OS FALARES FRONTEIRIÇOS DE OLIVENÇA E ... - Além Guadiana
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(G)<br />
-Tá tudo chêo d’espanhóih(D)<br />
-... pà Assemblêa da República (E)<br />
-ê disse isto à Assemblêa da República quatro ô cinco veze(E)<br />
-e ê fiquê...mêio farto de trabayar(E)<br />
-as pessoas que tinhã idêa...(G)<br />
- Agora cada um puxa a sua idêia, i cada um faz a sua idêia<br />
- ha(i) munto boas idê(i)as(G)<br />
- A cantarẽ as saias, cõ as bandêritas, cõ ... chêas de fitas(F)<br />
i a veya tava lá ...daquele lado... a fazer mêa i assim...(H)<br />
-Às bezes um ano ô dôs na cadêa (H)<br />
-Isto agora, trabayas só(...) por mêo de máquinas(H)<br />
O ditongo ou: monoptongação e dissimilação<br />
O ditongo ou pode ser objecto de monoptongação (fenómeno<br />
que ocorre em todo Portugal, a não ser no Norte) (Cintra 1995: 160-161),<br />
ou de dissimilação, em cujo caso transforma-se em oi. As duas tendências<br />
ocorrem desigualmente, dependendo das palavras. Nalguns casos<br />
predomina a monoptongação (pôco, rôco, ôtro), noutras a dissimilação<br />
(dois, coisa) Não é raro que as duas variantes sejam frequentes, na fala e na<br />
escrita, noutros supostos (oiro/ôro, coisa/côsa, toiro/tôro)<br />
A monoptongação, como acontece em Português padrão, é o<br />
normal, na zona alentejana, quando não se produz a dissimilação, não<br />
ocorrendo nunca a conservação do ditongo ou. Portanto, o normal será<br />
encontrarmos casos como pôco, rôco, ôtro, ôro, tôro e coisa, dois, toiro,<br />
oiro.<br />
Leite de Vasconcelos referiu a monoptongação em pontos<br />
como Castelo de Vide, Marvão, Portalegre, Elvas, Vila-Boim (Elvas)... em<br />
termos como ôro, ôtro, môco, andô, rôpa, pôco.<br />
Em Olivença o resultado é idêntico ao exposto:<br />
-Foi a casa, lo contô à muyere (2-C)<br />
-Dá a casualidá que o um era môco, o ôtro era cego, coitado, i<br />
o ôtro era calbo (7-B)<br />
-Manda a calar os ôtros dôs 12 compadres i diz o siguinte (7-B)<br />
-Ali todos os dias matavõ dôs 13 ô três (A1)<br />
-Dois compadres, d’íntima amizade (7-B)<br />
-A Ana Mari inda n’abalô(A2)<br />
- Carmen, tô môca(A2)<br />
Aparecem coisa, dois, como formas universais (lembre-se,<br />
porém, os exemplos já vistos de dôs):<br />
- Dois compadres, d’íntima amizade(6-B)<br />
12 Este dôs poderia ser uma monoptongação de dous. Ou, também, uma monoptongação de dois cujo i,<br />
muito relaxado, tivesse desaparecido.<br />
13 Ver nota anterior.<br />
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