OS FALARES FRONTEIRIÇOS DE OLIVENÇA E ... - Além Guadiana
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Em Campo Maior também registei a construção, com a e sem<br />
a:<br />
-I vai buscá-lo q’ando quisere(D)<br />
-Fui a guardar gado(E)<br />
-a procurar três ô quatro homes pra ir a trabayar, i pôs iã a<br />
trabayare(G)<br />
-Foi trabayar aí pra Badajoz (F)<br />
-eu... vô-le dizere: (12-H)<br />
-...depois foi estudar p(a)ra Elvas (H)<br />
- Vô a ser presentado ò Presidente da República, vô a ser<br />
professore(H)<br />
Se compararmos esta expressão com a correspondente<br />
espanhola, ir a mais infinitivo (voy a comer, voy a hablar), parece clara a<br />
influência espanhola, mais uma vez, com maior intensidade em Olivença,<br />
mas também presente em Campo Maior, o que talvez indique ser um dos<br />
castelhanismos anteriores já presentes na linguagem fronteiriça de toda a<br />
zona com antecedência a 1801, castelhanismo que, após essa data, vigorou<br />
ainda mais em Olivença.<br />
(Não) Gostar de<br />
A construção (não)gostar de (infinitivo) pode ser substituída<br />
pela equivalente espanhola gosta-(pronome) (infinitivo), segundo Maria de<br />
Fátima Rezende F. Matias, quer na zona espanhola do seu estudo, onde é<br />
especialmente frequente, quer na portuguesa 57 .<br />
Nos meus informantes oliventinos aparecem exemplos da<br />
construção portuguesa (minoritários) ao lado da construção espanhola:<br />
-i nã gosto munto de recordá-la(A2)<br />
-nã me gostava(A2)<br />
-Ele mesmo le gostava aquela vida(A2)<br />
- E a mim me gosta falar cõ os portugueses (A2)<br />
Em Campo Maior apenas aparece a construção portuguesa:<br />
-Gosto, gosto de cá (D)<br />
-Mê pai gostava munto dos copos (D)<br />
Ter gana de<br />
Maria de Fátima Rezende F. Matias regista esta construção na<br />
zona espanhola e em Juromenha, considerando-a um castelhanismo,<br />
sobretudo se considerarmos a construção espanhola, tener ganas de, frente<br />
à portuguesa ter vontade de...<br />
Registei em Olivença a construção, apenas num caso:<br />
- que passê munto, e já na tenh’gana deles! (A2)<br />
Não a registei em Campo Maior.<br />
57 Cfr. Galego: gústame, non me gusta mais infinitivo. Cfr. Espanhol: me gusta, no me gusta mais<br />
infinitivo.<br />
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