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OS FALARES FRONTEIRIÇOS DE OLIVENÇA E ... - Além Guadiana

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Também registei algum caso de orações com infinitivo em que<br />

parece ocorrer a forma pessoal embora, por se tratar da primeira pessoa de<br />

singular, não seja possível diferenciar, formalmente, entre ela e a forma<br />

impessoal:<br />

-Tomara ê ter os filhos como vom’cê os tem (A2)<br />

-Tomara poder falar co senhor como falo cõ vom’cê(A2)<br />

Em todo o caso, a informante optou pela oração de infinitivo,<br />

quando podia ter usado uma oração pessoal com que, do tipo tomara que<br />

eu tivesse os filhos..., tomara que eu pudesse falar co senhor como... Em<br />

português padrão, sem dúvida, falaríamos de infinitivo pessoal em primeira<br />

pessoa, aqui não é possível sabermos se a informante está a empregar a<br />

forma pessoal ou, por já ter perdido este traço por castelhanização, está a<br />

empregar, sem mais, a forma impessoal por ser a única que conhece.<br />

Outras vezes aparece a construção com que numa oração com<br />

verbo em forma pessoal, em lugar da oração de infinitivo:<br />

-pa que vom’cê m’entenda(A2)<br />

A minha impressão geral é, dos exemplos assinalados e do que<br />

posso lembrar sobre o português de Olivença, que a forma pessoal do<br />

infinitivo não tem muita vitalidade o que, sem dúvida, caso seja certo, pode<br />

atribuir-se à influência do espanhol.<br />

Neste sentido, Manuel Jesús Sánchez (Sánchez 2006) afirma<br />

que<br />

“...pouco se usa já o infinito pessoal português, por não<br />

existir em espanhol”(...) “Em espanhol oliventino existe uma construção<br />

que lembra o infinito pessoal português (que, todavia, quase se perdeu no<br />

português oliventino, como já se disse). Díselo para él saberlo (do port.<br />

Diz-lho para ele o saber), esp. padrão Díselo para que lo sepa”.<br />

Nas gravações de Campo Maior ocorre sempre o infinitivo<br />

pessoal, mas não existe nenhum caso em que, podendo ou devendo ocorrer,<br />

não ocorra:<br />

- Fizerõ uma praça pròs carros estacionarẽ ali(D)<br />

- Só ẽ casa, i a brincarmos, na rua, i a cantarmos, i a<br />

bailarmos as raparigas umas cas ôtras...(G)<br />

- buracos na rua, pra porẽ os paus (G)<br />

-...a cantarẽ as saias (F)<br />

- Corriã a vila toda a cantarẽ à porta do patrão (F)<br />

- Qu’ era, amor, ser’s-m’leale(12-H)<br />

g)Verbos reflexos<br />

Assinala Maria de Fátima Rezende F. Matias a tendência para<br />

a reflexivação dalguns verbos que existe na linguagem popular portuguesa<br />

e que ela diz ter ouvido em vários pontos do país, em exemplos como<br />

morreu-se, arreceou-se. Mesmo assim, aduz a mesma autora, a intensidade<br />

com que o facto se verifica nalgumas das povoações que ela estuda faz<br />

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