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OS FALARES FRONTEIRIÇOS DE OLIVENÇA E ... - Além Guadiana

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Maria de Fátima Rezende F. Matias refere a frequência do<br />

emprego do gerúndio, nas povoações por ela estudadas, quando precedido<br />

da preposição em, admitindo nalguns casos a desinência da segunda pessoa,<br />

se o sujeito é o pronome tu: em andando doente, em fazendos isso, em<br />

comendos a sopa, dôt’ o bolo...<br />

Em Olivença registei nas gravações apenas um caso de<br />

emprego de gerúndio com a preposição em, mas nunca pude ouvir nem<br />

registar qualquer emprego de desinências pessoais com o gerúndio.<br />

-ẽ s’acabando, s’acabô (A2)<br />

f)Infinitivo pessoal<br />

Não recolhe Maria de Fátima Rezende F. Matias supostos de<br />

ausência de infinitivo pessoal em casos em que a gramática exige o seu<br />

emprego. Daí talvez se possa deduzir a inexistência de qualquer<br />

peculiaridade a respeito do português padrão e, portanto, a presença da<br />

forma conjugada com plena vitalidade em Olivença na época do seu<br />

estudo.<br />

Não se observam muitos casos nas gravações em que possa<br />

ocorrer o infinitivo pessoal, ao menos naqueles casos em que apresenta<br />

desinências para se poder diferenciar do infinitivo impessoal 55 (segunda<br />

pessoa singular, primeira, segunda, muito pouco usada, e terceira do plural)<br />

Também não se observam muitos casos de construção de<br />

orações de infinitivo em que ele possa ocorrer (quer ocorra, quer não)<br />

Apenas, em Olivença, temos dois possíveis casos; num deles<br />

ocorre a forma pessoal, noutro, apesar de ser exigível, não:<br />

- Tem que ser ali munto dinhêro, pa ter’s ali uma merda<br />

cagada(A2)<br />

- por a presbítera saúde que tiberõ, i a excelenteza, de ganhar<br />

as eleções as drêtas.(4-B)<br />

O segundo exemplo seria mais claramente um caso de<br />

esquecimento da forma pessoal se a frase tivesse sido disposta na ordem<br />

normal em português padrão: pela presbítera (sic) saúde que tiveram, e a<br />

excelenteza, de as direitas ganhar(em) as eleições. Neste caso é que é<br />

impossível não usar a forma pessoal, a não ser por espanholismo. Mas na<br />

ordem em que a frase se produziu é factível uma interpretação no sentido<br />

de o falante empregar, inicialmente, a forma impessoal (...de ganhar as<br />

eleições) e só depois de emitido este sintagma, lembrar-se de expressar o<br />

sujeito, acrescentando as direitas. Portanto, a frase, sendo indiciária,<br />

também não prova de maneira concludente a perda do infinitivo pessoal se<br />

bem que, contudo, não deixe de ser esclarecedora quanto à decadência, em<br />

Olivença, desta forma pessoal inexistente no espanhol.<br />

55 Realmente não é correcto dizer que o infinitivo pessoal, na primeira e terceira pessoas do singular, não<br />

tenha desinências. Têm desinência zero, daí o sincretismo com a forma impessoal, mas não são formas<br />

equivalentes.<br />

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