OS FALARES FRONTEIRIÇOS DE OLIVENÇA E ... - Além Guadiana
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Sonorização de [k]<br />
Só apareceu um caso assim em Campo Maior, no informante<br />
E, em que a palavra política passa para polítiga:<br />
- Pense que esta polítiga...ô a polítiga modifica(E)<br />
Pronúncia africada de ch<br />
Este fenómeno próprio dos dialectos setentrionais portugueses<br />
foi detectado por Leite de Vasconcelos em zonas alentejanas limítrofes<br />
com a Beira Baixa, como Tolosa (Nisa), em palavras como cachopa, chove,<br />
chuva.<br />
Apenas num caso pude registar o fenómeno, (aliás, insólito na<br />
região) no informante H: lembremos que apesar de morar há muitos anos<br />
em Campo Maior, é originário de Fronteira, zona, por outro lado, bastante<br />
distante do concelho de Nisa onde Vasconcelos a registou. Portanto, só se<br />
explica, a meu ver, de três maneiras:<br />
-o ch africado podia chegar residualmente a outros concelhos<br />
do Alto Alentejo, não apenas a Nisa...<br />
-A família paterna ou materna do informante procedia de<br />
zonas mais a Norte, e traziam esse traço no seu falar.<br />
-Trata-se duma cantiga, que talvez o informante tenha<br />
aprendido assim de alguém que falava com essa pronúncia.<br />
-É simples confusão do falante.<br />
- Esta carta qu’ há-d’ tchegare (12-H)<br />
a-5)Castelhanismos fonéticos no português de Olivença e<br />
Campo Maior<br />
Para além dos traços examinados há outros atribuíveis<br />
claramente à influência castelhana, alguns deles talvez anteriores à época<br />
espanhola.<br />
A pronúncia africada de ch [tch]<br />
É um fenómeno típico do Norte de Portugal e dalgumas zonas<br />
do centro (Cintra 1995: 160-161), que podemos atribuir mais a arcaísmo ou<br />
dialectalismo do que a castelhanismo, pois a origem desta africada nada<br />
tem a ver com o espanhol. Como tal fenómeno, não aparece nunca nos<br />
falares oliventinos.<br />
Porém, coisa distinta é o seu emprego, em Olivença, em<br />
empréstimos procedentes do castelhano e que têm este som. Aqui é que<br />
seria espanholismo que pude comprovar, uma vez por outra, nas minhas<br />
gravações, nalguma palavra de origem castelhana como é o caso de coche,<br />
ancho, chascarriyo, etc; nos informantes A1 e A2.<br />
Em Campo Maior não registei nenhum caso neste sentido.<br />
O yeísmo<br />
Quando falamos de yeísmo, estamos a empregar a<br />
terminologia dialectal espanhola, que assim denomina à deslateralização do<br />
som palatal lateral representado em português por lh, em espanhol por ll.<br />
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