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OS FALARES FRONTEIRIÇOS DE OLIVENÇA E ... - Além Guadiana

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“...só em 1297, pelo tratado de Alcañices, são integradas<br />

no reino de Portugal, Ouguela, Campo Maior e Olivença, até então na<br />

posse de Castela.<br />

Campo Maior ficou, no entanto, fazendo parte do<br />

senhorio de Albuquerque, um dos mais vastos potentados peninsulares<br />

da época(...)<br />

As relações deste senhorio com a Coroa portuguesa, ao<br />

longo do século XIII e princípios do século XIV, foram bastante<br />

estreitas. O segundo D. João Afonso estava ao serviço de Portugal; a<br />

sua dedicação a D. Dinis foi a ponto de lhe legar em testamento de<br />

1304, o castelo de Albuquerque. Ficou assim esta povoação na<br />

dependência de Portugal até cerca de 1330, altura em que o terceiro D.<br />

João Afonso (filho de Afonso Sanches) se pôs ao serviço do rei de<br />

Castela.<br />

Elemento importante para a compreensão das relações<br />

entre o senhorio de Albuquerque e os reis de Portugal é, sem dúvida,<br />

Afonso Sánches, o bastardo preferido de D. Dinis, genro do segundo D.<br />

João Afonso acima mencionado. Será aquele infante que, em Outubro de<br />

1318, vende a seu pai a povoação de Campo Maior “por quince mil<br />

libras da moneda corrente em Portugal”...”<br />

Em Campo Maior não existe qualquer outro falar tradicional<br />

que não seja Português, quer dizer, não há qualquer vestígio do Espanhol<br />

como idioma autóctone. Tal circunstância não quer dizer que o Castelhano<br />

não seja conhecido (activa ou passivamente) por boa parte da população,<br />

mas isto é produto do relacionamento com a Espanha, pela influência do<br />

comércio, da televisão, e nunca como língua própria ou primeira língua.<br />

Ora, existe, sim, no português aí falado, uma tradicional influência<br />

castelhana, menor, em todo o caso, do que a que hoje se sente sobre a<br />

língua portuguesa falada ainda em Olivença 5 .<br />

5 Em Olivença, com efeito, para além duma possível influência castelhana tradicional, possivelmente<br />

anterior à Guerra das Laranjas, explicável pelo contacto fronteiriço com a Espanha, e manifestada em<br />

traços já antigos e documentados também do lado português (como o yeísmo), há uma maciça penetração<br />

de castelhanismos, nomeadamente a partir da segunda metade do século XX, precipitada pela influência<br />

da televisão ou a facilidade de comunicação com zonas de fala castelhana limítrofes, sem que isto<br />

implique, porém, que a seguir a 1801 ficasse totalmente interrompida a relação com as aldeias portuguesa<br />

vizinhas<br />

E é que a pretensa interrupção de relações, que parece sugerir Rezende Matias (Rezende Matias1980-<br />

1986: 189-190 ) talvez não seja tão radical, quer dizer, é certo que as relações começaram a ser mais<br />

estreitas com Espanha, nomeadamente por causa do importante polo comercial, administrativo ou<br />

sanitário que é Badajoz, mas nem por isso deixou de haver relacionamento com Portugal.<br />

Alguns dados que constatei parecem apontar para essa direcção. A esposa do informante B dizia que o<br />

seu pai mandava trazer jornais portugueses que era capaz de ler. Também tive notícia dum casamento ao<br />

que foi convidado o actual Consejero de Saúde da Junta de Extremadura e candidato socialista à<br />

presidência do governo regional, oriundo da comarca de Olivença, aonde assistiram também alguns<br />

familiares portugueses do mesmo.<br />

Alguma das cantigas que me foram cantadas pelos informantes B e C testemunha as relações de Olivença<br />

com Elvas, Alandroal ou Badajoz. Não é possível saber, claro, se esta relação é anterior ou posterior à<br />

Guerra das Laranjas, quer dizer, se são uma prova das relações posteriores que continuaram a existir ou se<br />

são vestígios ou ecos da relação anterior àquela guerra:<br />

Bonita cidade de Elvas,<br />

Que tens Badajoz defronte,<br />

Mais bonito é Alandroale,<br />

4<br />

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