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OS FALARES FRONTEIRIÇOS DE OLIVENÇA E ... - Além Guadiana

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changado, contestar (responder), salada, recorrido, costoso, azeituna,<br />

ruta...<br />

CASTELHANISM<strong>OS</strong> N<strong>OS</strong> INFORMANTES <strong>DE</strong> CAMPO<br />

MAIOR<br />

Foram detectados alguns castelhanismos no falar de Campo<br />

Maior que aparece nas gravações: ganadêro, bilhete (por nota).<br />

Em todo o caso, o número de castelhanismos é sensivelmente<br />

menor do que em Olivença.<br />

Conclusão<br />

a)Olivença<br />

Da mostra vista podemos tirar alguma conclusão:<br />

-O léxico tradicional português resiste melhor nos campos<br />

mais cingidos à vida tradicional e rural.<br />

-Há uma tendência para o esquecimento do termo português<br />

autóctone e para a sua substituição pelo correspondente espanhol, quer<br />

dizer, o conhecimento da palavra portuguesa é cada vez mais passivo, isto<br />

é, conhecem o vocábulo, reconhecem terem-no empregado no passado, mas<br />

já não o usam ou, mesmo, já não o conseguem lembrar se lhes não for<br />

recordado ou se não receberem alguma “ajuda” (papel que com frequência<br />

fazia a filha do informante B que, pelos seus conhecimentos de português<br />

padrão, é mais consciente do processo substitutivo e da subsistência mais<br />

ou menos residual da palavra portuguesa)<br />

-A língua portuguesa é sempre associada ao passado e ao<br />

antigo, por sua vez associado à carência, à necessidade, e mesmo à fome, a<br />

um passado que não se quer lembrar (não gosto munto de recordá-lo (A2)<br />

O espanhol é associado ao presente, ao futuro, à abundância e à<br />

prosperidade. Como eles próprios afirmam passámos duma a outra<br />

tradição e agora custa-nos voltar à antigua.<br />

b)Campo Maior<br />

A situação é radicalmente diferente. Os castelhanismos são<br />

esporádicos (ganadero, bilhete, desgrácia...), mas não deixam de estar<br />

presentes no falar de Campo Maior. Porém, dos castelhanismos esperáveis<br />

(cangrejo, galheta, polito...) só apareceu polito.<br />

Em todo o caso, a situação socio-linguística da língua<br />

portuguesa em Olivença explica perfeitamente a forte presença de<br />

castelhanismos numa zona onde a língua oficial, de cultura, de prestígio, é<br />

a castelhana. A língua portuguesa sofre aqui um processo assimilatório que<br />

foi acentuado a partir da década de cinquenta e que seria a mais grave<br />

ameaça para a sua sobrevivência, se não fosse porque há um outro processo<br />

ainda mais ameaçante para ela, concretizado na substituição linguística<br />

directa do português pelo espanhol, praticamente já irreversível nas novas<br />

gerações.<br />

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