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OS FALARES FRONTEIRIÇOS DE OLIVENÇA E ... - Além Guadiana

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Por cima deste português local, tamisado pela influência<br />

linguística da vizinha Espanha, existe em Campo Maior o português da<br />

escola, dos média, da administração, que actua sobre as camadas mais<br />

novas da população, mais permeáveis à penetração do padrão de Lisboa.<br />

A respeito de Campo Maior, pois, irei centrar-me no falar<br />

tradicional, quer dizer, no português falado localmente não influenciado<br />

(ou não totalmente influído) por este super-estrato da língua oficial<br />

portuguesa. Por esta razão, também aqui terei de recorrer às pessoas mais<br />

idosas que sempre são as que melhor conservam este falar tradicional.<br />

Quanto ao porquê de comparar o falar oliventino com o<br />

campomaiorense, tenho de dizer que inicialmente apenas me propunha<br />

fazer um estudo sobre o falar de Olivença. Porém, chamou poderosamente<br />

a minha atenção o facto, constatado por informações de pessoas oliventinas<br />

que conhecem o falar tradicional português da sua comarca, de existir no<br />

falante português de Olivença a sensação de ser o de Campo Maior o que,<br />

dentro do português de Portugal, mais lhes lembrava o deles. Como isto<br />

tinha a sua lógica, dada a peculiar história de Campo Maior como povoação<br />

fronteiriça especialmente relacionada com a espanhola comarca de<br />

Alburquerque, pensei que podia ser interessante comparar ambos<br />

subdialectos e procurar os porquês desta sensação intuitiva dos oliventinos<br />

a respeito da sua proximidade com o português de Campo Maior,<br />

explicável talvez pela peculiar situação fronteiriça de ambas as povoações.<br />

2.-Objectivos<br />

Assim precisados os conceitos de falar tradicional português<br />

numa e noutra comarca, podemos definir os objectivos deste estudo<br />

experimental, que assim denomino por se basear numa pequena mostra de<br />

informantes e de traços linguísticos e que, por isto mesmo, fica muito longe<br />

duma verdadeira monografia dialectal:<br />

-Comprovar a presença nas localidades estudadas de uma<br />

selecção de traços típicos do português alentejano 6 , bem como a<br />

preponderância de uns ou outros, arcaizantes ou inovadores, em cada uma<br />

das zonas estudadas.<br />

-Encontrar possíveis afinidades e diferenças entre os dois<br />

falares, explicáveis pela sua história, em parte comum e em parte diferente.<br />

-Comprovar a desigual influência castelhana em cada uma<br />

destas modalidades linguísticas, explicável pela história, com especial<br />

incidência no léxico, mas também na fonética e na morfo-sintaxe.<br />

Onde o mê amor se esconde.<br />

Deveu continuar a existir relação entre Vila Real e Juromenha, por exemplo. Prova disto é a facilidade<br />

com que, antes da construção da barragem de Alqueva, se podia atravessar o <strong>Guadiana</strong> no verão, quando<br />

este rio vai quase seco. Também o dito popular sobre Juromenha, Em Juromenha, quem não enrica<br />

emprenha, que me referiu o informante C e que também ouvi de outros oliventinos.<br />

Também o informante B fala (texto 3) de Elvas, concretamente da sua fêra, que parece conhecer bem.<br />

6 Vid. Nota 1.<br />

5<br />

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