o conceito de stato em maquiavel - Unioeste
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termo <strong>stato</strong>, com o qual nos ocupamos neste trabalho, não constitui uma novida<strong>de</strong> se<br />
consi<strong>de</strong>rarmos as investigações já realizadas a respeito <strong>de</strong>sse assunto, mas se consi<strong>de</strong>rarmos o<br />
t<strong>em</strong>po a partir do qual tal questão v<strong>em</strong> sendo tratada po<strong>de</strong>mos dizer que estamos, sim, diante<br />
<strong>de</strong> uma nova t<strong>em</strong>ática. Do que tiv<strong>em</strong>os conhecimento até agora, foi apenas no século XX que<br />
os estudiosos <strong>de</strong> seu pensamento passaram a <strong>de</strong>dicar-se à análise da significação do termo<br />
<strong>stato</strong> nos escritos do pensador italiano e, a partir <strong>de</strong> então, muitas foram as i<strong>de</strong>ias e as<br />
conclusões expostas ao probl<strong>em</strong>a. Dentre tais posições, dois pontos guiaram nossa<br />
investigação: o uso polissêmico que Maquiavel faz do termo e a possível correspondência<br />
entre lo <strong>stato</strong> e o Estado Mo<strong>de</strong>rno. Para respon<strong>de</strong>r à segunda questão foi necessário que<br />
pensáss<strong>em</strong>os primeiro os usos do termo <strong>stato</strong>, na busca pela compreensão do sentido da<br />
palavra nas obras <strong>de</strong> Maquiavel e, <strong>em</strong> seguida, foi necessário investigar o significado<br />
mo<strong>de</strong>rno que a palavra comporta, a fim <strong>de</strong> obter condições para um posicionamento quanto à<br />
t<strong>em</strong>ática proposta.<br />
O termo <strong>stato</strong> é, s<strong>em</strong> dúvida, fundamental na teoria política <strong>de</strong> Maquiavel, já que é <strong>em</strong><br />
torno <strong>de</strong>le que o autor <strong>de</strong>screve o modo como ação política é <strong>de</strong>senvolvida. Além disto, a<br />
<strong>de</strong>claração que Maquiavel faz a Vettori <strong>de</strong> que passara quinze anos <strong>de</strong>dicando-se à arte do<br />
<strong>stato</strong> só nos faz pensar que, para melhor compreen<strong>de</strong>r sua teoria política, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os voltar<br />
nossa atenção ao sentido que <strong>stato</strong> comporta <strong>em</strong> sua obra. Não po<strong>de</strong>mos negar que <strong>stato</strong> é um<br />
termo complexo e polissêmico. Maquiavel <strong>de</strong> fato se vale <strong>de</strong>le <strong>de</strong> modos variados, o que não<br />
nos permite pensá-lo a partir <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição única e precisa. Em algumas ocorrências, seu<br />
uso po<strong>de</strong>ria muito b<strong>em</strong> ser substituído por outros termos s<strong>em</strong> acarretar prejuízo ao texto. É o<br />
que ocorre <strong>em</strong> passagens <strong>em</strong> que, ao invés <strong>de</strong> <strong>stato</strong>, Maquiavel po<strong>de</strong>ria ter utilizado palavras<br />
como: po<strong>de</strong>r, governo, regime, território; visto que, no contexto, o autor parece referir-se<br />
mesmo a tais coisas. Em certos outros momentos o autor opta, porém, pelo uso do termo <strong>stato</strong><br />
e não por qualquer outro que pareça correspon<strong>de</strong>r a ele. Acreditamos que ele não o faz<br />
aleatoriamente, mas por algum motivo que requeira tal <strong>em</strong>prego. Apesar <strong>de</strong> possuir vários<br />
sentidos, o <strong>stato</strong> não é utilizado por Maquiavel n<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma incoerente, n<strong>em</strong> <strong>de</strong> modo<br />
fragmentado. Ao contrário disso, compartilhamos da posição <strong>de</strong> Zancarini <strong>de</strong> que a<br />
pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significados constitui-se <strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos que, se não <strong>de</strong>fin<strong>em</strong>, pelo menos<br />
<strong>de</strong>screv<strong>em</strong> o <strong>stato</strong> <strong>em</strong> toda sua complexida<strong>de</strong>. Compreen<strong>de</strong>mos que um bom modo <strong>de</strong> pensar<br />
esse objeto complexo é pensá-lo a partir <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sentido e essas só po<strong>de</strong>m ser<br />
compreendidas se consi<strong>de</strong>radas as ocorrências <strong>de</strong> <strong>stato</strong> no conjunto da obra. Ao invés <strong>de</strong><br />
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