OS FALARES FRONTEIRIÇOS DE OLIVENÇA E ... - Além Guadiana
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Isto determina que Olivença e Campo Maior partilhem,<br />
também, um primeiro super-estrato de influência castelhana que mais ou<br />
menos opera, desigualmente, em todas as povoações fronteiriças, mas que,<br />
a julgar pelos traços encontrados, nas duas vilas que estudamos terá sido<br />
mais intensa do que noutras povoações portuguesas da raia. Contudo, este<br />
influxo espanhol, anterior a 1801, parece relativamente moderno, pois os<br />
traços castelhanizadores são próprios de um espanhol meridional moderno.<br />
Ora, as diferenças de toda a ordem começam em 1801, com a<br />
incorporação de Olivença à coroa espanhola. Podemos sintetizá-las assim:<br />
a)Em Olivença opera como língua de nível culto, prestigiante,<br />
a língua castelhana, o que, por sua vez, traz três consequências:<br />
-Progressiva substituição do português pelo castelhano, com a<br />
ruptura de geração que ocorre a partir dos anos 40 e 50 do século XX.<br />
-Penetração maciça de castelhanismos, especialmente<br />
fonéticos, léxicos e gramaticais.<br />
-Ausência dum padrão culto em língua portuguesa que<br />
nivelasse ou, por melhor dizer, apagasse os traços dialectais próprios do<br />
português alentejano que aqui ocorriam.<br />
O resultado é um português mais dialectal e mais<br />
espanholizado.<br />
b)Em Campo Maior opera como língua de nível culto o<br />
português padrão de Lisboa o que, por sua vez, traz três consequências<br />
contrárias às anteriores:<br />
-Não existe substituição do português pelo castelhano.<br />
-Não existe uma penetração maciça de castelhanismos, para<br />
além dos que já existiam por influência fronteiriça.<br />
-Presença do padrão culto de Lisboa, que apaga os traços<br />
dialectais, sem os fazer desaparecer por completo.<br />
O resultado é um português menos dialectal e menos<br />
espanholizado.<br />
Graficamente podíamos comparar os traços conformadores de<br />
ambos os falares com estratos ou camadas de influências, de que<br />
distinguiríamos três:<br />
a)Traços definidores do português alentejano, que seria a<br />
camada originária, comum às duas comarcas, correspondente ao período<br />
1297-1801)<br />
Aqui entrariam todos os traços que, sendo comuns a Olivença<br />
e Campo Maior, são também comuns com o português do Alentejo:<br />
Fonéticos: principalmente as monoptongações mais<br />
inovadoras (de ei, ou, eu) ou mais conservadoras (de –em e -am), timbre<br />
das vogais (átonas e tónicas), paragoge (em –e ou em –i), conservação do<br />
timbre fechado do ê nas terminações –êlho, -êlha, -ênho, -ênha, -êjo, -êja,<br />
etc.<br />
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