasileira de

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fora; editavam os <strong>de</strong>sejos <strong>do</strong>s alunos e pequenos<br />

ensaios; publicavam as palestras <strong>do</strong>s professores e<br />

juntavam suas opiniões a respeito. Este jornal era<br />

distribuí<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os alunos <strong>do</strong> internato, aos<br />

professores e aos diretores das Associações locais.<br />

Além disso, cada meio ano, realizavam exposições<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos e redação, enchen<strong>do</strong> o salão inteiro<br />

<strong>de</strong> obras apresentadas.<br />

Selecionavam os melhores e, com o<br />

dinheiro da caixa <strong>do</strong>s estudantes, compravam<br />

prêmios e ofereciam ao 1°, 2° e 3° coloca<strong>do</strong>s.<br />

Fiquei muito comovida ao presenciar o<br />

espírito <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e coleguismo existente<br />

entre os alunos <strong>do</strong> internato, que respeitan<strong>do</strong> e<br />

obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> rigorosamente as normas estabelecidas<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> convívio; os mais velhos zelan<strong>do</strong> pelos<br />

menores, e os menores apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> com a li<strong>de</strong>rança<br />

<strong>do</strong>s mais velhos, ambos crian<strong>do</strong> um ambiente <strong>de</strong><br />

perfeita paz e harmonia. Entre os alunos <strong>do</strong><br />

internato daquele tempo, havia alguns da primeira<br />

geração, mas a maioria eram "nisseis" e "sansseis".<br />

Entretanto, como to<strong>do</strong>s entendiam o japonês, era<br />

muito fácil lecionar o idioma japonês.<br />

A razão era porque os nisseis <strong>de</strong> meia ida<strong>de</strong><br />

haviam si<strong>do</strong> cria<strong>do</strong>s no meio da língua japonesa,<br />

pelo fato <strong>do</strong>s pais <strong>de</strong>les terem se instala<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>do</strong>s núcleos rurais compostos quase que totalmente<br />

<strong>de</strong> japoneses, on<strong>de</strong> não haviam escolas brasileiras.<br />

Além disso, como haviam cresci<strong>do</strong> na ocasião da<br />

Segunda Guerra Mundial e o Brasil se tornara<br />

alia<strong>do</strong> das Nações Unidas, as autorida<strong>de</strong>s proibiram<br />

o ensino da língua japonesa. Sem qualquer<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar, muitos <strong>de</strong>sses pais nisseis<br />

<strong>de</strong> meia ida<strong>de</strong> ficaram no meio termo tanto no<br />

japonês como no português. Entretanto, como a<br />

língua japonesa pre<strong>do</strong>minava na vida cotidiana, as<br />

crianças também falaram quase que fluentemente<br />

o japonês.<br />

Todavia, este fenômeno não durou por<br />

muito tempo. Sete a oito anos <strong>de</strong>pois, começaram<br />

a ser interna<strong>do</strong> alunos que não entendiam<br />

completamente o japonês. Com isso, o ensino <strong>do</strong><br />

japonês tornou-se cada vez mais difícil.<br />

Quan<strong>do</strong> n}e instalei no pensionato<br />

156<br />

estudantil, havia apenas três escolas primárias em<br />

Ibiúna, que davam aulas em três turnos. Quan<strong>do</strong><br />

se aproximava a temporada <strong>de</strong> matrícula, a diretoria<br />

<strong>do</strong> internato entrava em contato com os pais <strong>do</strong>s<br />

alunos para certificar o número <strong>de</strong> crianças a fim<br />

<strong>de</strong> garantir as vagas nas escolas públicas. Portanto,<br />

no primário, tanto no primeiro quanto no segun<strong>do</strong><br />

turno, não houve qualquer problema. Porém, já no<br />

curso ginasial começou a surgir problema <strong>de</strong><br />

horário; como havia muitos alunos que moravam<br />

na zona rural, o estabelecimento <strong>de</strong> ensino pediu<br />

para que as vagas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> diurno fossem<br />

reservadas a essas crianças que residiam no sítio e<br />

as que moravam na cida<strong>de</strong>, como no caso <strong>do</strong>s<br />

alunos <strong>do</strong> pensionato, freqüentassem as aulas no<br />

perío<strong>do</strong> noturno. Foi proposta junto as autorida<strong>de</strong>s<br />

educacionais uma conciliação a respeito, mas o<br />

problema das vagas acabou crian<strong>do</strong> meninas que<br />

tiveram <strong>de</strong> freqüentar aulas noturnas. Isso nos<br />

causou muitas preocupações, porque elas voltavam<br />

às 22:00 horas. Ficávamos <strong>de</strong>sassossegadas até<br />

ouvirmos os toques <strong>do</strong>s sapatos das meninas que<br />

regressavam das aulas.<br />

- Ufa, estou com fome, professora, - diziam<br />

elas ao entrar no nosso quarto. Então, servíamos o<br />

lanche que já havíamos prepara<strong>do</strong> e, muitas vezes,<br />

comíamos "lamen" juntos. O diretor sabia da nossa<br />

quebra-regra com aquele cheiro <strong>de</strong> "lamen" que<br />

pairava as noites no internato, mas fingia ignorá-<br />

la.<br />

Desta forma, o alojamento foi solidifican<strong>do</strong><br />

e o número <strong>de</strong> alunos ultrapassou os 200 alunos.<br />

Contu<strong>do</strong>, um triste acontecimento nos surpreen<strong>de</strong>u.<br />

No dia 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1976, o diretor que<br />

todas as manhãs comparecia <strong>de</strong> uniforme branco<br />

na ginástica <strong>de</strong> "rajio-taiso" foi vitima<strong>do</strong> pelo<br />

câncer no estômago e, apesar das nossas preces,<br />

acabou falecen<strong>do</strong>. A nossa tristeza foi profunda,<br />

pois ele nos tratava com muito amor e carinho, tal<br />

qual um pai. Assim, conforme o <strong>de</strong>sejo <strong>do</strong> faleci<strong>do</strong>,<br />

que sempre repetia "gostaria <strong>de</strong> estar sempre on<strong>de</strong><br />

as crianças possam me enxergar", foi enterra<strong>do</strong> no<br />

cemitério municipal <strong>de</strong> Ibiúna. O pensionato<br />

estudantil ficou sem diretor e, durante esse ano, o

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