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OS FALARES FRONTEIRIÇOS DE OLIVENÇA E ... - Além Guadiana

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5.-Conclusões<br />

A amostra de informantes examinada é, sem dúvida,<br />

insuficiente para chegarmos a conclusões definitivas a respeito das relações<br />

entre os dois falares, produto da sua história e situação fronteiriça. Tal<br />

coisa requereria um estudo muito mais amplo, com um elenco de<br />

informantes mais alargado, que permitisse pesquisar melhor as<br />

características gerais e a presença mais ou menos residual de determinados<br />

traços dialectais.<br />

Mesmo assim, a selecção de dados fornecidos pelos<br />

informantes permite fazer uma ideia, nem que seja aproximada, sobre os<br />

fenómenos observados, bem como caracterizar de maneira muito geral os<br />

falares objecto deste trabalho.<br />

Feita esta ressalva, podemos, de tudo quanto até agora fomos<br />

examinando, tirar algumas conclusões.<br />

Olivença e Campo Maior apresentam um falar tradicional<br />

essencialmente idêntico, se bem que também existam algumas importantes<br />

diferenças motivadas pela sua história, como já dissemos, em parte comum,<br />

em parte diferente.<br />

Ambas as povoações se incorporam à coroa portuguesa em<br />

1297, e nela continuaram até 1801, em que Olivença passa para a posse<br />

espanhola.<br />

Daí o facto de a história linguística das duas comarcas<br />

apresentar dois traços comuns, fundamentais na configuração do seu falar:<br />

a)Partilharem linguísticamente o período que vai de 1297 a<br />

1801: isto determina que, no momento da sua deslocação para o âmbito de<br />

soberania espanhola, em 1801, o português falado em Olivença e o<br />

português falado em Campo Maior eram já português moderno,<br />

substancialmente idêntico ao que hoje em dia se fala nas regiões próximas<br />

de Portugal.<br />

Isto quer dizer que ambos os falares partilham os traços gerais<br />

definidores do português que Cintra denominou centro-meridional do<br />

centro e do Sul e, portanto, do português actual da vasta região alentejana.<br />

E isto explica a ausência de arcaísmos importantes no<br />

português oliventino, pois só se desligou do português falado do outro lado<br />

da fronteira (do lado português) em época muito recente. Portanto, é<br />

português moderno, que apresenta apenas os mesmos traços conservadores<br />

e arcaizantes que apresenta o português centro meridional do Alentejo.<br />

b)Desde 1297 até 1801 as duas povoações partilharam<br />

também, com Elvas, Juromenha, Degolados, Ouguela, uma posição de<br />

fronteira, isto é, eram praças fronteiriças com a vizinha Espanha. Ainda,<br />

muito perto de toda esta zona, existiu um poderoso ponto de atracção de<br />

todo o tipo, especialmente comercial, mas não só, constituído pela cidade<br />

de Badajoz.<br />

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