OS FALARES FRONTEIRIÇOS DE OLIVENÇA E ... - Além Guadiana
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-Mê pai arranjô um’ amante(F)<br />
-Minha mãe morreu, ê tinha cinco anos...(H)<br />
Quando o ditongo é com vogal e aberta (Ew) a vogal produto<br />
da monoptongação fica aberta. Ao menos assim acontece no único exemplo<br />
registado no informante H:<br />
-uso chapé à espanhola...(12-H)<br />
Registei um caso excepcional, que parece mais uma confusão<br />
individual da informante, em que a ditongação é em –ei 15 :<br />
-mas depois o mêi pai, agarrô ôtra vida (11-G)<br />
Concluindo, e quanto aos três ditongos vistos, das gravações<br />
examinadas podemos deduzir que a monoptongação é traço geral, sem<br />
excepção, no caso de ou [ô], quase geral, com excepções e com a<br />
subsistência quase imperceptível de um vestígio do segundo elemento<br />
vocálico no caso de êi [ê]; e quanto ao ditongo eu a monoptongação é<br />
frequente ê, mas também a subsistência, quase sempre muito relaxada, do<br />
segundo elemento vocálico, aqui também semivocálico [w]. Não existem,<br />
pois, diferenças entre Olivença e Campo Maior neste ponto.<br />
Ainda, em Olivença, como em Campo Maior, acerca do<br />
ditongo êi, nos poucos casos em que ele é conservado, verifica-se que o e é<br />
sempre fechado, sem qualquer tendência dissimilatória semelhante à<br />
existente, por exemplo, no português lisboeta e padrão. A conservação do<br />
timbre fechado etimológico da vogal ê é um traço conservador ou<br />
arcaizante.<br />
Não se verifica, pois, em Olivença, como também não em<br />
Campo Maior, segundo resulta dos informantes examinados, o que assinala<br />
Lindley Cintra para as zonas de conservação do ditongo em Portugal<br />
(Cintra 1995: 42):<br />
“...O número e a natureza das variantes são bastante<br />
maiores no caso do ditongo ou do que no ditongo ei. Quanto a este<br />
último, apenas há a assinalar que, em toda a zona do norte e do centro<br />
de Portugal em que ele se mantém, é mais frequente encontrá-lo<br />
realizado na forma [αj], que apresenta em Lisboa, ou pelo menos nas<br />
formas /ej/, com e aberto ou [ej], com e médio, do que na forma [ej] com<br />
[e] fechado...”<br />
Monoptongação de au em a<br />
Leite de Vasconcelos assinala também este traço registado por<br />
Leite de Vasconcelos, entre outros lugares, em Tolosa (Nisa), Elvas,<br />
Alandroal, Grândola, em termos como pâ, mâ, âmento, flâta<br />
É fenómeno não presente nos informadores oliventinos que<br />
tive ocasião de entrevistar. Também não se regista nas gravações de Campo<br />
Maior. Apenas num caso em que o informante D (Campo Maior) pronúncia<br />
15 Ela é ditongação típica das falas de Xálima, por exemplo.<br />
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